Crianças não sabem ler, mas sabem colocar camisinha, diz ministro da Educação

Milton Ribeiro citou uma disputa, que foi levada ao Tribunal de Contas da União (TCU), envolvendo questões de gênero em livros didáticos

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  • Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2021 às 23:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Catarina Chaves/MEC

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que as crianças brasileiras não sabem ler apropriadamente, mas sabem até colocar uma camisinha. A fala ocorreu durante aula magna proferida na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) na segunda-feira, 26. Ribeiro disse que "estava na hora de dar um basta nisso" e citou uma disputa, que foi levada ao Tribunal de Contas da União (TCU), envolvendo o tema em livros didáticos.

"O presidente da República pediu para mim: 'Milton, cuide das crianças'. Professora Ludmila, crianças com nove anos, dez anos, não sabe ler (sic). Sabe tudo, com respeito a todas as senhoras aqui presente, sabe até colocar uma camisinha, mas não sabe que ‘b’ mais ‘a’ é ‘ba’", disse, se dirigindo a uma plateia que acompanhava presencialmente o evento.

Na sequência, disse que precisava "dar um basta nisso". "É por isso que esse pessoal do contra me levou agora para o Tribunal de Contas da União porque eu retirei do edital do livro didático questões de gênero para crianças de 6 a 10 anos", contou o ministro. A questão no TCU, segundo Ribeiro, foi decidida a seu favor.

"Onde já se viu, começar a discutir esses assuntos… Não que eu sou contra as discussões desses assuntos, respeito a orientação de todos, mas acho que a gente não tem o direito de violar a inocência de uma criança nessa idade de 6 a 10 anos trazendo questões...Se você quer ser homem, é homem, se quer ser mulher, é mulher. A biologia, a natureza diz que ele é homem, é xy, mas eles querem dizer que a pessoa pode escolher o que quer", continuou o ministro em sua fala na UFPB.

Sobre o tema, Ribeiro disse que é "bem radical". "Se querem me chamar de radical, eu sou. Acho que existe idade para tudo, e eu não permiti e o melhor o TCU por unanimidade me apoiou e disse que não era a hora de discutir esse assunto com crianças de 6 anos a 10 anos, era um tema que não poderia estar no edital que lancei para os livros didáticos."

Em fevereiro, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) questionou mudanças no edital do Programa Nacional do Livro Didático. Ela apontou que o edital havia retirado dos critérios para a escolha das obras temas como violência contra a mulher, racismo e preconceito regional. "Pluralismo de ideias e respeito à diversidade são base da educação!", disse a parlamentar na oportunidade.

Essa não é a primeira fala do ministro sobre o tema de gênero e diversidade. Em depoimento à Polícia Federal em março, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu desculpas sobre as declarações feitas em entrevista ao Estadão, em que afirmou que o "homossexualismo (sic)" é "fruto de famílias desajustadas". Aos investigadores, Ribeiro disse que não quis "desrespeitar ninguém" com a fala e afirmou que, na sua visão, "a família dos gays são famílias como a sua".