Conheça Patrizia Reggiani, socialite que mandou matar o ex-marido e herdeiro da Gucci

A 'viúva negra da moda' é interpretada por Lady Gaga no filme Casa Gucci

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Publicado em 1 de dezembro de 2021 às 18:32

- Atualizado há um ano

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A socialite italiana Patrizia Reggiani ficou conhecida como “a viúva negra da moda” após, em 1995, ser condenada a quase 30 anos de prisão por orquestrar o assassinato do ex-marido. O ex-marido em questão se tratava do então herdeiro da grife de moda italiana Gucci, Maurizio Gucci, fundada pelo seu avô em 1906.

De socialite parte de um círculo da elite italiana a mulher mais odiada do país, Patrizia negava ser a mandante do crime, mas, em 2014, revelou: “Ele não merecia viver”. “Àquela época (1995), eu estava convencida de que alguém como Maurizio não merecia viver”, disse em entrevista ao jornal italiano “Il Giornale”. Reggiani não quis confessar os seus motivos por trás do crime, que agora é revisitado no filme “Casa Gucci”, dirigido por Ridley Scott e com Lady Gaga no papel principal.

Quem é Patrizia Reggiani e como ela se casou com o herdeiro da Gucci

Patrizia nasceu nos arredores de Milão, no norte da Itália, em 2 de dezembro de 1948. Sem contato com o pai biológico, ela viveu uma vida humilde com a mãe, que era garçonete, até os 12 anos, quando esta casou-se com o empresário Ferdinando Reggiani. O padrasto, que era um rico empresário do ramo de transportes e gostava de carros esportivos, logo começou a apresentar a enteada aos artigos luxuosos, como casacos de pele.

Assim, nascia a Patrizia Regianni obcecada com glamour e luxo, que pouco a pouco passou a frequentar a alta sociedade e cirular entre as famílias mais influentes de Milão, como era o caso dos Gucci. Em 1970, Patrizia conheceu Maurizio Gucci, com quem se casou dois anos depois e teve duas filhas: Alessandra, em 1977, e Allegra, em 1981.

O casal levava uma vida de luxo e viagens internacionais que eram pura ostentação. Donos de uma enorme cobertura em Nova York, em plena Quinta Avenida, uma vila no México e um chalé de inverno nos Alpes suíços, eles ainda possuíam o maior iate de madeira do mundo. De acordo com a autora do livro “Casa Gucci”, Sara Gay Forden, o pai de Maurizio, Rodolfo Gucci, não aprovava o relacionamento e considerava Patrizia uma “alpinista social”, mas o casamento continuava firme.

A vida de casados de Patrizia e Maurizio começou a ruir quando seu pai morreu repentinamente e o filho precisou assumir o controle da empresa. As discussões entre o casal começaram a ser frequentes porque o casal tinham ideias divergentes sobre como administrar a grife Gucci.

"Quando era mais jovem, Maurizio procurou Patrizia em busca de apoio e força para enfrentar seu pai. Mas, à medida que ele ganhava poder, se sentia oprimido pelas críticas dela", escreve Forden.

O fim do casamento

Em 1985, o relacionamento entre Patrizia e Maurizio chegou ao fim. Ele saiu de casa e nunca mais voltou. Segundo Forden, ela nutriu por muitos anos a esperança que o marido voltasse e eles retomassem o casamento. Porém, Maurizio logo começou a namorar outras mulheres e em 1991 os dois se divorciaram.

O fim do casamento foi um baque para ela porque Patrizia era, de fato, obcecada pela sua fama e a vida luxuosa que levava. "Ela viu tudo o que tentou alcançar na vida por meio de Maurizio, toda a fama, status e riqueza, escapando de suas mãos", descreve a autora do livro que foi usado como base para o filme.

Após o diagnóstico de um tumor no cérebro, em 1992, Patrizia pediu para que o ex-marido tomasse conta das filhas, o que ele recusou alegando que o trabalho o tomava muito tempo. Patrizia se tornou ainda mais amargurada em relação à Maurizio, mesmo com ele pagando uma espécie de pensão de 100 mil dólares por mês para ela. O ex-marido a proibiu de usar propriedades de luxo da família, que agora eram frequentadas por sua nova parceira, Paola Franchi.

Amargurada e isolada, Patrizia queria destruir o ex-marido e muitas vezes disse para amigos e funcionários da sua casa, que queria “vê-lo morto”.

O assassinato

Em 27 de março de 1995, aos 46 anos, Maurizio Gucci foi assassinado com quatro tiros do lado de fora do seu escritório, em Milão. De acordo com relatos, o atirador era um homem com cabelos ondulados e mais tarde a polícia informou que se tratava de um matador de aluguel.

Após a morte do ex-marido, Patrizia se mudou para a casa de Maurizio com suas duas filhas e expulsou Paola Franchi da casa. Em 1997, a polícia chegou até sua casa para levá-la presa.

"Ela achava que conseguiria escapar da acusação de assassinato e que estaria de volta em casa em algumas horas", explica Forden. Mas, como sabemos, não foi o caso. A polícia italiana tinha provas de que Patrizia havia orquestrado a morte de Maurizio e pago US$ 375 mil a um assassino para realizar o crime.

Um ano depois, Patrizia e mais quatro cúmplices foram considerados culpados pelo assassinato de Maurizio Gucci. Ela foi condenada a 29 anos de prisão em um julgamento que teve grande cobertura midiática.

Diante da possibilidade de enfrentar tantos anos de prisão, Patrizia tentou se suicidar, mas foi encontrada pelos guardas da prisão. No fim, ela cumpriu 18 anos de pena e foi libertada em 2016 por bom comportamento.

Em 2011, houve a possibilidade de receber liberdade condicional, mas um dos pré-requisitos era que ela estivesse empregada. "Nunca trabalhei na minha vida e certamente não vou começar agora", disse Patrizia ao advogado, de acordo com o The Guardian.

Como está Patrizia Reggiani hoje

De acordo com o jornal inglês The Telegraph, Patrizia ganha mais de US$ 1 milhão por ano de herança da Gucci, graças a um acordo firmado em 1993. Além disso, ela recebe parcelas de um total de US$ 22 milhões que tem direito referente ao dinheiro que ficou retido enquanto estava presa.

Agora, Patrizia vive em Milão, onde é vista e já foi fotografada algumas vezes, com uma arara de estimação no ombro. Sobre o novo filme “Casa Gucci”, ela disse à imprensa italiana que estava chateada com Lady Gaga porque a mesma não a procurou antes de fazer o filme. “Estou muito chateada pelo fato de Lady Gaga estar me interpretando no novo filme de Ridley Scott sem ter tido a consideração e a sensibilidade de vir falar comigo", comentou.