Depois da oferenda, Rio Vermelho ganha clima de Carnaval

Teve bandinhas, fanfarras, desfile do Gandhy e até empurra-empurra, como manda o figurino

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  • Laura Fernades

Publicado em 2 de fevereiro de 2019 às 21:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Marina Silva/CORREIO

Empurra-empurra, aperto, bandinhas e fanfarras, além de gritos de "ó o gelo" pedindo passagem na multidão. "Tô aqui no arrastão", gritou uma mulher ao telefone, enquanto dançava segurando a cerveja. Desavisados poderiam até confundir a festa de Iemanjá com o Carnaval, afinal o clima profano tomou conta da celebração sagrada assim que as oferendas foram entregues no mar.

"Quero achar um gato pra beijar muito na boca!", anunciou eufórica a vendedora Cláudia Santos, 39 anos, para uma amiga, enquanto era revistada por policiais na entrada da festa. "Tô solteira!", justificou sorridente para a reportagem do CORREIO. Nascida e criada em Nazaré, Cláudia vai para o 2 de fevereiro todo ano e não esconde: "venho pelo clima da festa. Gosto da parte sagrada, mas venho pelo clima de Carnaval, porque faço novas amizades e tomo minha cervejinha gelada", disse rindo.

Enquanto observava um pequeno grupo de percussão tocando clássicos do pagode, a funcionária pública Stefania Protásio, 59, arriscava uns passos com a amiga, pulando que nem pipoca. "Depois do presente, é só alegria. Essas fanfarras, esse pagodinho, levam a alegria do Carnaval para a festa", comparou Stefania, segundos antes de uma pessoa esbarrar nela. "Tem que ter o empurra-empurra também, né?", completou rindo, sem perder o jogo de cintura. (Foto: Marina Silva/CORREIO) Teve até desfile do Gandhy, com direito a banho de pipoca e trilha sonora cheia de atabaque e agogô. Mais adiante, na Rua Fonte do Boi, um carrinho de café com alto-falante anunciava: "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu" e "A Praça Castro Alves é do povo". Ao escutar as músicas, quem entrou no clima foi a fisioterapeuta Margareth Ribeiro, 53, que cantava tudo a plenos pulmões, enquanto dançava com o marido. “É como se fosse o Carnaval tradicional, o axé tradicional, mais tranquilo. Muito bom!", elogiou a foliã.

Ao som de "beleza, é festa, Chiclete com Banana", que estava tocando em um minitrio fora do circuito, a balconista Mariza Santos, 37, não escondia o entusiasmo de seu primeiro ano no 2 de fevereiro. "Sempre planejo, mas nunca consigo. Estar aqui é a coisa mais maravilhosa do mundo", vibrou, enquanto curtia o axé do Chiclete. Aa veterinária Ana Cláudia Raposo, 29, amiga de Mariza, reforçou rindo: "Já fiz minha oferenda de manhã e agora vim para para o 'Carnaval' mesmo, para tomar uma".

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