Decano do STF rebate filho de Bolsonaro: 'Inconsequente e golpista'

Magistrado afirmou que o fato de ele ter sido eleito com 2 milhões de votos não o legitima a falar desta forma

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  • Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2018 às 10:03

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nelson Jr./SCO/STF

O ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello classificou como 'golpista' a declaração do deputado federal eleito Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), sobre o fechamento da instituição. 

O magistrado afirmou que o fato de Eduardo ter sido eleito com 2 milhões de votos por São Paulo não o legitima a investir contra a ordem político-jurídica. As declarações foram enviadas ao jornal Folha de S. Paulo. Confira na íntegra:

"Essa declaração, além de inconsequente e golpista, mostra bem o tipo (irresponsável) de parlamentar cuja atuação no Congresso Nacional, mantida essa inaceitável visão autoritária, só comprometerá a integridade da ordem democrática e o respeito indeclinável que se deve ter pela supremacia da Constituição da República!!!! Votações expressivas do eleitorado não legitimam investidas contra a ordem político-jurídica fundada no texto da Constituição! Sem que se respeitem a Constituição e as leis da República, a liberdade e os direitos básicos do cidadão restarão atingidos em sua essência pela opressão do arbítrio daqueles que insistem em transgredir os signos que consagram, em nosso sistema político, os princípios inerentes ao Estado democrático de Direito".

Entenda o caso A fala aconteceu em julho durante uma conversa em um curso para concurseiros. Gravado em vídeo, o deputado federal eleito diz que para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) basta um soldado e um cabo. “Até dizem que se quiser fechar o STF você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo, sem querer desmerecer o soldado e o cabo”, afirmou.

A declaração foi uma resposta a um enfermeiro que perguntou ao deputado o que poderia ocorrer caso a candidatura de Jair Bolsonaro fosse impugnada pelo STF. Eduardo Bolsonaro ontem mesmo recuou e afirmou que não foi sua intenção defender o fechamento do Supremo. "Se fui infeliz e atingi alguém, tranquilamente peço desculpas e digo que não era a minha intenção", disse, em nota divulgada nas redes sociais.

Eduardo Bolsonaro justificou ainda que o vídeo foi gravado há quase quatro meses e atribuiu sua publicação agora à proximidade das eleições. "Eu respondi a uma hipótese esdrúxula, onde Jair Bolsonaro teria sua candidatura impugnada pelo STF sem qualquer fundamento. De fato, se algo desse tipo ocorresse, o que eu acho que jamais aconteceria, demonstraria uma situação fora da normalidade democrática. Na sequência, citei uma brincadeira que ouvi de alguém na rua", explicou.

O parlamentar diz que o vídeo não é motivo para alarde, e que ele mesmo o publicou em suas redes sociais. Disse que está com a "consciência tranquila" e que o momento é de "acalmar os ânimos".

Veja o vídeo com o momento: