Criminosos que não sabiam usar dinamite em roubo a bancos são presos

Segundo delegado, agência era destruída mas cofre ficava intacto

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  • Bruno Wendel

Publicado em 27 de agosto de 2018 às 18:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Polícia Civil

A falta de preparo na instalação de explosivos em instituições financeiras e a ligação com a facção do Bonde do Maluco (BDM) da Polêmica – fruto de recente ação da polícia e que resultou em prisões e morte – levaram os agentes ao Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) à prisão de dois integrantes de uma quadrilha de assalto e arrombamentos a banco na Região Metropolitana de Salvador (RMS) e no interior do estado. Um dos capturados foi o líder do bando, responsável por ações em pelo menos cinco municípios neste ano, entre eles Catu, onde quatro agências bancárias foram alvo dos bandidos em um único dia.

“Em alguns casos, a agência era destruída, mas o cofre ficava intacto. Então, percebemos que a quadrilha não tinha expertise na instalação dos explosivos. Não tinha alguém com habilidade de manuseio das dinamites como em outras quadrilhas”, explicou o delegado Paulo Guimarães da Divisão de Crimes contra Instituições Financeiras do Draco.

Segundo o delegado, o líder da quadrilha, Ueldon José Oliveira de Assis, o Cabeça, 40 anos, preso neste sábado em Itapuã, saiu do Complexo Penitenciário da Mata Escura em fevereiro deste ano, onde cumpria pena por tráfico de drogas, após ser beneficiado com um habeas corpus da Justiça.  Ueldon José Oliveira de Assis, o Cabeça, 40 anos (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) “Então, ele e o grupo passaram atuar também em assaltos e explosões a instituições financeiras. Anteriormente, ele agia só. Quando saiu, aliou-se ao grupo da Polêmica, ligado ao BDM. Mas, durante as investigações, percebemos a falta do traquejo para a instalação dos explosivos. Um exemplo disso foi a ação deles na agência do Banco do Brasil no CIA. O banco quase veio a baixo, mas os caixas eletrônicos ficaram intactos”, declarou o delegado, fazendo referência ao ataque à agência bancária na madrugada do dia 1º de maio deste ano, numa área industrial da Cia/Aeroporto, em Simões Filho. No dia, bandidos fizeram barreiras para bloquear o acesso à agência, ateando fogo em quatro veículos.

Além de Catu e Simões Filho, o bando agiu nas cidades de Euclides da Cunha, Jeremoabo e Cardeal da Silva. “Estamos apurando a relação do bando com outros casos”, disse Guimarães. De acordo com o delegado Marcelo Sansão, diretor do Draco, até agora, neste ano, houve 45 ataques criminosos contra instituições financeiras – no ano passado, foram 60 ocorrências. “Isso significa uma redução de 25%. A gente está evoluindo a cada ano”, explicou o delegado. 

Prisões Líder da quadrilha, Ueldon foi preso quando recebia atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itapuã. Ele deu entrada após sofrer um acidente de moto. “Fomos informados e deslocamos nossa equipe para lá. Como Cabeça estava sem documentos, um policial se passando por funcionário da unidade ligou para o comparsa dele dizendo que era necessário o documento de identificação para o tal atendimento e assim foi feito”, revelou o delegado Paulo Guimarães do Draco.

Ao chegar à UPA com o documento de Cabeça, Elielson Evangelista de Oliveiro, o Primo, também foi preso. Ambos tinham mandado de prisão pelo ataque as quatro agências bancárias de Catu. Além de Cabeça e Primo, outros seis integrantes do bando já estão presos – são 20 integrantes no total e todos com mandados de prisão expedidos pela Justiça.

Em maio deste ano, menos de um dia após duas agências bancárias serem explodidas em Jeremoabo, no Nordeste da Bahia, e terem quantias roubadas, as polícias Militar (PM) e Federal (PF) conseguiram localizar e prender seis suspeitos dos ataques. Eles foram capturados em posse de armas e parte do dinheiro levado quando passavam pela BR-101, nas proximidades da cidade de Esplanada, também no Nordeste do estado.

Foram presos Hugo Ferreira da Silva, Adriano Santos Pereira, Ricardo Aparecido Sena, Washigton Santos de Jesus, Gabriel Henrique da Silva e Marcos Vinícius Conceição.

Morte Um dos integrantes do grupo morreu dias antes do assalto em Jeremoabo. Edvan Guimarães dos Santos, o Mad Max, foi assassinado em Alagoinhas.

“O crime foi cometido por dois homens numa moto. Estamos investigando se houve alguma desavença entre eles que motivou uma execução”, declarou o delegado Paulo Guimarães.