CORREIO homenageia Mãe Stella com registro da sua despedida

A ialorixá ficou conhecida em todo o Brasil como uma das maiores fomentadoras da cultura negra e defensoras do Candomblé

Era uma sexta feira, do dia 19 de março de 1976, quando 15 minutos antes das 11h, o babalaô Agenor Miranda, filho espiritual de Mãe Aninha e irmão de Mãe Ondina, fez o jogo que levaria Odé Kayodê a dirigir os destinos do Ilê Axé Opô Afonjá. Na última sexta-feira do ano de 2018, a Senhora do Afonjá foi velada no barracão no São Gonçalo do Retiro. O jornal Correio acompanhou ou últimos passos da filha do Senhor da Alegria nessa terra(Aiyê) e trouxe um registro de imagens para homenagear a rainha do seu povo. 

Por 42 anos, Stella Azevedo, também conhecida como Mãe Stella de Oxóssi dirigiu com sabedoria e sagacidade os destinos da comunidade de São Gonçalo, liderando em 1983, durante a II Conferência Mundial de Tradição dos Orixás e Cultura, um movimento contra o sincretismo do catolicismo e das religiões de matrizes africanas. Incansável, em 1999, ela conseguiu o tombamento do espaço sagrado do Opô Afonjá pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão ligado ao Ministério da Cultura. 

Enquanto caçava em prol da comunidade, Stella ganhava destaque como fomentadora da cultura em todo o País, sendo condecorada com os títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades Federal da Bahia e do Estado da Bahia, além de ter sido homenageada com a comenda Maria Quitéria (Prefeitura do Salvador), Ordem do Cavaleiro (Governo da Bahia) e da comenda do Ministério da Cultura. Em 2013, foi eleita por unanimidade para a Academia de Letras da Bahia e assumiu a cadeira número 33, cujo patrono é Castro Alves. Enquanto escrevia sobre o Candomblé e sua sofisticada relação com a filosofia, Mãe Stella também desenvolvia inúmeros projetos como um canal do Youtube, que a aproximava das novas gerações, levando seu conhecimento e generosidade para o mundo.