Confira perfil do versátil Renato Fechine

Ator faz de tudo um pouco: canta, compõe e atua

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  • Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2010 às 12:47

- Atualizado há um ano

Camila Botto | Redação CORREIO

Se você já dançou ou ao menos ouviu esses versos: “ Passa negão / Passa loirinha / Quero ver você passar / Por debaixo da cordinha... ”, você, com certeza, conhece Renato Fechine Pimentel, 43 anos. Duvida? Fechine compôs dez músicas para o grupo É o Tchan, que estourou no país nos anos 90 e vendeu 15 milhões de discos.

“Ganhei muito dinheiro na época, fiz minha vida com o Tchan”, conta ele, que compôs, além da Dança da Cordinha, sucessos como A Nova Loira do Tchan, Lamba Tchan, Rasta Chinelo e Tempero do Amor.

Paraibano de Campina Grande e radicado em Salvador desde 1981, Fechine iniciou a carreira aos 12 anos tocando guitarra. “Veja você, comecei sendo guitarrista e virei palhaço”, afirma o artista, que mora em uma bela casa de dois andares em Ipitanga, no município de Lauro de Freitas.

PIORZINHO Além das composições para o É o Tchan, Fechine escreveu também para o Asa de Águia - Prometo te Esperar (1996) e Da Cama Pro Computador (1997) - e fez Coração de Timbaleiro (1998) para a Eva, quando a banda ainda era liderado por Ivete Sangalo. Renato Fechine, que além de compositor também é cantor, humorista e mais recentemente ator (na peça Os Cafajestes), subiu em um trio elétrico pela primeira vez com a banda Salamandras, quando tinha 13 anos.

Depois, dividiu o palco com os primeiros artistas da axé music. Entre eles, Sarajane, Ricardo Chaves e Luiz Caldas. Apesar dos hits na cena axé music, Fechine, curiosamente, se firmou cantando forró e tem dez discos gravados. O último, Amigos do Forró (2008), contou com participação especial de artistas como Ivete Sangalo, Durval Lelys e Flávio José.

“O piorzinho sou eu”,brinca. “Na música é complicado, poucos artistas conseguem um lugar ao sol, portanto, eu tive que diversificar”, conta. A música gravada por ele que teve maior repercussão foi Bebe Negão, do álbum Folia e Fuleragem (2003). FAMÍLIA Fechine está sempre fazendo chacota de tudo e todos. Durante a entrevista, não parou de fazer piada: “Sempre fui assim e minha filha caçula está seguindo os mesmos passos”. O artista tem duas filhas. A mais velha, Amanda, 24 anos, é advogada. A caçula, Renata, está com 8 anos. “Só fiz o que eu gosto: mulher”, diz o humorista, que atualmente está em cartaz de sexta a domingo no Teatro Módulo com a remontagem do musical Os Cafajestes, dirigido por Fernando Guerreiro com texto de Aninha Franco. Ele interpreta Onório, um advogado que constantemente é traído por suas mulheres, e desde novembro divide o palco com os atores Rafael Medrado, 23 anos, e Daniel Rabelo, 29; e com o músico Marcelo Timbó, 33. TEATROO convite partiu de Guerreiro e Fechine aceito una hora:“Eu já o conhecia e há algum tempo a gente namorava a ideia, mas não existia um texto. Até que ele resolveu remontar os Cafajestes. Passei o texto de um dia para o outro e ganhei o papel”.

O artista garante que fazer teatro é muito mais difícil do que cantar. “No show, apesar de ter mais gente, todo mundo está bêbado, produção bêbada, artista bêbado, público também... No teatro não, as pessoas ficam quietas prestando atenção no que você está dizendo”, explica Fechine, que confessa ter se apaixonado pelo teatro devido a sua organização.

O mais difícil para Fechine foram os ensaios. “Hoje, não ensaiamos mais, mas no começo era difícil, os caras todos novos, no corpo ideal e o gordinho aqui sofria para acompanhar”, conta, aos risos. Para quem ainda não teve oportunidade de assistir, Os Cafajestes fica em cartaz até 31 de outubro. HUMORAntes dos Cafajestes, Renato Fechine já havia criado os personagens Embaixador da Paz, Paulo e a travesti Syrlei. De acordo com ele, foram brincadeiras que deram certo. Considerado um bom humorista, ele declara ser fã de Chico Anysio e Tom Cavalcante. Na música, admira a banda inglesa de rock Queen e o rei do baião Luiz Gonzaga (1912-1989): “Gosto muito de rock e forró, bem parecidos, né?”.Quando Fechine volta a falar sobre suas composições, passa um avião e ele brinca: “Olha meu motorista chegando, vai pousar daqui a pouco”. O humorista admite que não sabe precisar quantas músicas escreveu durante todos esses anos, mas sua preferida é Se Der, parceria com o forrozeiro Flávio José.

“Não tenho método para compor, mas uma coisa eu digo, pior coisa é fazer música bêbado, só sai besteira”, diz. Com esse jeitão, é natural que ele, apesar de estar solteiro, se defina afetivamente como um “enrolado com todas o tempo inteiro”. SALVADORO paraibano gordinho, que gosta de andar de moto, a cavalo e pescar, afirma que não pretende se mudar da cidade que adotou há29anos, apesar de não estar satisfeito com a atual situação de Salvador: “Infelizmente, de uns tempos para cá, ando preocupado com o descaso das autoridades baianas com relação ao trânsito e à violência”.

No cenário musical, Renato Fechine acredita que a música baiana precisa de uma renovação. “São sempre os mesmos porque música é caro, então, os novos artistas não conseguem competir com os nomes já consagrados”, diz. E aproveita para atacar a pirataria: “Antes, eu vivia de música sendo compositor. Hoje em dia, quem não canta morre de fome, pois o que dá dinheiro é fazer show".

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