Daniela Mercury comemora 19 anos à frente do Projeto Pôr do Som

A cantora mais uma edição durante o Festival Virada Salvador com participação do Balé Folclórico e do Grupo Quabales

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 1 de janeiro de 2018 às 16:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Célia Santos/Divulgação

Quando o sol se por, Daniela Mercury vai fazer mais um show do Projeto Pôr do Som, que comemora 19 anos em 2018. A cantora se apresenta às 18h na Arena batizada com o nome da idealizadora: a cantora Daniela Mercury. Nessa edição, o Pôr do Som – que integra a programação do Festival da Virada, na Boca do Rio – trará mais que música e contemplará um espetáculo cênico, onde a dança e o som serão os grandes convidadas da “rainha da axé music”. 

Para tanto, Daniela levará o Balé Folclórico da Bahia, que comemora 30 anos de existência, e o grupo Quabales, projeto do multi-instrumentista e produtor Marivaldo dos Santos ao palco. 

Daniela lembra que além de cidade da música, Salvador é a cidade da dança e que essa expressão será o canal de celebração e reverência para todos os santos que habital a primeira capital do País. “Várias performances especiais estão sendo preparadas e o vigor do Balé Folclórico estará em várias partes do show, com coreografias próprias e dançando algumas músicas do meu repertório”, esclarece a cantora.

Quando o assunto é o Quabales, Daniela faz questão de ressaltar que Quabales é fruto de um projeto sócio educativo e cultural que contempla teoria musical, violão, percussão, break dance, performance percussiva, canto e percussão eletrônica. O grande diferencial da iniciativa é a produção de instrumentos musicais não convencionais a partir de material reciclado. Atualmente, o grupo atende mais de 80 jovens do Nordeste de Amaralina.  O nome do grupo foi originado da junção do número quatro, referente às quatro bocas dos instrumentos e o final da palavra Timbales, que é o formato do instrumentos. “Eles são para mim a grande revelação da música de Salvador. Além das performances, eles lançaram a linda música Cabeça aos Pés, que eu amo e indico pra todos ouvirem", sugere a cantora. Daniela lançará para o grande público suas novas canções de trabalho, batizada por ela como o ET Trieletro, entre elas está uma composição com Márcio Victor (Fotos: Célia Santos/Divulgação)  Como você está preparando o show desse ano na Boca do Rio? Quem for a Arena que leva o seu nome vai assistir a que tipo de apresentação? O Pôr do Som será um espetáculo de dança e performances minhas com o Balé Folclórico da Bahia e com o Quabales.  É também o show de lançamento do ET TRIELETRO(ET é como a cantora passou a chamar seus EPs, só em versão digital, sem uma mídia física). Então, as cenas de Banzeiro serão incríveis, com figurinos lindos e coloridos. Samba Presidente ganhou uma coreografia do Quabales. O show terá canções do Vinil Virtual e clássicos de música afro dos meus álbuns, será lindo plasticamente e muito baiano. 

Todos os anos, seus shows fazem homenagens e referências à cultura baiana e brasileira? O que foi pensado para esse ano? A cultura baiana e a cultura brasileira fazem parte de mim, da minha essência. Eu carrego a herança africana e o jeito do baiano comigo. Canto a música negra de protesto da Bahia e danço afro desde criança. Não é à toa que este ano temos as marcas tão fortes do nosso povo no palco do Por do Som: o Balé Folclórico da Bahia, que está completando 30 anos em 2018,  e o Quabales, criado pelo excepcional músico baiano Marivaldo dos Santos.  A canção Banzeiro vem com toda força para 2018. Como será o Carnaval de Daniela Mercury nessa ano que começa? Será um carnaval inspirado nas músicas do ET, TRI ELETRO. Estou preparando cenas lindas pra levar o colorido e a alegria de Banzeiro para o TRIATRO. Até agora tenho confirmados três dias de desfile em Salvador: Domingo e Segunda com o bloco Crocodilo, no circuito da Barra e Terça na Avenida Sete, durante o dia, com a Pipoca da Rainha. A força de Banzeiro é impressionante, parece muito com Maimbê. E tem a alegria e a leveza tão necessárias. Samba Presidente e Eletro Ben Dodô também vão ganhar destaque no carnaval com performances e cenas que ainda estou preparando. 

Você lançou nas plataformas digitais três novos singles e fez um lançamento inusitado de Banzeiro no Farol da Barra. Quais são os planos para 2018? Eleger um samba para presidente! (Risos) E gravar mais músicas que nos fortaleçam como povo e nos lembrem que somos poderosos juntos. Terei shows na Europa e na África e devo me apresentar também na América do Sul e EUA.

Qual sua avaliação de 2017, especialmente em relação ao que parece um crescimento dos comportamentos ultra conservadores em relação às expressões artísticas? Eu não acho que haja crescimento de um comportamento conservador. Acho que conquistamos tanta liberdade de comportamento que alguns conservadores, caretas, fazem muito barulho para mostrar que existem e para se contrapor e encontrar seus pares na sociedade. Não acredito que a sociedade brasileira seja conservadora em sua maioria.Sobre  a subjetividade da arte conceitual e as performances em museus é uma questão de hábito. O cancelamento da Queermuseum foi um ato de covardia gigantesco. Meu protesto no MASP, um dos mais importantes museus do mundo e tão marcante na minha carreira foi de extrema importância para registrar meu posicionamento diante da censura. A pintura artística feita pelo artista Iuri Sarmento em meus seios foi um protesto que simbolizou a coragem e a liberdade contra a covardia e a censura. 

Deixe uma mensagem de ano novo para os seus fãs e para os baianos em geral. Eu desejo que no ano de 2018 a gente se empodere ainda mais, que seja um ano de justiça, de união da população brasileira, que a gente se ame mais e se valorize enquanto povo. Espero profundamente que o Brasil prospere e que a gente supere as dificuldades do ano que passou e aquelas que ainda estão por vir. E que juntos lutemos pelos nossos direitos.Serenidade para todos nós!