Datafolha: 66% dos brasileiros querem retomar vida cultural

Pesquisa mostra que o cinema é atividade mais desejada por brasileiro: índice é de 44%

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  • Roberto Midlej

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 06:00

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Depois de mais de seis meses de pandemia, finalmente as cidades começam a flexibilizar o isolamento e as pessoas iniciam os planos de retomar suas vidas. E essa volta à antiga rotina inclui, claro, a ida ao cinema, ao teatro, aos museus... Mas, afinal, como estão os planos dos brasileiros em relação à retomada das atividades culturais? A pesquisa que o Instituto Datafolha realizou junto com o Itaú Cultural nas cinco regiões do país, divulgada ontem, concluiu que 66% dos brasileiros querem realizar alguma atividade cultural após a flexibilização. Na pesquisa, foram ouvidas por telefone 1.521 pessoas, de 16 a 65 anos, entre 5 e 14 de setembro. O levantamento tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O questionário não pergunta, no entanto, quando os entrevistados pretendem ir a uma atividade cultural. Segundo o Datafolha, seria impossível delimitar um tempo na pergunta, uma vez que a flexibilização não ocorre de maneira homogênea no país, afinal cada cidade tem sua própria legislação. Portanto, se perguntasse ao entrevistado, por exemplo, se ele pretende ir ao cinema nos próximos 60 dias, a pessoa poderia dizer algo como ‘não sei se o cinema estará aberto até lá’. Por isso, a pergunta feita foi: “Você tem a intenção de realizar atividades culturais nos próximos meses?”. O cinema é a atração que mais desperta o interesse dos entrevistados: 44% deles disseram que pretendem frequentar uma sala de projeção nos próximos meses. Os shows são esperados por 40% dos brasileiros e 38% pretendem levar os filhos a atividades infantis em breve. Outros 36% desejam ir a bibliotecas e centros culturais. Teatro ficou com 30%, seguido por museus (29%), dança (29%), circo (29%) e  saraus (25%). A essa pergunta, era possível dar mais de uma resposta. Por isso, a soma ultrapassa 100%.

Por regiões Os dados das regiões Norte, Sul e Sudeste são praticamente os mesmos: nas duas primeiras, 65% pretendem retornar ao circuito cultural, enquanto no Norte o índice é de 64%. Chama a atenção o comportamento dos nordestinos, que elevam a taxa: 71% desses querem ter contato com a arte nos próximos meses. Por outro lado, no Centro-Oeste, cai para 53%.

Os entrevistados demonstraram preocupações com o risco de contaminação: uma comprovação disso é que há muito mais gente disposta a frequentar locais abertos que fechados. Atividades ao ar livre atraem 84%, enquanto em espaços fechados o número reduz-se a menos da metade e chega a 39%.

Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, que lançou editais de apoio à arte durante o isolamento, acredita que a tendência é que os projetos culturais adotem um formato híbrido, mesmo após a pandemia, misturando elementos digitais com presenciais. “O hibridismo foi um aprendizado. Aprendemos que não basta transmitir um show pela internet. Vamos usar o mundo computacional de forma conjunta com o presencial. Como a câmera vai para o palco? Como o artista dialoga com a câmera?”.