Copa das Favelas reúne jovens em busca do sonho de ser jogador

Ao todo, 64 times com meninos de 11 a 17 anos disputam a competição no bairro de São Marcos

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  • Daniela Leone

Publicado em 26 de junho de 2019 às 15:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Beto Jr. / CORREIO
Estrela de Março e Jacuipense fizeram o jogo de abertura por Betto Jr. / CORREIO

Messi, James Rodríguez, Philippe Coutinho, Cavani e Vidal são algumas da estrelas do futebol mundial que estão desfilando nos gramados brasileiros durante a Copa América. Todos eles são ídolos de meninos que sonham com o futebol profissional enquanto jogam na menos pomposa “Arena” Jaqueirão, um campo de barro localizado no bairro de São Marcos, em Salvador. É a Copa das Favelas, competição que reúne 64 equipes e teve início nesta quarta-feira (26).

A cerimônia de abertura contou com hino da Liga dos Campeões da Europa, performance de dança e foto das equipes posadas. A segunda edição da competição engloba garotos entre 11 e 17 anos, separados em quatro categorias. Cada time disputa três jogos na fase classificatória e os melhores avançam às oitavas de final, quando inicia o mata-mata. A final será disputada no dia 6 de julho.  

“O interessante é que as equipes tenham a oportunidade de fazer pelo menos três jogos para que possam mostrar os talentos deles para os observadores técnicos que acompanham a competição. O objetivo do torneio é que esses observadores venham buscar os talentos das nossas favelas e levem para o mundo”, afirma um dos idealizadores da Copa das Favelas, Paulo Ferreira.

“Muitos desses meninos não têm a oportunidade de jogar em clubes grandes como Bahia e Vitória, então essa Copa é a oportunidade que eles têm de mostrar o futebol e serem selecionados por observadores técnicos. No ano passado houve uma briga pelo volante Caio, de 14 anos, que era da equipe São Marco. O Bahia e o Palmeiras queriam, mas o Corinthians acabou levando", conta Ferreira. 

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Primo de Caio, o meia Jonatas Lopes, 15 anos, quer seguir o mesmo caminho. “Ele fez uma grande competição no ano passado e deu mais esperança para todos nós. Vimos que o sonho pode se tornar realidade e vou me doar ao máximo este ano. Converso muito com ele, que está muito feliz lá e falou para eu me esforçar”, contou Jonatas. Ele vai disputar o torneio pela segunda vez, no mesmo time que revelou o primo.

O centroavante Mateus Miguês, 14 anos, também está ansioso para mostrar seu potencial. “Me disseram que é uma copa importante porque tem olheiros da Bahia e de fora do estado. Por isso, o título pra gente é muito importante”, comentou o jogador da Jacuipense, um dos clubes estreantes na competição. Bahia e Ypiranga são os mais tradicionais entre os debutantes. Das 64 equipes participantes, oito são do interior do estado e duas de Sergipe e Pernambuco - o Aracaju e o Santiago, respectivamente.

A bola rolou logo após o protocolo. A categoria sub-15 do Estrela de Março, time da empresa de assessoria esportiva Antonius, venceu o jogo de abertura contra o Jacuipense por 2x0.

Antes, o pontapé inicial da Copa das Favelas foi dado pelo vice-prefeito Bruno Reis. “Aqui em Salvador nós fazemos do esporte uma ferramenta de inclusão social e é justamente por isso que nós já recuperamos mais de 350 campos e quadras em toda a cidade. Esses equipamentos são as principais áreas de lazer e de esporte que a garotada tem nos bairros. Nesses campos são revelados diversos talentos de jovens que viram atletas profissionais do Brasil e do mundo. Apoiamos as escolinhas e os torneios”, afirmou. “O esporte é disciplina, é saúde, dá foco e, principalmente, educação para essa garotada. O esporte ajuda a ter um futuro melhor, a distanciar do caminho do crime, das drogas e da marginalidade”, completou Reis. A Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal do Trabalho, Esporte e Lazer (Semtel), doou bolas e uniformes para a competição.