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Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2017 às 09:47
- Atualizado há um ano
O gaúcho Arthur e a mãe, Danielle, na Fonte Nova, semana passada. Sonho realizado(Foto: Fernanda Varela/Arquivo CORREIO)Eu tinha 12 anos de idade quando, pela primeira vez, o Esporte Clube Bahia entrou em minha vida. Era final do Campeonato Brasileiro de 1988 e eu, como boa gremista que já era, lembro de comemorar a conquista do clube, sobre o Inter. O tempo correu, a vida passou e, depois de alguns anos, o Bahia entrou em minha vida novamente, desta vez, de forma inusitada e até mesmo sem lógica, quando meu filho caçula, com 4-5 anos, descobriu e se apaixonou pelo clube. O tempo passou e ele cresceu cultivando essa paixão pelo Bahia.Eis que então, a vida se mostra mágica e a internet, que conecta milhões de pessoas diariamente, realizou o sonho do Arthur de assistir a um jogo do Bahia. Da notícia de que viríamos para Salvador até nossa chegada à cidade, nossa vida se transformou em um turbilhão de emoções, carinho e sensações. Fomos acolhidos por uma torcida apaixonada. Do Fazendão ao treino na Fonte Nova, foram momentos de descoberta e carinho. Conhecemos um povo alegre, atencioso, uma cidade cheia de cores e cheiros e um clube de uma grandeza indescritível.Nossa quarta foi de passeio e ansiedade. Nossa ida para o estádio não poderia ter sido melhor. Pelas ruas de Salvador, passávamos por torcedores nervosos, vestindo orgulhosos o manto tricolor, carregando nos braços bandeiras, faixas e na garganta o grito de BORA BAÊA.O trânsito intenso fez com que o carro tivesse que ser estacionado algumas quadras antes do estádio e isso não poderia ter sido melhor, pois chegamos à Fonte Nova caminhando em meio à torcida, sentindo de perto o amor do torcedor pelo clube. Fizemos todo o trajeto de mãos dadas. Ao entrarmos no estádio, alguns torcedores já o reconheceram e o cobriram de carinho e atenção. Fomos para nossos lugares, o jogo ia começar, apagaram-se as luzes e os olhos do Arthur brilhavam como as luzes dos celulares da torcida, que fizeram daquele momento um espetáculo à parte. Quando ele olhou para mim e disse: “mãe, que coisa mais linda”.Não posso descrever o que senti durante o jogo, meus olhos se perdiam entre o que acontecia em campo e a emoção do Arthur. Vê-lo encantado, alentando durante todo o jogo, levando o time torcendo. Era ver o sonho de um filho sendo realizado. Não lembro do final do jogo, peço desculpas à torcida do Bahia por não ter visto sua festa. Meus olhos viam apenas a emoção que meu filho sentiu naquele momento. Sua comemoração solitária, debruçado no vidro, vibrando e comemorando, não me permitiam olhar mais nada. Era a realização do sonho de um filho, um sonho nutrido por anos, sendo coroado com um título e celebrado com as lágrimas sinceras que escorriam pelo rosto de um menino que ama futebol.E eu, então, chorei ao ver a emoção do meu filho com a conquista do Bahia, com o grito da torcida. Imaginei o que cada um presente naquele estádio passou e viveu até o momento do apito final, cada grito de gol sufocado, cada vez que cabecearam junto com o jogador, aquela bola cruzada na área, cada momento que ficaram sem ar, prenderam a respiração e explodiram em felicidade quando a bola estufou a rede. A noite do dia 24 ficou marcada na alma de cada torcedor do Bahia, ficou gravada nos olhos do meu filho e tatuada nesse coração de mãe. Não há palavras para descrever toda a emoção destes últimos dias, mas existe um sentimento: gratidão.Gratidão a todo time e torcida do Bahia por fazer o sonho do meu filho realidade. É como diz uma música tradicional do Rio Grande do Sul:“..E nos olhos vou levar o encantamentoDesta terra que eu amei com devoçãoCada verso que eu componho é um pagamentoDe uma dívida de amor e gratidão..”Danielle Cosme é historiadora e colaboradora do blog Gurias do Boteco[[saiba_mais]]