Confirmação de casos de febre amarela em Salvador reforça ações contra a doença

Infectologista do Hapvida afirma que a doença pode ser prevenida eliminando o Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença

Publicado em 29 de março de 2017 às 16:25

- Atualizado há um ano

Após a confirmação de casos de febre amarela em quatro macacos, nos bairros da Vila Laura, Paripe e Itaigara, em Salvador, profissionais da saúde reforçam o processo de vacinação contra o vírus da doença na região. Cerca de 400 mil doses extras da vacina foram liberadas nesta quarta-feira (29), a fim de imunizar os indivíduos que não possuem duas doses registradas no cartão de vacinação. No total, serão disponibilizadas 2 milhões de doses para atingir a cobertura vacinal de 100% da população que ainda não está imunizada.

O infectologista do Hapvida Alfredo Passalacqua, explica que, apesar do surto da doença ser preocupante, a doença pode ser prevenida pela eliminação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. “Como a transmissão urbana da febre amarela só é possível através da picada do mosquito, a prevenção da doença deve ser feita evitando sua disseminação. Além disso, devem ser tomadas medidas como a vacinação principalmente para aqueles que moram ou vão viajar para áreas com indícios da doença, e usos de repelentes”, destaca o médico.

Passalacqua explica que a infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela (ou tenha sido imunizado contra ela) é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. “Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra, mas expõe todo o meio à doença”, esclarece o infectologista. O infectologista afirma que geralmente, quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou, quando aparecem, são muito fracos. “As primeiras manifestações da doença apresentam-se com febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça e muscular. Apresentam também náuseas e vômitos por cerca de três dias e, em sua forma mais grave, após um pequeno período de melhora, reaparecem sintomas de quadros de insuficiências hepática e renal, olhos e pele amarelados (icterícia) e manifestações hemorrágicas”, detalha Passalacqua.

Atendimento médico é fundamental – O tratamento para febre amarela deve ser orientado por especialistas para monitorar as funções hepáticas e buscando aliviar corretamente os sintomas da doença. “Quando a doença é detectada rapidamente, o tempo de recuperação do paciente costuma ser rápido e a recuperação completa. Os casos mais graves, com cerca de duas semanas de recuperação, relacionam-se com quadros de astenia ou outras complicações devida a baixa imunidade. Por isso é tão importante que, ao apresentar os primeiros sintomas, seja procurado atendimento médico”, reforça o infectologista. Podem ocorrer formas atípicas fulminantes, levando à morte precoce em 24 a 72 horas após o início da doença.

Casos no estado - Na Bahia, em 2017, até o dia 28 de março, foram notificados 16 casos suspeitos em humanos de Febre Amarela em 08 municípios. São eles: Coribe (4), Feira de Santana (1), Ilhéus (1); Itamaraju (2), Itiúba (1), Mucuri (1), Nova Viçosa (1), Teixeira de Freitas (3) e 2 casos com pessoas residentes no estado de Alagoas (que passaram por vários locais na Bahia). Destes, sete casos foram descartados laboratorialmente (Coribe - 4; Mucuri – 1; Teixeira de Freitas – 2) e nove casos permanecem em investigação, aguardando resultados laboratoriais. Desde o início do ano, o estado determinou desde janeiro um bloqueio vacinal nas regiões Oeste, Extremo Sul e Sudoeste do estado, decorrente da situação epidemiológica da febre amarela no país, que já contabiliza óbitos nos estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, incluindo regiões que fazem divisa com a Bahia.