Defender a universidade pública

por Nelson Pretto

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Ao longo dos últimos dias circulam pelas redes sociais pequenos quadros explicativos com alguns números sobre as universidades públicas brasileiras. Trata-se de uma campanha que fazemos em defesa das nossas instituições públicas, nesse caso, com foco no ensino superior. Campanha mais do que necessária uma vez que estamos vendo um ferrenho ataque a essas instituições desde o período da campanha eleitoral que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República a partir de janeiro próximo.

Dados recentemente publicados pelo Inep demonstram aquilo que toda a sociedade já sabe, o que é a qualidade do sistema público de educação superior no país.

A correta expansão desse segmento da educação nos últimos anos foi benéfica para a democratização da educação e, particularmente, para nosso estado, já que temos hoje 12 instituições públicas de nível super espalhadas pela Bahia. Os resultados da última avaliação realizada pelo Inep apontaram que sete delas (as federais Ufba, Univasf, Ifba, Unilab e as estaduais Uefs, Uesc e Uesb) obtiveram nota 4,0, numa escala de 1 a 5. Mesmo assim, continuam os ataques e ameaças à manutenção da universidade enquanto instituição pública. Por conta disso que não paramos de prestar contas à sociedade sobre o que fazemos e, nesse quesito, trazer alguns números é muito importante. O Brasil é o décimo quarto maior produtor de pesquisa científica no mundo e 99% dessa produção é fruto de pesquisas nas instituições públicas, como a nossa Ufba, que se saiu muito bem na ultima avaliação divulgada pelo Inep. Ela ocupa 20ª posição como melhor instituição federal no país, considerando o Índice Geral de Cursos (ICG). Esse índice construído a partir de outros elementos como a pós-graduação, a distribuição de alunos, entre outros, dando assim uma visão mais ampla da qualidade de uma instituição.

Outro importante dado sobre o sistema público brasileiro diz respeito aos investimentos realizados nas universidades públicas. Aplica-se nesse setor 33% menos do que a maioria dos países industrializados e, mesmo assim, as nossas 15 melhores universidades são todas públicas. Das 50 melhores universidades latino-americanas, 15 são as públicas brasileiras, conforme o Times Higher Education 2017.

Essa campanha que fazemos é muito importante porque precisamos estar atentos sobre esse patrimônio da Bahia e do Brasil que vem sendo atacado e, com as declarações dos ocupantes dos ministérios do novo governo, muito temor se instala na comunidade universitária sobre o futuro da educação e da pesquisa no país.

Compartilhamos com a sociedade esse nosso temor, e por isso, a campanha “VerdadeSobreUni” está nas redes sociais. Nas postagens é possível encontrar muitos outros dados que mostram a importância social, política e científica de nossas instituições públicas de pesquisa e educação.

Portanto, teremos um 2019 de muita luta e disputa sobre as concepções de educação pública que estão sendo postas em debate e, para nós, defender a universidade pública é defender o desenvolvimento do país.

Nelson Pretto é professor titular da Faculdade de Educação da UFBA ([email protected]/www.pretto.info)