Conheça a Smurfette do café baiano

Única mestra de torra da Bahia, a barista Karla Lima ensina o que você precisa saber para fazer um ótimo café em casa e, de quebra, dá receita de bolo

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  • Doris Miranda

Publicado em 6 de outubro de 2019 às 05:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: foto de Marina Silva

Sabe aquele café, bem pretinho e forte, que a gente toma toda hora no Brasil? Pois é, de acordo com a barista e mestra de torra Karla Lima, 41, está errado. Antes de qualquer coisa, se ligue na cor: café bom não é preto, é marrom. Se o pó/líquido ficou preto é porque o grão queimou no processo de torra - em geral, de forma proposital pra esconder os defeitos do produto. E o resultado disso afeta diretamente o sabor, deixando a bebida muita amarga e um gosto residual de queimado na boca.

À frente da torra do Café dos Três, Karla diz que, de acordo com a técnica aplicada na torra, o grão pode resultar numa bebida com nuances bem diferentes das citadas acima. Por isso, é tão importante se preocupar com a procedência dos grãos e forma como é feita a colheita.

No caso de Karla, que vende na lojinha da marca da Pituba, através de pronta-entrega e em diversas padarias da cidade, os grãos que consome vêm de produção familiar, com colheita seletiva e totalmente manual. Claro que isso incrementa o valor (pacotes de 250 gramas variam de R$ 16,60 a R$ 27). "Os meninos dizem que sou a Smurfette do café. Não me incomda nadinha, sou loura, linda, exclusiva. Eles usam isso pra incomodar, mas não incomoda em nada" - Karla Lima, mestra de torraEstá achando caro? Lhe garanto que vale o luxo de vez em quando. Na lojinha do Café dos Três, onde acontece  a torra e a moagem, o aroma é espetacular. É café, claro, mas com  uma ‘maciez’ que lembra chocolate. E o líquido tem uma doçura impensável, mesmo sem açúcar. “Meus cafés são muito doces, é uma caracteristica minha”, explica Karla, que é a única mulher à frente de uma torra na Bahia - no Brasil inteiro são apenas 40. “Os meninos dizem que sou a Smurfette do café. Eles usam isso pra incomodar, mas não me incomoda em nada. O que existe ainda é muito machismo no meio”, completa.

A relação de Karla com o café começou na infância, em Natal, onde nasceu. “O cheiro era muito frequente em casa, minha avó tomava muito café o tempo todo e ela torrava num tacho e pilava num pilão de madeira” relembra. O gosto lhe acompanhou na vida, até que, saída de um longo emprego, resolveu levar o café a sério e estudar aspectos mais específicos,  como o terroir: “Como na produção de vinhos, o terroir influencia diretamente no sabor do café. Na  altitude, por exemplo, a planta diminui o metabolismo e isso faz que desenvolva açúcares complexos”. A cor do bom café é marrom, se for preto é porque o grão queimou (foto de Marina Silva) No mercado - Será que dá para se garantir com o café do supermercado? Claro que sim. Mas observando algumas coisas. Primeiro: repare se a embalagem apresenta o endereço da torra. “Se não tem contato, desconfie do produto. Outra garantia é se o grão for do tipo arábico”, ensina Karla. Outra coisa, observe o padrão do pó: se tiver grânulos esbranquiçados saiba que tem muita coisa (de milho a palha) misturada. “Como a impureza não torra, ela queima, o gosto que fica na boca é o amargo”, diz a barista.

Por fim, observe se o pó é preto. Se for, passe adiante. O ideal é que seja marrom e que o líquido coado siga neste padrão. Um extra: nunca ferva a água para coar o café. Isso oxida até o grão mais maravilhoso do mundo. O certo é deligar o fogo quando começarem a subir aquelas bolhinas do fundo da panela. E açúcar pode botar? “Isso é decisão de quem vai beber. Costumo dizer que para cada boca tem um café. Café bom é o café bom para você”, resume.

Vai lá: Café dos Três tem uma lojinha na Rua das Dálias, 31, pituba  e o telefone pra contato é 71/99106-7444;  no insta: @cafedos3

Bolo de banana com café

Ingredientes 4 bananas nanicas grandes e bem maduras | 1 xícara (chá) de farinha de rosca | 1 xícara (chá) de açúcar/ 4 ovos | 3/4 de xícara (chá) de óleo de girassol ou de milho | 100 g de castanha-do- pará picadas | 1 colher (sopa) do Café dos 3 - Tria  em pó |  1 colher (sobremesa) de fermento 

Preparo No liquidificador, bata as bananas como os ovos e o óleo. Quando estiver homogêneo, acrescente a farinha, o açúcar e o café, batendo sempre. Depois, em uma vasilha, adicione a castanha e o fermento à massa, misturando delicadamente. Asse em forma untada em forno a 180ºC por aproximadamente 40min ou até espetar um palito e sair limpo.