Corpo de Bira Reis será velado neste domingo (20)

Velório do multi-instrumentista acontecerá no Solar Ferrão; enterro está marcado para esta segunda-feira (21)

  • Foto do(a) author(a) Laura Fernades
  • Laura Fernades

Publicado em 20 de janeiro de 2019 às 14:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Agecom/Divulgação

O corpo do multi-instrumentista e educador Bira Reis será velado neste domingo (20), no Solar Ferrão, no Pelourinho, a partir das 16h. O corpo dele será enterrado nesta segunda (21), às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade. Às 10h, o Olodum fará uma homenagem. Bira morreu na tarde deste sábado (19), aos 64 anos, depois de passar mal enquanto subia a ladeira do Solar Ferrão, a caminho do trabalho. Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a prestar os primeiros socorros e Bira foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento dos Barris, mas não resistiu.

“Estava em casa, no Pelourinho, quando ligaram avisando que Bira estava passando mal na ladeira do Ferrão. Aí a gente desceu e viu uma moça tentando fazer massagem cardíaca nele, acho que era uma turista. Me emocionei logo, porque foi no mesmo horário que meu pai morreu, da mesma forma, em um dia de sábado. Não aguentei ficar... Coincidência muito triste”, narrou a produtora e presidente da banda Didá, Débora Souza, 41, filha de Neguinho do Samba (1955-2009).

Com a voz emocionada, Débora destacou que conhecia Bira desde criança e que foi muito difícil para ela e o irmão, o percussionista Anderson do Samba, 38 anos, enfrentarem a notícia. “Era como um pai pra mim, sabe?”, justificou Anderson.“Perdi meu pai da mesma forma que Bira... Veio um filme. E ainda falei com ele um dia antes... Fica a ficha sem cair, é muito forte”, disse Anderson, emocionado.Morando na Itália há 14 anos, o músico lembrou da última conversa com Bira, quando falou sobre os planos de tocar no Carnaval, e de seu último encontro com o músico de sopros que também era arranjador, compositor, pesquisador e artista plástico. Na data, Dia dos Pais de 2018, Anderson se apresentou com Bira e com Mestre Moa do Katendê (1954-2018) na Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô).

“São muitas perdas”, lamentou Anderson. “Mas temos que ser fortes. Lembro muito do que Moa me dizia: ‘precisamos nos fortalecer’. Mas é difícil. Todo mundo vai um dia, mas a gente nunca está preparado”, completou o músico nascido e criado no Pelourinho que, aos 8 anos, viu Bira no palco pela primeira vez.

Ao lembrar do seu legado, o percussionista e educador musical Mestre Jackson, 56, que tocou com Bira no Olodum, destacou que “ele modificou o movimento percussivo da Bahia”.“Quando Bira Reis acrescentou o naipe de sopro na música percussiva, foi fundamental pra tornar essa música pop e influenciar a axé music”, ressaltou.Anderson do Samba concordou e destacou que Bira “foi o pioneiro do axé music instrumental”, ao acrescentar harmonia e melodia às músicas. “Ele foi o primeiro saxofonista do Olodum e o primeiro a introduzir esse tema instrumental no axé music, no samba-reggae, junto com Neguinho do Samba. No Olodum, foi uma novidade essa questão do saxofone com os tambores, que acaba sendo um afro-jazz, porque Bira não gostava muito dessa coisa de ‘axé music’”, garantiu. “Além de músico, ele era um ativista da cultura, um incentivador”, completou.