Daniela faz live nesta sexta-feira (29) com transmissão no Multishow

Apresentação da cantora será em casa e terá clássicos como O Canto da Cidade, além de canções novas

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  • Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Célia Santos/Divulgação

Claudia Leitte, Bell Marques e Ivete Sangalo já fizeram suas lives durante a quarentena. Agora, é a vez de Daniela Mercury se apresentar para os fãs amanhã, a partir das 20h. O show será transmitido ao vivo da casa dela no YouTube e também pelo Multishow, na TV a cabo. “Escolhemos a sala da casa para reforçar essa importância de ficar em casa. E resolvi fazer de um jeito mais humanizado, embora tenha a banda um pouco reduzida e a equipe técnica muito reduzida”.

No Multishow, a transmissão tem duas horas de duração. Mas, como o repertório é muito vasto, a apresentação vai se estender no YouTube. Clássicos da carreira de Daniela, como Nobre Vagabundo e Canto da Cidade, estão no repertório da apresentação. Canções de seu mais recente álbum, Perfume, também serão apresentados, como como Proibido o Carnaval, que ela gravou com Caetano Veloso,  Rainha da Balbúrdia e Confete e Serpentina, que fez sucesso no Carnaval. A direção é de Chico Kertész, que dirigiu o documentário Axé - Canto do Povo de um Lugar.

Daniela lembra que já fez shows no formato voz e violão e, inicialmente, ficou em dúvida se faria a live assim.“Queria algo com mais espontaneidade, por isso, fazer com a banda era importante. Já fiz umas lives rápidas, com as bases dos meus discos. Mas a gente discutiu muito e viu que dava pra fazer com banda”.Ela destaca algumas lives que assistiu e diz ter gostado especialmente de algumas: “Vi desde algumas mais simples a outras mais produzidas. Os artistas com quem não tenho muita afinidade, não assisti muito. Até observei uns, mas prefiro não comentar. Eu gostei muito do Jota Quest, de Alceu com violão - adorei ouvir as histórias dele -, achei que Marilia Mendonça foi muito direta e natural. Há uma tensão para o artista porque é tudo muito novo pra gente, a gente não tem público na nossa frente e isso cria um outro universo”.

Segundo a cantora, sua produção será realizada com os cuidados que o momento exige, com os músicos bem distantes um do outro e Daniela, que não poderá usar máscara para não atrapalhar o canto, ficará sozinha na sala, distante dos seis integrantes da banda. As doações realizadas pelos fãs serão dirigidas para o Unicef - órgão de que Daniela é embaixadora - e para o Instituto Nice, que atende à comunidade LGBTQI+.

O envolvimento com questões sociais, por sinal, é um dos assuntos que mais entusiasma a cantora, que é filha de uma assistente social e irmã de outra profissional da área.“Meu vínculo [com as causas sociais] é contínuo, não só como artista, mas como cidadã. Não consigo me desvencilhar das questões sociais brasileiras. Elas estão expressas nas minhas canções. Questões de racismo e a luta LGBT, por exemplo. No momento em que me casei com Malu, tornei-me militante dessa causa porque me interessa muito mudar o mundo de todas as maneiras”, diz a cantora.Futuro da arte Outro assunto que preocupa a cantora é o futuro da arte, especialmente após a pandemia. Para sustentar sua preocupação, ela critica o neoliberalismo e o estado atual do capitalismo. “O capitalismo acumulou riquezas demais. Muitas pessoas achavam que os 'mercados' iam mandar no mundo e que o liberalismo é o caminho, mas essas pessoas agora estão repensando essa ideia. Nesse cenário, as artes já vinham sofrendo muito, porque se o sistema não valoriza o ser humano, não valoriza a arte. E a arte é produção humana. Então, diante de tudo que estamos passando, espero que a gente valorize mais a vida”.

A cantora não poupa críticas ao atual governo federal: “Quando a sociedade valoriza algo, os governos são obrigados a valorizar porque o governo representa uma parte da população. E esse governo que está aí representa um grupo de pessoas que tá mais ligado a coisas que a pessoas”.

Daniela, que conversou com o CORREIO na terça, 25,  estava  atenta à tramitação da Lei de Emergência Cultural, que acabou sendo votada e aprovada pela Câmara ontem. Agora, segue para aprovação no Senado. O projeto prevê a destinação de R$ 3,6 bilhões na aplicação de ações emergenciais de apoio ao setor cultural em razão do isolamento provocado pela pandemia.

“A lei foi criada para um grupo de pessoas que trabalham com arte e que vive de pequenos espetáculos. Ela não é para grandes artistas, é um valor pequeno para as instituições que estão sem perspectiva de volta e a lei exige uma contrapartida: grupos de arte que recebam o auxílio deverão oferecer espetáculos para a população de graça quando acabar tudo isso”, observa Daniela.