Daniel Alves: um baiano de dar orgulho

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  • Miro Palma

Publicado em 16 de maio de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Anteontem foi divulgada a lista dos convocados para a Seleção Brasileira que irão disputar a Copa do Mundo na Rússia. De todas as ausências especuladas, a que não causou surpresa – por motivos óbvios – foi a sua, Daniel Alves. Se me perguntassem, há um ano, quais jogadores eu tinha certeza que o Tite iria convocar a ponto de apostar todo o meu dinheiro, eu arriscaria no máximo uns seis ou sete nomes e o seu, definitivamente, seria um deles.

Você tem vestido a amarelinha por mais de uma década, é um dos laterais com presença mais constante na Seleção, um líder, um possível capitão desse grupo, titular absoluto na posição. Mas, quis o destino que uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito, ocorrida durante a final da Copa da França, em que o seu clube saiu vencedor, transformasse o inevitável em dúvida. Dúvida essa que não durou muito e foi substituída por uma certeza inesperada. Você estava fora da Copa do Mundo.

No instante em que as primeiras notícias sobre o estado da sua lesão começaram a sair, eu pensei: pô, que pena. O pesar não era somente pela contusão ou pela perda de um nome importante na equipe. Eu pensei em você, um atleta de 35 anos que jogaria seu terceiro Mundial, no grupo que talvez tenha mais chances de sair vitorioso dentre os que disputaram as últimas edições, o cara que provavelmente levantaria a taça do hexa que tanto sonhamos, percebendo que não chegaria lá.

Passada a consternação, comecei a pensar na sua história. No garoto que saiu de Juazeiro para se tornar um dos maiores nomes do futebol mundial, um jogador da elite atual... Por que mesmo eu estava com pena desse cara? Nada em sua história é digno de pena. Você tem traçado um caminho excepcional.

Desde aquela cama de cimento de onde você acordava às 5h para ajudar seu pai na roça, passando pela promessa do garoto de 13 anos de que só retornaria para casa quando deixasse o pai orgulhoso, até, claro, a maior coleção do mundo de títulos que um jogador de futebol já conquistou: 38 taças, incluindo um Nordestão pelo Bahia, em 2002. Sem falar no sucesso, na fama, nos ganhos financeiros, no guarda-roupa fashion e nos milhões de fãs que você acumulou ao longo de sua carreira.

Não é pena o sentimento que você nos inspira, é admiração. É o deslumbramento em ver um baiano de origem pobre ultrapassar todas as barreiras sociais e se tornar um ícone do esporte, uma referência de Brasil. É o encantamento em ver um atleta já consagrado, no alto dos seus 35 anos e prestes a participar de uma Copa do Mundo, disputar uma partida por seu clube com a garra de um novato.

Olhando agora, ver você se machucar aos 41 minutos do segundo tempo de uma partida pelo Paris Saint-Germain, que aconteceu há pouco mais de um mês do início da Copa, me fez respeitá-lo ainda mais. Valorizo quem, assim como eu, tem apreço pelo futebol. Não pelo “mainstream” da bola, mas pela atividade em si, pelo que realmente constitui o esporte. E você demonstrou isso mais uma vez. Então, não se preocupe quanto a qualquer outro sentimento que essa sua ausência na Seleção que vai buscar o hexa possa ter nos causado. Falo por muitos e só conseguimos sentir, por você, gratidão.