Darino Sena: Bahia e Vitória, nossos nanicos

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Publicado em 18 de julho de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

No intervalo da derrota para o Palmeiras, domingo, ao reclamar (com razão) de um pênalti mal marcado, Uillian Correia se referiu ao adversário como “time grande”. Ainda que sem intenção, o volante deu a entender que o dele, o Vitória, era pequeno.

Mesmo sem querer, Uillian acertou. O Vitória não é o único baiano pequeno na Série A. O Bahia tem o mesmo tamanho.

Não quero desmerecer a história e as torcidas da dupla Ba-Vi, mas hoje ambos são nanicos em nível nacional. No desempenho e na ambição. Em 15 edições de Brasileirão de pontos corridos, o Bahia só esteve presente em seis; o Vitória, em nove. Nesses anos, acumularam cinco rebaixamentos (juntos em 2014) e nenhuma classificação pra Libertadores.

Isso é reflexo da forma como nosso futebol é gerido. Incompetência geralmente justificada pela falta de grana. “Não dá pra competir com os grandes do Sul”. Quantas vezes você já ouviu algum cartola do seu time dizer isso, ainda que com outras palavras?

O problema é quando, além de aceitar, o torcedor reproduz esse discurso conformista. Se você acha massa entrar na Série A só pra não cair, enche a barriga com a taça do Campeonato Baiano e não sonha com nada mais pra seu clube, parabéns! Você tem os dirigentes que merece... Agora, se você quer algo mais, não aceite essa desculpa, torcedor. Lute contra ela.

Esse mês a planilha de gastos do Vitória foi vazada nas redes sociais. Nela, descobrimos que o clube gastou mais de R$ 7 milhões só na contratação e manutenção de um trio que foi inútil – os gringos Cárdenas, Pineda e Pisculichi. Por mês, eles consumiram quase R$ 560 mil.

Com essa grana daria pra pagar o salário do são-paulino Lucas Pratto (R$ 500 mil), do gremista Lucas Barrios (R$ 400 mil), do corintiano Jô (R$ 350 mil), de André (R$ 380 mil), do Sport, ou de Henrique Dourado (R$ 400 mil), do Fluminense.

A falta de prudência pra gastar não é exclusividade do Vitória. Na coluna da semana passada, você leu aqui que o Bahia extrapolou em R$ 16,78 milhões o orçamento do futebol em 2016 pra subir, com as calças na mão, em uma das segundonas mais fracas de todos os tempos. Leu também que o tricolor pagou luvas de R$ 900 mil, além de salário de R$ 300 mil, a Renato Cajá, dispensado por insuficiência técnica.

O dinheiro existe. O mal é o destino que nossos cartolas dão a ele. É evidente que os “grandes” têm muito mais grana. Isso obriga a dupla Ba-Vi a ser ainda mais criteriosa que eles pra ter um nível mais aceitável de competitividade. Ninguém é louco de cobrar Bahia ou Vitória lutando pelo título brasileiro, mas pelo menos num patamar superior ao que tem sido o habitual deles na tabela. Nos pontos corridos, o Bahia nunca conseguiu passar da 12ª posição. O Vitória só ficou acima dos 10 primeiros duas vezes – em 2008 e 2013.

Não conheço nenhum torcedor que tenha ido implorar pra fulano ou beltrano ser dirigente. O cara vira porque quer. Ninguém assume o poder (e suas benesses) obrigado. Se acha que não vai conseguir modificar o status quo de mediocridade ao qual nossos clubes estão imersos, meu caro cartola, volte pra casa. O futebol baiano não precisa de você. Nem de suas desculpas.

*Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras