Conhece o poke? Comida havaiana é o novo hit da gastronomia

Nascido no estado norte-americano, o prato desembarcou com tudo em Salvador

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 23 de janeiro de 2018 às 08:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Renato Santana/Divulgação

Uma onda que começou no Havaí, atingiu a Califórnia e chegou ao Brasil. Não, felizmente, não estamos falando de um tsunami. Mas, sim, da nova tendência gastronômica que está se instalando com  força máxima em Salvador: o poke havaiano. Por aqui, ele costuma unir arroz, peixe cru e ervas, lembra uma versão de tigela do temaki.

A comida nasceu há cerca de 50 anos no arquipélago americano e significa, em dialeto local, ‘cortar’. “Os primeiros registros dos pokes semelhantes aos que são feitos hoje aparecem na década de 1970”, conta Ely Fujyama, professora de Cozinha Internacional no curso de Gastronomia da Unifacs. “Eles eram consumidos por pescadores, que faziam uma marinada com um tipo de atum no molho shoyu, óleo de gergelim e salsinha picada, e consumiam durante a pescaria”, explica Marcelo Ferreira, chef de cozinha e professor da Faculdade DeVry Ruy Barbosa. O poke lembra uma versão do temaki (Foto: Renato Santana/Divulgação) Até hoje, a comida tem como grande estrela o peixe cru. Mas, no Brasil,  vem quase sempre acompanhado de uma base de arroz, frutas, vegetais e até algas. “Isso é uma influência direta da cozinha japonesa”, diz Ely. “O Havaí concentra uma grande variedade de grupos imigrantes que influenciaram na sua gastronomia, sendo os japoneses um dos principais. De qualquer forma, não deixa de ser um prato essencialmente havaiano”, completa.

Apesar da opção tradicional  ser feita com peixe cru, já foram criadas novas variações. “Ele pode ser preparado com polvo ou até mesmo em versões vegetarianas, com tofu”, comenta Ely. “O sushi saiu do Oriente com modificações. O poke também passou por essa adaptação, ficando mais saboroso ao paladar brasileiro”, conta Marcelo.  “Mesmo no Havaí, já se encontra tanta variedade que duvido que haja alguém que possa garantir que esse ou aquele ingrediente está proibido de ser usado para chamar o prato de poke”, garante Ely.

Afinal, é saudável? Uma das coisas mais disseminadas pelos restaurantes que servem poke é que ele é light. Para a nutricionista Thiala Duarte, o slogan, na versão original da comida, está certo. “A grande menina dos olhos é o peixe cru marinado. Essa é uma proteína magra, rica em ômega 3”, explica.

Ainda assim, ela deixa claro que existem algumas ressalvas sobre o prato. “Como o (molho) shoyu, que é rico em sódio. Nós, brasileiros, temos o paladar muito salgado e consumimos muito sal. Então, é importante ficar de olho nisso. Se puder, opte por uma versão light do shoyu, é melhor”, fala. De maneira geral, o poke é um prato saudável (Foto: Renato Santana/Divulgação) Outra observação feita pela nutricionista é a cama de arroz na qual o poke é servido. “Ele não é ruim. Uma das coisas que tentamos desmistificar é essa proibição do carboidrato. Mas, se a pessoa estiver em uma dieta de emagrecimento, pode trocá-lo por mix de folhas. Se estiver em controle de peso, pode optar pela quinoa”, diz.

Como há, em alguns restaurantes, a possibilidade de montar seu poke, é preciso   tomar cuidado na hora de criar o seu - ou, aí sim, ele pode ficar não tão saudável. “Mas até a versão mais ‘gorda’, em um consumo eventual e para quem não tem doenças associadas, está tudo bem”.

De maneira geral, Thiala avalia a comida como saudável. “Tem muito vegetal e frutas como o abacate, que é rico em gordura insaturada, e a manga, regional. A opção vegetariana, com cogumelos no lugar do peixe, também é ótima. A ideia do poke é boa e o resumo, interessante”.

O projeto Sou Verão é realizado pelo Correio e conta com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio de O Boticário.

Pokeria Oluolu é feito com camarão, cream cheese, manga, geleia de morango com pimenta, crispy-couve e Doritos (Foto: Renato Santana/Divulgação) A ideia do restaurante surgiu  há dois anos quando Hugo Meissner, um dos sócios, comentou com amigos sobre a comida havaiana. Mas só foi um ano depois que eles começaram a montar o negócio. “Na época, não tínhamos dado bola. Quando vimos que estava estourando no mundo, percebemos que não era bobagem”, diz Diogo Villela, chef da casa. “Saímos por uma pesquisa no Brasil, passando por São Paulo, Fortaleza, Goiânia e Florianópolis. Até então, não tinha em Salvador”.

Em setembro, a Pokeria iniciou as operações. “Fomos a primeira casa de poke da cidade”, garante Hugo. Comandada por ele, Diogo, Gabriel Meissner, Lucas Karr e Sérgio Pereira, a empresa só funciona no delivery. “Quem quiser pode pedir e passar para pegar na Pirâmide do Rio Vermelho (R. Conselheiro Pedro Luiz), onde funciona a cozinha. O raio de entregas é limitado, para garantir que a comida fique sempre fresca. Então, muita gente que fica fora dessa área opta por buscar lá”, fala Diogo.

