Conheça quatro chefs gringos que trocaram seus países por Salvador

Jose Morchon, Luis Gimenez Meza, Richard James e Fernanda Cabrini são alguns dos estrangeiros que vieram morar na capital baiana

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 29 de março de 2018 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Renato Santana/Divulgação

Um argentino trocando seu país pelo Brasil. Se pensarmos em futebol - e ainda mais em ano de Copa do Mundo - essa substituição seria intragável para os hermanos. Mas esse foi o caminho feito por Luis Gimenez Mesa, chef do Cachafaz Milanesas y Cervezas, na Pituba. Antes de Luis chegar aqui, morou em outros países. Entre eles, o Marrocos, no norte da África, de onde partiu em 2013 para se fixar em terras baianas.

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A história dele se repete ao redor de toda Salvador: gringos que saem dos lugares onde nasceram para vir morar  aqui. Na gastronomia, então, temos vários exemplos. Alguns bem conhecidos, como o do chef e sócio do disputadíssimo La Taperia, no Rio Vermelho, o espanhol Jose Morchon. Outros, nem tanto. Diz aí se você sabia que os pães de várias hamburguerias da cidade, como a Bravo Burger & Beer e a à Burger, têm DNA australiano?

Fomos atrás de quatro chefs estrangeiros radicados na capital baiana para conhecer mais suas trajetórias, saber como eles chegaram aqui, do que mas gostam da cidade e - já que trabalham com comida -  qual sabor Salvador tem para eles.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: Jose Morchon, da Espanha No comando de três concorridos restaurantes de Salvador, Jose Morchon, 43, conheceu a cidade durante as férias com a mulher, a brasileira Juli Holler, no Ano-Novo de 2010 para 2011.

“Reparei que nesta rua (da Paciência) não havia quase nada aberto. Mas a viagem acabou e eu e Juli voltamos à Espanha. Eu tinha um trabalho bom em um restaurante de Barcelona. Só que fiquei com Salvador na cabeça e resolvi vir para cá. Meu chefe, na época, me falou que eu podia testar e, caso não desse certo, podia retornar ao trabalho lá”, conta. Não voltou. Jose largou um emprego na Espanha e, em 2012, se mudou para a capital baiana (Foto: Renato Santana/Divulgação) A mudança foi em 2012 e, desde então, o espanhol de Valladolid tem residência fixa na capital baiana. “Eu gosto da energia daqui, do clima. E, no Rio Vermelho, as coisas ficam perto, dá para fazer tudo a pé. Isso é qualidade de vida”.

Aqui, ele elege o dendê e as frutas como destaque da gastronomia. “Siriguela, lichia, rambutão e a melhor de todas, mangostão. Todas me impactaram muito quando as conheci”.

Para provar as delícias de Jose, é só ir aos restaurantes  La Taperia (Rua da Paciência, 251) e Shanti (Rua João Gomes, 10) e ao bar Chupito (Rua da Paciência, 263).

Luis Gimenez Meza, da Argentina Três meses. Esse era o período que Luis Gimenez Meza, 49, ia passar na Bahia, em 2013. Acabou gostando tanto que não voltou mais para Casablanca, no Marrocos, onde morava até então. Primeiro, ficou em Morro de São Paulo. Mas logo veio para Salvador. Luis ia ficar somente três meses na Bahia, mas já está há cinco anos (Foto: Renato Santana/Divulgação) Aqui, conheceu Helia - com quem se casou no ano passado - e hoje é chef do Cachafaz Milanesas y Cervezas, que fica na Rua Alexandre Herculano, 29 (Pituba).

“A cidade é um lugar muito interessante e tem uma temperatura agradável. É impressionante toda a área do mar, a orla”, fala o argentino. É dessa área que vem a comida da capital baiana da qual ele é fã. “Gosto muito dos peixes. E acho interessante a moqueca, em particular”.

Richard James, da Austrália “Conheci 22 estados, mas a Bahia foi onde mais me senti bem”, afirma Richard James, 37. Tudo começou quando ele resolveu embarcar numa viagem pelo mundo, para ‘expandir os conhecimentos gastronômicos’. “Vim para o Brasil, onde passaria dois meses. Fiquei sete. Depois, fui para a  Malásia, Indonésia e retornei à Austrália. Mas acabei com Salvador na mente. A cidade plantou uma semente de carinho em mim”.

Chegou mais uma vez aqui em 2003, sem passagem de volta. “Abri uma empresa de consultoria de restaurantes. Foi quando percebi que a capital baiana não tinha bons pães. Comecei a fazer eles em 2013 e, hoje, atendo a 120 lugares”, conta o chef australiano, casado com uma baiana, Michelle. “Salvador tem um povo alegre, belezas naturais e uma cultura rica”, diz Richard (Foto: Renato Santana/Divulgação) “Salvador tem um povo alegre, belezas naturais e uma cultura rica. Gosto muito. O que adoro são as frutas - fenomenais, diferentes, saborosas. E ainda o licuri, o xinxim de galinha e, claro, acarajé”, fala o dono da Belo Rústico. Atualmente localizada na Rua das Rosas, 528, a padaria será instalada, em abril, em uma casa ao lado de onde hoje funciona.E também terá uma unidade no Shopping Barra, prevista para ser inaugurada em meados de maio.

Fernanda Cabrini, da Itália Fernanda Cabrini, 67, conhece Salvador desde 1970, quando veio com uma amiga passar três meses viajando pelo Brasil. “Cheguei na cidade no aniversário de Mãe Menininha do Gantois (1894-1986). Fiquei fascinada. Foi amor à primeira vista”, garante.

Ela até que voltou à Itália, mas não quis ficar por lá muito tempo. “No fim de 1979, peguei minha filha de 2 anos  e partimos para o México, Nicarágua, Costa Rica e Manaus, já no Brasil. Em 1981, vim de volta à capital baiana. Meu único contato na cidade era de uma pessoa no Santo Antônio Além do Carmo e foi onde passei minha primeira noite nesse regresso. Dali não saí mais”, relembra. Fernanda veio para a cidade pela primeira vez em 1970 e mora aqui desde 1981 (Foto: Renato Santana/Divulgação) Em 1992, Fernanda abriu a Pousada do Boqueirão, na Rua Direita de Santo Antônio, 48, onde comanda a cozinha até hoje.  “Ela tinha só cinco quartos. Com o tempo, comprei a casa ao lado e ampliei”.

Em Salvador, ela fala que gosta ‘de um pouco de tudo’. “Acho a natureza maravilhosa, adoro o mar... E a força cultural que a cidade tem. Sem contar que é um povo lindo, espontâneo”. Em termos de comida, a italiana é fã da moqueca. “Sempre me chamou a atenção não só o dendê, mas o conjunto do prato todo”.