Coronavírus: Conselho do Turismo exige monitoramento de passageiros em aeroporto

Conselho vai enviar carta ao Ministério da Saúde solicitando ações

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  • Da Redação

Publicado em 17 de março de 2020 às 06:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Secult

Em reunião extraordinária realizada nesta segunda-feira (16), o Conselho Municipal de Turismo de Salvador (Comtur) decidiu enviar uma carta ao Ministério da Saúde solicitando a tomada de medidas emergenciais para o enfrentamento do novo coronavírus (Covid-19) na capital baiana. Dentre as providências está a triagem, colhimento de informações e o monitoramento de passageiros no Aeroporto Internacional de Salvador. 

A medida deve ser determinada pelo Ministério da Saúde através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após reunião, o Comtur sugeriu três ações imediatas: o maior controle nos portões de entrada do país (como aeroportos e portos); a adoção de medidas para mitigar o impacto financeiro nas empresas e a necessidade de uma estratégia de comunicação associada ao turismo.

Os representantes do setor de turismo se preocupam com o impacto financeiro das medidas de isolamento social. De acordo com nota da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), os meios de hospedagem de Salvador registraram uma queda de cerca de 30% no número de reservas na última semana. Já a movimentação em bares e restaurantes atingiu uma queda de 50%.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes afirma que a redução no número de reservas deve ser ainda maior nos próximos dias, mas ainda não é possível fazer uma previsão do impacto da enfermidade viral no setor devido à imprevisibilidade dos fatos. “Tudo está sendo atualizado quase a cada minuto porque os impactos são em toda a economia. A tendência é aumento dos cancelamentos em função das ações restritivas que são tomada pelas entidades. Não tem como estabelecer uma precisão  sobre o que vai acontecer porque é uma situação crítica”, ponderou.

O presidente da Salvador Destination, Roberto Duran, ressaltou que o setor turístico é o primeiro a sofrer os impactos de uma crise e o último a sair dela. “O turismo será o mais afetado dentre as atividades econômicas. Solicitamos as medidas para resguardar a saúde e, por consequência, retomar as atividades econômicas de forma mais rápida”, pontuou, sem deixar de ressaltar a importância do afastamento social no combate ao quadro do vírus.

Ainda segundo Duran, o setor de turismo deve ficar inoperante por até 90 dias - prazo inicial do decreto municipal que proíbe a realização de eventos em Salvador com 500 pessoas ou mais. “Todos os eventos foram cancelados. Em qualquer plataforma de venda não é possível reservar hotel. Os turistas que estão aqui vão embora e a cada dia que passa a ocupação vai caindo”, afirmou.

“O nosso pronunciamento é no sentido de que o governo federal, o Ministério da Saúde, incorpore recomendações dos diversos setores do Turismo. Que eles mantenham a receptividade das recomendações dos setores que podem servir para futuras decisões. Outro assunto que deve ser debatido é o impacto financeiro nas empresas. Devemos recepcionar as inquietações dos setores para pensar em soluções objetivas. Além disso, temos que ampliar a comunicação, tanto para evitar fake news e compartilhar informações corretas, como para pensar já nos efeitos para o turismo e da promoção turística de Salvador”, afirmou o presidente do Comtur e secretário de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco. 

A carta é elaborada em conjunto nesta segunda e deve ser encaminhada aos o governos federal, estadual e municipal públicos até a próxima quarta-feira (18). 

Comunicado Em nota, a ABIH-BA informou ter enviado, há mais de 15 dias, um comunicado a todos os associados sobre os cuidados e procedimentos de prevenção a serem tomados nos hotéis, implementando as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A associação recomenda que os hotéis se atentem aos procedimentos de higienização e às pessoas com sintomas do novo coronavírus. “Recomendamos que grupos suspeitos que possuem sintomas façam os exames. Solicitamos que os colaboradores solicitem que os turistas com sintomas recorrem à unidade de saúde para fazer a verificação da doença”, disse Lopes.

Além de associações do turismo, a reunião desta segunda também contou com representantes da Anvisa, além da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). No encontro, o quadro clínico do COVID-19 foi esclarecido e questionamentos técnicos sobre como agir em casos pontuais foram feitos aos médicos presentes.

O Conselho Municipal de Turismo de Salvador é formado por 10 setores privados do turismo, além de representantes do setor público. Um representante da Vinci Airports, administradora do Aeroporto Internacional de Salvador, um da Socicam, administradora do Terminal Turístico Náutico da Bahia (TTNB), e outro da GL Events, concessionária do Centro de Convenções de Salvador, também estavam na reunião.

Estiveram na reunião representantes da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV-BA), Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-BA), Associação de Agências Operadoras de Receptivos da Bahia (Abre), Salvador Destination, Câmara Empresarial do Turismo da Fecomércio, Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Sindicato das Empresas de Turismo no Estado da Bahia (Sindetur) e Sindicato de Guias de Turismo da Bahia (Singtur-BA).

Da esfera pública, Casa Civil, Guarda Municipal, Empresa Salvador Turismo (Saltur), Secretaria Municipal De Mobilidade (Semob), Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur), SMS, Sesab e Anvisa também foram representados.