Conheça os dez melhores lançamentos da música baiana

Não acompanhou a produtiva safra musical de 2017? O CORREIO te dá mais uma chance...

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  • Laura Fernades

Publicado em 6 de janeiro de 2018 às 14:00

- Atualizado há um ano

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Há quem insista em dizer que a música baiana não produz nada de novo, mas é só apurar a escuta um pouquinho para perceber que isso não passa de um disco arranhado. Em 2017, por exemplo, a produtiva safra musical trouxe bons lançamentos e quem não acompanhou terá mais uma chance.

Sim, temos mais uma lista para aqueles que querem saber o que é que a Bahia tem de novidade e porque está dando o que falar na cena nacional. Destacamos, a seguir, os dez melhores lançamentos da música baiana de 2017. Aperte o play e acompanhe a trilha...

1. Luedji Luna – Um Corpo no Mundo

Voz suave e poderosa, composições autorais que fogem do óbvio e arranjos minimalistas marcam o disco de estreia da cantora nascida em Salvador e radicada em São Paulo. Com forte presença de palco, Luedji é uma artista completa e seu disco Um Corpo no Mundo resume isso muito bem. Com seu trabalho, conquistou o prêmio de artista revelação na categoria show do Prêmio Caymmi de Música e foi contemplada pelo Natura Musical, edital que vai patrocinar sua turnê pelo Brasil em 2018. A cantora está, ainda, na lista do Google Play Música dos “20 artistas para ficar de olho em 2018”.

2. Baco Exu do Blues – Esú

Letras diretas e incisivas, como um grito dilacerante, marcam o álbum de estreia do rapper baiano Diogo Moncorvo, o Baco. Além de integrar a lista dos melhores trabalhos lançados em 2017, da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), o artista de 21 anos concorreu ao prêmio APCA nas categorias revelação e música (com Te Amo Disgraça), perdendo para Chico Buarque nesta última. No pano de fundo das letras que denunciam o racismo, enaltecem a negritude, o sexo e os orixás, estão referências a Baden Powell (1937-2000), Paulinho da Viola, Os Novos Baianos, Nação Zumbi, Tim Maia (1942-1998) e James Brown (1933-2006).

3. Maglore – Todas as Bandeiras

Solar, o quarto álbum do grupo baiano radicado em São Paulo contrapõe a leveza sonora com o peso de letras reflexivas que giram em torno de questões existenciais. Arranjos pop dançantes, cheios de guitarra e com influências de indie, MPB e rock dos anos 1970 e 1980, servem de trilha para temas densos como a dor do crescimento, a superação de dramas pessoais, os medos, as perdas, os tropeços emocionais e amorosos. Todas as Bandeiras foi eleito pela APCA como um dos 25 melhores discos do segundo semestre de 2017, ao lado de álbuns como Esú, de Baco Exu do Blues, e Caravanas, de Chico Buarque.

4. Lucas Santtana - Modo Avião

Reflexivo, delicado e cheio de sintetizadores, o sétimo álbum de estúdio do cantor baiano é como uma viagem existencial. A história de um personagem guia o disco que questiona o tempo frenético, a partir de arranjos suaves e contemplativos. O "áudio filme", como o cantor define Modo Avião, é melhor aproveitado quando escutado com fones de ouvido, afinal, só assim é possível perceber todas as nuances e detalhes do trabalho autoral que é um convite à contemplação.

5. OQuadro – Nêgo Roque

Quem disse que o rock não tem lugar no rap? A resposta está no segundo disco do grupo de rap OQuadro, Nêgo Roque, lançado com apoio do Natura Musical. O álbum mostra a maturidade do grupo criado há dez anos em Ilhéus e se destaca por quebrar estereótipos ao mostrar uma sonoridade que mistura rap com rock, zouk, soul e eletrônica. Com referências que vão do ijexá ao afrobeat, o disco reúne letras que transitam por temas como negritude, fé e militância. Mixado por André T., Nêgo Roque conta com participação dos rappers Emicida e BNegão.

6. Xenia França – Xenia

A força da percussão e da ancestralidade marcam o primeiro álbum solo da cantora baiana, nascida em Candeias, que faz parte da superbanda paulista Aláfia. Lançado pela Natura Musical, o disco Xenia dialoga R&B, jazz, música de terreiro, samba-reggae e música eletrônica. O canto suave, que por vezes lembra Anelis Assumpção e Céu, dá voz a temas como amor e racismo, retratados em letras autorais ou de artistas como o paraibano Chico César e o baiano Tiganá Santana.

7. Giovani Cidreira – Japanese Food

Com influências que vão da MPB produzida nos anos 70 até o rock dos anos 80, Japanese Food foi eleito um dos 50 melhores discos de 2017 pela APCA. Lançado pelo selo Balaclava Records, com apoio do Natura Musical, o álbum de estreia do cantor baiano de 26 anos bebe no rock alternativo e mistura guitarras e distorções com arranjos melódicos e interpretações intimistas. Ex-vocalista da banda Velotroz, Giovani foi indicado a artista revelação pela APCA, venceu o Prêmio Caymmi de melhor intérprete masculino e o Prêmio SIM São Paulo, na categoria novo talento.

8. BaianaSystem – Outras Cidades

Sequência do álbum Duas Cidades, melhor lançamento de 2016, Outras Cidades não pode ficar de fora da lista. Apesar do repertório já ser conhecido dos fãs da banda, o disco traz novas versões de sucessos como Playsom, Lucro, Panela e Calamatraca, com arranjos eletrônicos dançantes. Além disso, não tem como a BaianaSystem ficar de fora, afinal, foi a grande responsável, recentemente, por colocar a música baiana independente na rota nacional. Outras Cidades resulta da parceria do grupo com produtores e DJs como Chico Correa, Mahal Pita, Lucio K, Furmiga Dub e Omulu, além do coletivo Àttooxxá.

9. Lívia Mattos – Vinha da Ida

Completando a boa safra de lançamentos da música baiana, a sanfoneira e cantora Lívia Mattos apresenta outras possibilidades para a sanfona além do xote, maracatu e baião. Do lirismo seresteiro ao baile caribenho, passando pelo universo nordestino com fortes referências circenses, a artista apresenta dez composições autorais de atmosfera solar. Lançado com apoio do Natura Musical, Vinha da Ida é produzido por Alê Siqueira e conta com participação dos cantores Chico César e Zé Manoel, além dos músicos Toninho Ferragutti, Gabi Guedes e Jurandir Santana.

10. Aiace – Dentro Ali

O canto expressivo e por vezes minimalista marca o álbum independente de Aiace que passeia por pop, MPB, reggae e jazz. Batizado com uma das músicas de Luedji Luna, que ganha uma versão interessante na voz de Aiace, Dentro Ali conta com participação de Lazzo Matumbi e de Luiz Melodia (1951-2017), um dos últimos registros do cantor em estúdio. Segundo da carreira de Aiace, que também integra o grupo Sertanília, o álbum produzido por Paulo Mutti reúne músicas de cantores como Dominguinhos (1941-2013) e Alceu Valença.