Criança rouba a cena em missa do Santuário Santa Dulce dos Pobres

Davi Coutinho pediu ao avô para ver Jesus e correu para o altar

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  • Gil Santos

Publicado em 27 de maio de 2021 às 16:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Paula Fróes/ CORREIO

A missa que marcou os dez anos do Santuário Santa Dulce dos Pobres, no Largo de Roma, em Salvador, teve um ator inesperado. Uma criança correu entre os bancos, se aproximou do altar e provocou risos. Longe de ser repreendido, o menino foi acolhido por funcionários e outros fiéis que o levaram de volta para a família.

Davi Coutinho, 3 anos, roubou a cena ao escapulir das mãos do avô e correr em direção ao altar. Primeiro, ele brincou entre os bancos, até avistar o frasco de álcool em gel. Um adulto tentou tomar e o menino ameaçou chorar, mas foi acolhido por um dos funcionários. Os olhos atentos não perdiam o movimento dos padres no altar e ele quase avançou sobre o incenso que um dos clérigos carregava, mas foi contido. Enquanto aguardava a mãe, garoto deixou o avô cansado (Foto: Paula Fróes/ CORREIO) O menino tem intolerância à lactose e faz tratamento nas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). A família é de Madre de Deus, na Região Metropolitana, e todos os meses precisa ir ao hospital. O avô do garoto, Antônio Carlos Neres, 68, contou que foi Davi quem pediu para ir à missa.

“A mãe ensinou para ele sobre Jesus, e sempre que vê uma igreja ele pede para a gente ir ver Jesus. Hoje, quando a gente estava saindo do hospital, ele pediu para vir, mas soltou da minha mão e eu não consegui segurar antes dele sair correndo”, contou o idoso. Devotos acompanham a missa (Foto: Paula Fróes/ CORREIO) A missa começou por volta das 8h30 e foi presidida pelo bispo auxiliar Dorival Souza Barreto Júnior. O cardeal dom Sérgio Rocha teve um mal-estar e não pode comandar a celebração que marcou os dez anos do Santuário. A sobrinha de Santa Dulce, a superintendente das Osid, Maria Rita Pontes, contou que o acolhimento é um ato de amor muito necessário atualmente.

“A gente só pensa no acolhimento na forma de abraço, mas Irmã Dulce dizia uma coisa que é a pura verdade, sempre que puder, fale de amor e com amor para alguém. Isso faz bem ao coração de quem ouve e a alma de quem fala. Acredito que nesse momento de pandemia, em que a gente não pode se abraçar e se beijar, a palavra e o olhar passaram a ser o melhor instrumento que a gente tem para se comunicar com o outro”, disse. Cerimônia aconteceu no santuário (Foto: Paula Fróes/ CORREIO) Durante a cerimônia as relíquias de Santa Dulce foram levadas ao altar ao som de Anjo bom dos Alagados, do Padre Antônio Maria, e foi feita a leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, em que se afirma que cada ser humano é um santuário de Deus. Os devotos contaram que rezaram pelo fim da pandemia e pelas vítimas da covid-19.

A irmã de Santa Dulce, Ana Maria Pontes, e o reitor do santuário, frei Giovanni, destacaram as benfeitorias da santa, e a relação dos devotos com o templo, que mesmo durante a pandemia está sendo local de acolhimento. Leituras e louvores falaram de acolhimento (Foto: Paula Fróes/ CORREIO) Santuário O Santuário Santa Dulce dos Pobres, no Largo de Roma, foi construído em 2003, e batizado inicialmente de Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em homenagem à Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, unidade a qual pertenceu Irmã Dulce.

Somente em 2011 o templo foi elevado à condição de santuário, ainda assim, como Santuário da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Essa mudança permitiu que casamentos, batizados e outras cerimônias religiosas pudessem ser realizados no local.

A mudança no nome aconteceu em 13 de outubro de 2019, por conta da Canonização de Irmã Dulce. A partir de então o espaço passou a se chamar Santuário Santa Dulce dos Pobres. É onde estão os restos mortais da santa e por onde passam milhares de visitantes todos os anos.