Conheça Martinha, a vendedora mais gaiata do Porto da Barra

Ela brinca, berra, canta e arrasa nas areias da praia

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  • Rafaela Fleur

Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 08:00

- Atualizado há um ano

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Impossível passar uma tarde no Porto da Barra sem escutar: “Eu tenho abará temperado, purê de aipim com carne do sol e calabreeeesaaaa”! Geralmente, o anúncio é precedido de um “psiu, psiu, psiu” com o “s” bem pronunciado. E seguido de um “com a pimentinha muack, muack, muack (onomatopeia de estalar dos lábios) descaradinha”. Essa última parte acompanhada de movimentos pélvicos ritmados da vendedora ambulante Marta Cristina Pereira, conhecida como Martinha, que há nove anos vende suas delícias na praia. 

Quem der dois dedos de ousadia ou uma latinha de cerveja ainda ouve os versinhos: “Eu tomo a Schin, as Schin vier! A Skol, a skol quer uma! As que me der e as que eu quiser!”(e tome-lhe mais onomatopeia e movimentos pélvicos). 

Quem vê o escracho nas areias nem imagina que ela sonha em comemorar o  aniversário de vestido rosa, estilo bailarina, com sapatilha. Na festa vai ter valsa. E os convidados receberão convite com laço dourado e vão ganhar lembrancinha. Tipo festa de 15 anos. Exceto por uma razão: a debutante vai fazer 50. E um detalhe: “Sonho não, é plano”. Ela garante o acontecimento para janeiro de 2019. “Vou fechar a Bahia”, promete. 

Não duvide. A soteropolitana não é mulher de abandonar planos. Responsável por cada tijolo de sua casa própria, na Liberdade, ela se orgulha de tudo que conquistou - incluindo o maridão Edvaldo Nascimento. Além de vendedora, ela diz que já desempenhou outras três funções na vida: foi coordenadora de caixa da Off Club, boate LGBT que ficava na Barra, por 6 anos, motorista de condução escolar por 4 e amante por 20. “Eu escreveria um livro. Ele me abandonou, mas não perdi nada. Só ganhei”, comenta. 

A felicidade na cara aumenta no assunto favorito, que tem nome, sobrenome e, segundo ela, é o homem mais lindo de Salvador: João Philipe, 21, seu filho. Estudante de Jornalismo, o rapaz fez curso de inglês e estudou em escola particular, tudo por conta dela. “O pai ajuda financeiramente, não posso negar. Mas é só isso”, garante. 

Apesar de amar o Porto, ela quer montar um bar itinerante num carro e rodar a cidade. Vai ter Psirico bem alto, ela é fã. Martinha também quer que todo mundo prove sua lasanha de camarão, “a melhor do estado”. Até lá, foco nos escondidinhos e abarás: a festa de 50 anos está chegando. “Vou estar toda trabalhada na elegância. Pode escrever isso aí, viu?”