Conheça Wanderson, atacante da base que estreou pelo Vitória: 'Foi emocionante'

Jogador de 19 anos fez seu primeiro jogo como profissional diante do Cordino

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  • Daniela Leone

Publicado em 6 de janeiro de 2023 às 14:12

. Crédito: Pietro Carpi/EC Vitória

Ele tem apenas 19 anos e acabou de realizar um sonho. A noite de quinta-feira (5) não marcou apenas a estreia do Vitória na temporada 2023, mas a de Wanderson como jogador profissional. Aos 30 minutos do segundo tempo do jogo contra o Cordino, o técnico João Burse olhou para o banco de reservas do Barradão e o chamou. O centroavante revelado na base rubro-negra substituiu o meia Diego Torres e ficou pouco tempo em campo, mas o suficiente para se emocionar. 

“Não tenho nem palavras. Passou um filme na cabeça de tudo que a gente passou para chegar nesse momento. Foi especial, emocionante”, contou ao CORREIO, ainda tentando processar o feito. "Achei que eu fui bem, pude ajudar a equipe de alguma forma, foi uma boa estreia", se autoavaliou. 

O garoto contou que Burse sinalizou durante a semana que ele poderia ser aproveitado na partida. “Ele falou para eu ter tranquilidade, seriedade e me divertir dentro de campo, esquecer a torcida e a pressão da estreia”, revelou. 

Pé quente, Wanderson viu em campo o zagueiro rival Keven marcar contra aos 50 minutos e dar números finais à vitória do Leão por 2x1, que manteve o time vivo na busca por uma vaga na fase de grupos da Copa do Nordeste. O rubro-negro define a classificação no domingo (8), às 16h, no Barradão, contra o Jacuipense, clube que faz parte da história do atacante. 

Ele chegou à Toca do Leão aos 15 anos, após passar seis meses justamente na base do Jacuipense. Ficou pouco tempo no Leão do Sisal porque disputou dois jogos contra o Leão da capital e chamou atenção. “Rodrigo Chagas era o treinador do sub-17 do Vitória, ele gostou do meu futebol e me convidou. Desde então estou no Vitória”.

Os treinos no Jacuipense eram realizados em Salvador, o que exigiu uma mudança de endereço. Primeiro ele morou na casa de umas tias no bairro da Boca do Rio. Depois, dona Sirila, 45 anos, apostou no talento do filho e largou o emprego de empregada doméstica que tinha em Macarani, no sudoeste do estado, a cerca de 600 quilômetros da capital, para dar suporte presencial. 

“Quando eu jogava no Jacuipense, a gente estava em situação financeira bem difícil. Foi muito difícil para minha mãe arrumar emprego aqui em Salvador”, lembra. “Hoje em dia eu já posso ajudar ela”, comemora o atacante.

Wanderson fez por merecer o esforço da mãe e se destacou na base do Vitória. No clube, ele é visto como um jogador de bastante potencial. Alguns profissionais comparam suas características com as de Samuel - vendido ao Oita Trinita, do Japão -, só que com maior nível de intensidade. Em comum, os dois são canhotos.

Por isso, apesar de ainda ter idade para jogar a Copa São Paulo de Futebol Júnior, ele foi integrado ao elenco principal no início da pré-temporada. Acabou se ausentando na primeira semana de trabalho porque machucou o cotovelo.

“Eu me apresentei no dia 28 de novembro, mas eu tinha machucado o cotovelo antes, treinando com o sub-20. Aí uma semana depois que o profissional começou a treinar eu fui inserido ao grupo. Me falaram que iriam me utilizar no jogo de ontem e no de domingo”, contou o centroavante.   

Um dos principais finalizadores da base, o jogador tem 1,84m de altura e faz questão de apresentar suas características aos torcedores que ainda não o conhecem: “Chute forte, força, bola aérea, presença de área e muita infiltração. Também posso jogar como atacante de beirada. Pretendo me firmar, ajudar a equipe com gols e assistências. Quero ir bem e colocar o Vitória na Série A”, projeta.

Wanderson chegou ao clube como lateral esquerdo e mudou de posição seis meses depois. Ele diz que se encontrou como centroavante e que tem Adriano Imperador e Cristiano Ronaldo como referências. “São os pilares em que eu me espelho, tento me aproximar deles”.