A crise diplomática entre Holanda e Turquia acabou envolvendo outros países. Neste domingo (12), o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Løkke Rasmussen, suspendeu a visita do homólogo turco, Binali Yildirim, à Copenhague, que ocorreria ainda esse mês. "Essa visita não poderia acontecer abstraindo-se dos atuais ataques por parte da Turquia contra a Holanda. Então, propus ao meu colega turco adiar o nosso encontro", disse em comunicado o chefe do governo dinamarquês.
Tudo começou depois que o governo holandês barrou dois ministros de Ancara, que realizariam comícios em favor do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. O chanceler Mevlut Cavusoglu foi proibido de voar para Roterdã, e a ministra turca da Família, Fatma Betul Sayan Kaya, não pode entrar no consulado turco da capital holandesa e teve que ser escoltada para a fronteira com a Alemanha.
As tensões se elevaram ainda mais quando o chefe do governo turco, em resposta, ameaçou a Holanda, dizendo que a nação pagaria um alto preço pela sua postura nazista e islamofóbica. "Eles certamente vão pagar o preço, e também aprender o que é diplomacia. Vamos ensiná-los diplomacia internacional", reagiu Erdogan num evento neste domingo em Istambul.
Mais tarde, em outro evento, Erdogan pediu às organizações internacionais que imponham sanções à Holanda. Segundo ele, a Holanda esta agindo como uma “república de bananas”. Ele ainda criticou os países europeus por se omitirem em relação ao tratamento que a Holanda deu aos ministros turcos.
Enquanto isso, Cavusoglu informou que um pedido de desculpas não vai ser suficiente. Já o primeiro-ministro Binali Yildirim disse que a Turquia retaliará das "formas mais duras" por ambos casos envolvendo seus ministros, respondendo "na mesma moeda este comportamento inaceitável".
A crise diplomática também fez as autoridades turcas fecharem a embaixada em Ancara e o consulado da Holanda em Istambul neste sábado (11) após manifestantes se aglomerarem do lado de fora dos locais, jogando pedras e ovos nos prédios.
Já o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse, neste domingo, que irá promover uma "desescalada" na crise entre seu país e a Turquia, embora tenha defendido a decisão de seu governo de expulsar no sábado à noite a ministra turca da Família. "Devemos ser a parte sensata", comentou.
Quanto ao caso de Fatma, ele revelou que ela ignorou os pedidos de Haia para não viajar a Roterdã e disse que "o que aconteceu ontem foi inaceitável". Rutte também acusou a Turquia de querer tratar os holandeses de origem turca como cidadãos turcos. Cerca de 400 mil pessoas de origem turca vivem na Holanda. "São cidadãos holandeses".