Crianças passam o rodo e recolhem lixos na praia de Stella Maris

A ação foi para despertar a consciência da população para as agressões que o lixo pode causar ao meio ambiente

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  • Gil Santos

Publicado em 11 de março de 2017 às 13:39

- Atualizado há um ano

Drummond encontrou no meio do caminho uma pedra, mas se o poeta tivesse caminhado pelas areias da praia de Stella Maris acharia outras coisas mais, como garrafas pet, cascas de coco, palitos de picolé e dezenas de sacolas plásticas. Na manhã deste sábado (11), cerca de 200 estudantes do Colégio Gênesis resolveram fazer um faxinaço no local e recolher os materiais que foram descartados de forma irresponsável.

A ação fez parte da 7ª edição do Passando o Rodo nas Praias, um evento gratuito que tem como objetivo despertar a consciência da população para os males que o lixo pode causar ao meio ambiente. Foram oferecidas também aulas de surf, campeonato Tag Team, simulação de salvamento no mar e oficina de reciclagem.Estudantes e pais foram à praia neste sábado para ajudar a preservar o meio ambiente (Foto: Vagner Souza/Divulgação)Os termômetros estavam marcando 30º C e o sol estava forte quando os estudantes, a maioria entre 8 e 12 anos, começaram a caminhada pela manhã. A primeira parada foi para ver a corrida dos filhos de tartarugas marinhas do Projeto Tamar em direção ao mar. Houve disputa para fazer fotos com os bichinhos."Essa foi a melhor parte do projeto. Foi muito bom. A gente não podia pegar nas tartaruguinhas, mas deu para fazer fotos", contou animado o estudante do 6º ano, Gabriel Melo, 8 anos. Em seguida, o grupo formado por cerca de 400 pessoas, entre estudantes, pais de alunos e o pessoal da organização, começou a recolher os objetos encontrados na areia, da praia do Secret até Stella Maris. No ranking de materiais descartados de forma indevida, as sacolas plásticas ganharam. Palitos, garrafas de água e bitucas de cigarro também foram vistos com frequência na areia.

Vestidos com a camisa branca do projeto, o grupo despertou a atenção por onde passava. Uma garotinha abaixou, revirou um pouco a areia e encontrou uma garrafa pet. O amigo que estava do lado achou uma sacola plástica presa em uma vegetação. Um outro garotinho chamou a mãe, apontou para o chão e pediu que a mulher ajudasse a recolher as bitucas de cigarro que foram deixadas ali. Crianças trabalham em reciclagem de material encontrado na praia (Foto: Vagner Souza/Divulgação)ConsciênciaO gestor de logística Chafik Armando Jabaly, 45, mora em Stella Maris há 19 anos e contou que, infelizmente, a sujeira está se tornando parte da paisagem. Ele levou o filho, Chafik Neto, 8, para participar da ação. Nas mãos, pai e filho levavam uma sacola plástica de lixo que estava preenchida até a metade com objetos encontrados na areia.

"O objetivo é educar as crianças e todos os que frequentam a praia para manter o local sempre limpo. É um projeto de educação que começa na infância e deve chegar até os adultos. A educação ambiental precisa ser discutida desde a infância, nas praias, na família e na escola. A solução é simples: basta uma sacola. Cada um leva o lixo que produz e a praia fica sempre limpa", afirmou. Chafik tem razão e o objetivo da ação, segundo os organizadores, é que essa discussão não se esgote na praia. A coordenadora do Passando o Rodo nas Praias, Carla Circenes, contou que a intensão é que o assunto seja discutido em sala de aula nos próximos meses. "Estamos na 7ª edição do projeto Passando o Rodo nas Praias. Um evento de educação ambiental completamente associado a esporte, voltado a proteção das praias, oceanos e mares. Nessa edição estamos com a participação do Colégio Genesis e não vai se tratar de uma ação pontual. Eles vão trabalhar esse conteúdo ao longo do ano, como um processo educativo mesmo", afirmou. 

O evento foi realizado pela A4 Comunicação, com apoio da prefeitura, através da Secretaria Cidade Sustentável (Secis), do Governo do Estado, DPI, Barraca do Lôro e Carla Circenes.Grupo Quabales durante apresentação em Stella Maris (Foto: Gil Santos/CORREIO)Bandeira azulA Associação de Surf e Ecologia de Stella Maris espera que a conservação da praia seja mantida, sobretudo, porque está com uma campanha para que a praia receba a Bandeira Azul, uma espécie de certificado de qualidade fornecido, anualmente, pela Fundação para a Educação Ambiental (Fee).  Todo o lixo coletado na praia foi entregue para uma associação de reciclagem. Depois da ação, as crianças aproveitaram o restante da manhã para se deliciar com picolés, sorvetes, brincar no pula-pula e conversar com monitores do Projeto Tamar. 

O grupo de percussão Quabales encerrou o evento. Essa foi a primeira vez que eles participaram da ação. O criador do projeto e integrante do grupo, Marivaldo dos Santos, contou que através do reaproveitamento de alguns objetos é possível produzir som. "Nossos instrumentos são de reciclagem, essa é a nossa proposta. Nós reaproveitamos o balde, a garrafa de água que iriam para o lixo e fazemos som com eles. Essa consciência de manter a praias e as ruas é algo que trabalhamos no Nordeste de Amaralina, então, fazer isso aqui também é importante", afirmou.

Depois que a multidão passou, na areia branca ficaram apenas os banhistas, algumas cangas e as pegadas daqueles que fizeram a diferença na manhã de hoje.