Crise na Casa Branca ameaça se espalhar e atingir outros assessores de Trump

Presidente dos EUA utilizou sua conta no Twitter hoje para rebater reportagens que acusam membros de sua campanha eleitoral de terem tido contato com agentes da inteligência da Rússia

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  • Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 09:53

- Atualizado há um ano

Há menos de 30 dias da posse do presidente Donald Trump, a crise na Casa Branca ameaça se espalhar. O FBI - polícia federal norte-americana -, agências de inteligência e o Congresso dos Estados Unidos estão investigando o possível envolvimento de outros conselheiros, que ocupam altos postos no atual governo, com autoridades da Rússia durante as eleições presidenciais de 2016.As investigações sobre o assunto começaram há algumas semanas e atingiram o auge ontem (14/2), com a saída do conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, que foi obrigado a pedir demissão na segunda-feira (13). Segundo a Casa Branca, Michael Flynn induziu a erro o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, ao mentir sobre a verdadeira dimensão de seus contatos com a embaixada russa em Washington. Antes de o assessor pedir demissão, Mike Pence chegou a dar várias entrevistas defendendo Michael Flynn e negando os contatos entre o ex-conselheiro da Casa Branca e os russos.Hoje (15/2), O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, utilizou sua conta no Twitter nesta quarta-feira para minimizar os relatos de imprensa de que membros de sua campanha para a Casa Branca teriam tido contato com agentes da inteligência da Rússia durante a corrida presidencial do ano passado."Este absurdo sobre conexões com a Rússia é meramente uma tentativa de encobrir os muitos erros feitos pela campanha derrotada de Hillary Clinton", escreveu o republicano."Informações estão sendo ilegalmente repassadas para os defeituosos New York Times e Washington Post pela comunidade de inteligência (NSA e FBI?). Assim como na Rússia", completou. Ontem, o New York Times publicou matéria alegando que membros da equipe de campanha de Trump, entre eles Paul Manafort, que trabalhou brevemente como seu chefe do estafe, mantiveram contato com a inteligência russa durante a eleição. O Kremlin negou os relatos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também negou a veracidade dos relatos da imprensa dando conta de que funcionários da inteligência da Rússia tiveram contato com membros da equipe de Donald Trump durante a campanha presidencial, no ano passado.  Em conversa com jornalistas, Peskov notou que as fontes pediram anonimato e que as reportagens "não são baseado em fatos, não apontam para fatos".CongressoEm meio à crise, parlamentares dos partidos Republicano e Democrata disputam para tomar a frente das investigações no Congresso Nacional. Alguns republicanos vêm demonstrando preocupação com a possibilidade de que outros membros do gabinete de Trump tenham mantido contato frequente com oficiais russos de inteligência ao longo do ano passado. Mas os republicanos, que são maioria no Congresso, por enquanto ainda não estão aceitando a proposta dos democratas de fazer uma investigação mais profunda, com poderes para entrevistar membros do governo e ter acesso a documentos secretos. A ideia é conduzir um exame independente sobre os contatos entre os que hoje ocupam posições chave no governo e autoridades russas. Eles ainda consideram que três grupos que examinam o assunto no Congresso são suficientes.A preocupação dos congressistas, porém, não é acompanhada pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, que deu entrevista nessa terça-feira (15) dizendo que "não houve contatos pré-eleitorais" entre a equipe Trump e as autoridades russas. Mas as palavras de Spice estão sendo relativizadas pela imprensa norte-americana, que lembra que, no mês passado, portanto antes da saída de Michael Flynn, Donald Trump também tinha negado qualquer contato entre seus assessores e os russos.O pedido de demissão de Michael Flynn não foi o primeiro caso que mostrou afinidades entre assessores de Trump e os russos. No fim de agosto do ano passado, Paulo Manafort, então coordenador da campanha eleitoral de Donald Trump, renunciou à função depois de revelações de que sua empresa fazia um lobby secreto em favor de um partido político pró-Rússia, da Ucrânia. Mas, mesmo depois que assumiu o governo, em 20 de janeiro, Donald Trump tem mantido postura amigável à Rússia e jamais criticou as ações do presidente Vladimir Putin.