Todos os pratos foram batizados com palavras do dialeto havaiano, como Aloha (salmão, cream cheese, sunomono, amendoim, crispy-couve e coco - R$ 32,90) e Oluolu (camarão, cream cheese, manga, geleia de morango com pimenta, crispy-couve e Doritos - R$ 34,90). Também há a versão em que o cliente pode montar o seu. Há opção com base de arroz ou de mix de folhas.

Vá lá De terça a domingo, das 17h às 22h, no site (pokeria.com.br), iFood ou pelo Whatsapp, no tel. 71 99670-3474. Insta e Face: /pokeriaoficial.

Kawai Poke O Haleiwa Shrimp, do Kawai: saborosíssimo (Foto: Victor Villarpando) “Pego onda desde pequeno, o Havaí sempre foi referência. E há algum tempo percebi o boom do poke na Califórnia e em Nova Iorque”, conta Raphael Paiva, sobre a origem do restaurante do qual é sócio, que abriu no fim de outubro e cujo nome significa “o que vem do mar”.

São 17 opções de poke, a partir de R$ 27. O campeão de vendas é o Ohana Ocean Style (atum e salmão frescos, camarão marinado, pasta de kani e chips de coco - R$ 36). O Haleiwa Shrimp (camarão, cream cheese, crocante de ervilha com wasabi, cenoura, cebolinha, chips de coco e molho de manga - R$ 35) é maravilhoso. Há ainda drinques Tiki, com influências polinésias e havaianas, em canecas de cerâmica esculpidas, as Tiki Mugs.

Vá lá  De terça a domingo, a partir das 18h. R. Ilhéus, 241, Rio Vermelho. Insta e Face: /kawaipoke. Tel.: 71 3016-1411.

Fish Poke No Fish Poke, o prato pode ter base de quinoa por um adicional de R$ 6 (Foto: Renato Santana/Divulgação) Quem esteve no Festival Virada Salvador aprovou. Isso é o que garantem os sócios Marcelo Domingos e Gilmar Bittencourt, à frente do Fish Poke. A empresa teve um stand no evento e vendeu mais de mil unidades. Eles estrearam em outubro, na feira Coreto Hype, e acabam de chegar ao DonaEva Food House, em Stella Maris. “Vamos ficar lá e fazer eventos. Não existe ficar parado”, diz  Marcelo.

Entre as opções, tem o Shoyu Avocado Tuna, com cubos de atum, abacate, shoyu, cebola roxa, sunomono, morango e nori (R$ 26, no endereço fixo).  Todas as opções têm base de arroz ou de mix de folhas, mas podem ser trocadas por quinoa por um adicional de R$ 6.

Vá lá  De quinta a domingo, das 18h às 22h. No DonaEva Food House, na Rua Gilberto Freyre, 4, em Stella Maris. Insta e face: fishpokesalvador/. Tel.: 71 99919-2899.

Tokai Gourmet Por enquanto, o Tokai Gourmet terá apenas uma versão da comida (Foto: Renato Santana/Divulgação) Vai ser timidamente que o poke aparecerá no menu do Tokai Gourmet. Durante a semana, o restaurante incluirá sua primeira versão no cardápio por R$ 49. “A ideia é fazer um teste. Se o público gostar, trazemos mais”, diz  Múrcio Dias, dono do espaço.

A receita foi criada pelo chef Rafael Mabu - ex-Kinoshita, único restaurante japonês de São Paulo com 1 estrela do Guia Michelin - e traz salmão, raspas de limão siciliano, pepino desidratado, gergelim, óleo de gergelim, pimenta sriracha, cebolinha, flor de sal, teriaki,  broto de rúcula, rabanete, nori e arroz. “É uma comida bem legal e que se encaixa perfeitamente na culinária japonesa. Acho que veio para ficar”, declara Múrcio.

Vá lá  De segunda a quinta, das 11h às 22h30h, e de sexta a domingo, das 11h à 0h, no L1 do Shopping Barra. Insta e face: /tokaigourmet. Tel.: 71 3022-7874.

Gattai Salmão Spicy é o poke favorito dos clientes do Gattai (Foto: Renato Santana/Divulgação) A ligação do poke com o Japão também foi percebida porJulio Cesar, sushiman do Gattai. No início deste mês, o prato foi incluído no menu do espaço. E, desde então, a comida tem sido bem pedida por lá.  “Alguns já sabem o que é, outros querem provar. Seja qual for o motivo, eles estão raspando os pratos”, conta o sushiman.

O favorito da galera é o Salmão Spicy, feito com salmão em cubos, arroz gohan, maionese, massagô, cebolinha, shoyu, manga,  furikake, gergelim e óleo de gergelim (R$ 39,90). Há também o Vegano, com arroz gohan, shimeji, brócolis, tofu, pepino japonês, manga, alface roxa, gengibre, furikake, broto de beterraba, gergelim e óleo de gergelim (R$ 34,90).

Vá lá  Todos os dias, das 11h às 1h, no Espaço Gourmet do Salvador Shopping. Insta e Face: /gattairestaurante. Tel.: 71 3022-8886.