Conhecido nas redes sociais, baiano Kaique Brito é contratado do Gshow

Estudante de 16 anos ficou conhecido por vídeos de dublagem e agora apresenta podcast do Grupo Globo

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  • Roberto Midlej

Publicado em 23 de junho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Globo/Sergio Zalis

Imagine que você tem 14 anos de idade e, literalmente, de um dia pro outro, ganha a fama depois que seu vídeo viralizou na internet. E mais: você ganhou elogios de seus próprios ídolos, incluindo aí influenciadores como Felipe Neto e Maísa Silva, dois dos maiores influencers do Brasil. E aí, seus amigos falam de você o tempo todo no grupo de Whatsapp, tratando-o como uma celebridade. Você - e quase todo jovem de sua idade - certamente ia se deslumbrar, né? 

Mas o baiano Kaique Brito passou por tudo isso e continuou levando sua vida de sempre e, até hoje, aos 16 anos, continua com os pés no chão, embora tenha sido contratado há poucos meses pelo Grupo Globo para apresentar um podcast do Gshow,o Pega Essa Ref, que estreou no dia 10 e está nas plataformas digitais.

No vídeo que alçou Kaique ao posto de famoso, ele aparecia dublando, de forma satírica, uma moça que falava em racismo reverso, dizendo absurdos como "tem muito branco que sofre racismo" ou "o negro está deixando de sofrer racismo aos pouquinhos, né? Só que vocês estão fazendo com que o branco sofra racismo".

Indignado, Kaique resolveu reagir com bom-humor e, depois de gravar sua sátira, postou-a no Tik Tok, mas nada aconteceu. Subiu também, como sempre fazia, para o Twitter, onde tinha algumas dezenas de seguidores. Foi dormir e, quando acordou, pôs o celular para carregar e deixou-o desligado. Correu para ver o final de uma série que gostava na Netflix, The Society. 

Decepcionado com o rumo dos personagens, pegou o celular para manifestar sua chateação. Foi aí que teve uma pequena surpresa: o celular estava abarrotado de notificações."Tomei um susto. Tinha uns três mil likes e uns 700 seguidores", lembra o estudante do terceiro ano do ensino médio, que hoje tem 240 mil seguidores no Twitter e 120 mil no Instagram.Mas, mesmo com esses números expressivos, Kaique nunca se sentiu na "obrigação" de publicar nada, só para aproveitar a onda em torno de seu sucesso. Para ficar no lugar-comum, prefere a qualidade à quantidade, então só posta quando acha que tem mesmo uma boa ideia, como a do vídeo em que satirizava a obsessão do presidente Jair Bolsonaro com o nióbio. 

A política dá o tom de diversos vídeos dele e são esses que costumam ter mais repercussão. Em um, ironizou a ministra Damares, quando ela disse que "menino usa azul e menina usa rosa". Também criticou os cortes da verba da educação, usando os versos da música Somebody That I Used To Know. 

Depois do sucesso repentino, Kaique passou por uma pequena crise, com receio de não conseguir corresponder à expectativa dos seguidores."Fiquei pensando 'e agora, o que vou fazer?'. Sempre odiei criar expectativa nos outros, mas criei sem querer. Pensei até em desativar minha conta, não sabia o que gravar. Senti a pressão e ainda sinto", reconhece.Mas conversando com ele, percebe-se que lida muito bem com essa pressão. Uma demonstração disso são os planos que faz, que não demonstram nenhuma ansiedade. Ao contrário, revelam muita segurança para um menino de sua idade: "Depois de terminar o ensino médio, no final do ano, vou fazer o Enem, mas não vou fazer faculdade. Antes, vou fazer um intercâmbio, pra estudar produção de vídeo, passar uns dois meses fora do Brasil". Faculdade, provavelmente só em 2023, depois do retorno do intercâmbio.

O dinheiro para a experiência internacional vai sair do próprio bolso, afinal, com a fama, veio uma grana que permite a Kaique fazer uma poupança e ainda ajudar a mãe, pedagoga, a pagar o aluguel, em uma casa melhor que aquela em que moravam antes. E ainda tem a irmã, que tem uma loja e também contribui no rateio das despesas. 

Cultura pop é assunto do podcast que Kaique apresenta

Embora interessado em política e questões sociais, Kaique demonstra ainda mais entusiasmo quando fala de cultura pop. Por isso, esse é o assunto do podcast Pega essa Ref, que tem três episódios publicados e conta com estreias toda quinta-feira. Nas primeiras edições, o baiano falou sobre namoro virtual, a cultura de memes no Brasil e o "cancelamento" na internet.

O podcast do Gshow vai tratar de séries, filmes, música e games nos próximos episódios, assuntos com que Kaique tem familiaridade, como se percebe em suas redes sociais. E, para ele, não importa se estamos falando de algo novo ou velho: Kaique se interessa tanto por iCarly, que marcou sua infância, como por Todo Mundo Odeia o Chris, que começou a ser produzida no ano em que ele nasceu e saiu do ar quando ele tinha apenas quatro anos. Cena de iCarly, uma das séries favoritas de Kaique Ele diz até que sente mais prazer em realizar os podcasts que os vídeos que produz para suas redes. "É mais tranquilo, porque não tenho que lidar com aquela pressão de ter uma ideia super criativa, como tenho que ter para o vídeo", afirma. "Agora, tenho uma equipe", comemora, mas fala isso longe de soar exibicionista.

Kaique costuma sugerir os temas que serão discutidos no podcast e participa de tudo, sugerindo também os convidados. Também dá palpites no texto, pede para substituir uma ou outra palavra para que, assim, tudo fique mais com sua cara.