Deadpool 2 passa a ser liberado para menores

Filme para família? Sequência do longa utiliza referências à cultura pop para fazer críticas ácidas e ganha novos rumos

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 18 de maio de 2018 às 13:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

"Este é um filme de família", afirma o personagem Deadpool, alter ego de Wade Wilson, no segundo filme que dá sequência ao longa. Seria difícil acreditar na frase se o telespectador não ficasse na sala de cinema até o final do filme. A obra, que mistura teores escancarados de morte, sangue e desejos de vingança parece distante do que o anti-herói assevera. Mas, chegando perto de fazer jus ao que é dito, o Ministério da Justiça, que proibiu o primeiro filme do personagem sarcástico para menores, em 2016, reverteu a decisão e, agora, no prosseguimento da franquia, a produção passa a ser "não recomendada para menores de 16 anos", com os menores de 18 anos podendo acessar as salas de cinema quando acompanhados dos responsáveis.

O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (18) pela própria Fox, nas suas redes sociais. No site do Ministério, que antes justificava os "18 anos" pela utilização de drogas, violência extrema e conteúdo impactante, agora justifica a redução trocando o 'conteúdo impactante' por 'linguagem imprópria'. Confira a postagem da Fox no Instagram: Novos rumos A decisão tomada exemplifica um alcance de novo patamar para o papel do ator Ryan Reynolds que, agora, utiliza as referências à cultura pop (citando filmes, séries, autores conhecidos e diversas obras de sucesso) para mergulhar em críticas ao racismo, machismo e outros quesitos. "Por que X-Men?", reclama Deadpool em uma das cenas, indagando o motivo do nome dos heróis de outra franquia da Marvel terminar a palavra com 'homens' ('men', em tradução), sendo que existem mulheres na equipe de multantes. "Vamos acabar com isso e vamos nos tornar X-Force!", exclama o personagem, lembrando que a força existe em quaisquer gêneros sexuais. Relembre o trailer de Deadpool 2: Com essas e outras linhas de piadas, sem perder a acidez do primeiro longa – quando critica, ainda, uma possível intolerância social dentro de certas lutas por respeito –, Deadpool atinge um patamar mais maduro e reflexivo, ainda que não formule grandes entrelinhas ou uma lista de mensagens implícitas. O respeito e a reflexão sobre as consequências da vingança acabam sendo motes primordiais da sequência do mercenário tagarela, que preenche momentos com expressões 'consideradas femininas' – como gritos finos e mãos no rosto –, enquanto desconfigura a noção de masculinidade. LEIA TAMBÉM: Deadpool: humor de palhaço ou atitude de herói?Autoconhecimento Em uma caminhada de autoconhecimento que acaba se mesclando a críticas sociais, Deadpool reflete sobre o que seria, de fato, a construção de uma família  – com todos os defeitos cabíveis e com a não necessidade de uma formulação convencional – e traz, ainda, um gancho que poderia ser analisado como próximo ao caso nacional do Ônibus 174. [SPOILER A SEGUIR] Pensando em como salvar um futuro assassino de ganhar tal rumo, em meio a todo o sangue derramado, o protagonista percebe que, por vezes, a maior vingança aos lados ruins da vida é apenas transformar quem não tem amor, em amado.Nem tanto assim Não. Deadpool ainda não chega a ser um 'filme família' que falaria por si só com crianças. Mas é um bom meio para pais que desejem conversar com seus filhos adolescentes sobre as mensagens rápidas emitidas. Não é possível esperar lições profundas e vias poéticas. Mas a inteligência irônica, desta vez, é também sobre a evolução própria ser uma que dê ganhos para outros. E, para aqueles que buscam a figura escrachada e absurda do primeiro longa, não há decepção, apenas acréscimos.