Consórcio de facções roubou transportadora, diz PF; dois são presos

PF comunicou que assalto foi organizado por facções criminosas Mercado do Povo Atitude e PCC

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 28 de maio de 2018 às 12:32

- Atualizado há um ano

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Dois homens foram presos nesta segunda-feira (28) pela Polícia Federal no estado de São Paulo por envolvimento num violento assalto a uma transportadora de valores, ocorrido dia 6 de março de 2018 em Eunápolis, no extremo sul da Bahia.

As prisões, segundo a polícia, são temporárias (de 5 dias), e outros cinco mandados de busca e apreensão também foram efetuados. A ação desta segunda, batizada de “Operação Costa do Descobrimento”, foi realizada nas cidades Osasco e São Paulo.

A PF comunicou que o assalto foi organizado por um consórcio das facções criminosas Mercado do Povo Atitude e Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme o CORREIO antecipou na coluna Satélite, dia 10 de março, e aprofundada em reportagem do dia 12 de março.

Os alvos dos mandados de prisão são do estado de São Paulo e foram até Eunápolis com o objetivo de alugar, com a utilização de documento falso, um galpão utilizado como base do grupo criminoso no dia do assalto.

Também com nomes falsos, estas mesmas pessoas constituíram empresas em São Paulo e abriram contas bancárias para a movimentação de valores oriundos da atividade criminosa.

Os investigados irão responder pelos crimes de participação em organização criminosa, latrocínio, uso de documento falso e lavagem de dinheiro. Os nomes dos presos na operação não foram relevados. A operação em São Paulo ocorre com apoio das Polícias Militares de São Paulo e da Bahia, alguns dos participantes daquela ação.

Violência

No dia do crime, um grupo de cerca de 40 criminosos armados invadiu a cidade de Eunápolis em onze automóveis e uma motocicleta, na tentativa de roubar a base de uma empresa de transporte de valores localizada no centro da cidade. O grupo usou armamentos antiaéreos no ataque.

Durante a ação criminosa, foram bloqueadas as entradas dos batalhões da Polícia Militar, com a utilização de veículos furtados, que foram incendiados em frente aos portões de entrada das unidades, de forma a impedir a saída das viaturas.

Nas BR-101, que corta a cidade Eunápolis, os criminosos colocaram uma carreta atravessada na pista nas proximidades da cidade para dificultar a perseguição durante a fuga e bloquearam ainda a RB-367.

A ação que durou cerca de 40 minutos resultou na morte de um dos seguranças da empresa de transporte de valores, a Prosegur. Apesar da ação violenta, os bandidos não conseguiram ter acesso ao cofre da empresa e levaram uma quantia não revelada que estava no setor de tesouraria.

No dia 11 de março, a Polícia Civil da Bahia realizou uma operação em Porto Seguro, cidade vizinha a Eunápolis, em que foram mortos três bandidos, suspeitos de envolvimento no assalto à Prosegur.

O CORREIO apurou, na época, que ao menos um dos três bandidos pertenciam a facção MPA, que tem como líder o traficante de drogas André Márcio de Jesus, conhecido como Padaria ou Buiu, um dos criminosos mais procurados pela polícia da Bahia.

Ele ficou conhecido no estado em 2011, após a quadrilha que chefia por fogo em quatro ônibus e apedrejar outros dois em Porto Seguro. Na época, a SSP-BA divulgou que a facção que ele comanda é ligada ao PCC.

O traficante foi preso em novembro de 2014 pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos e mantido em cárcere por cerca de um ano no Conjunto Penal da Mata Escura, de onde fugiu durante fuga em massa.

Em reportagem do dia 13 de março, o CORREIO mostrou o elo da MPA com o PCC, descoberto pela primeira vez em 2008 com a prisão conjunta de um integrante de cada facção, durante uma fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, no sul baiano.