Desafio para Ricardo David: menos emoção, mais razão

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  • Ivan Dias Marques

Publicado em 25 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Não, o trabalho de um presidente de clube de futebol não é fácil. E talvez a maior dificuldade deste trabalho seja se reinventar como “conhecedor” do futebol. Imagino que Ricardo David, prestes a terminar seu primeiro ano como presidente do Vitória com um resultado lamentável - a provável queda do Leão para a Série B -, terá que continuar essa reinvenção num ambiente muito mais complicado em 2019.

Por mais que tenha errado, é um ano de aprendizado para quem assume a posição de presidente pela primeira vez. David já contava com a experiência de ter passado pelo Vitória como diretor, mas nunca teve o poder de decisão nas mãos. Um poder que, se usado com a emoção do Ricardo torcedor, sempre tende a correr um maior risco de ser mal utilizado.

Para gerir uma paixão é preciso se desvestir dela. O melhor caminho para um presidente de um clube é agir como se não fosse torcedor. E entre as principais armadilhas da gestão está a avaliação de jogadores, evidentemente, mal feita neste primeiro ano de David à frente do Vitória.

Um amigo me deu uma aula nesta semana ao refletir sobre o assunto. Dentro de cada um de nós, apaixonados pelo futebol, existe uma realidade particular sobre cada atleta que conhecemos. Um lance que vimos, um jogo em especial, um gol. Criamos uma memória afetiva sobre aquele jogador. 

A partir do ponto em que essa memória afetiva é levada para dentro do clube, começamos a andar num território minado. Porque, para desconstruir a memória afetiva, é necessário que, primeiramente, a gente se coloque aberto para que nossos pré-conceitos sejam demolidos pelas estatísticas, análises precisas e, principalmente, opiniões sobre o lado pessoal daqueles atletas. E, ao termos a realidade de que nossa memória afetiva era um simulacro torto, criamos uma repulsa. É o confronto daquilo que você jurava ser verdade. E não é.

Mas esse trabalho racional, chato, cansativo e metódico sobre o jogador, conhecendo seu papel como atleta - no conceito mais amplo da palavra -, é necessário para que a possibilidade de erro seja a menor possível. Ela sempre vai existir e nunca os analistas de desempenho vão acertar 100%. Mas errar do jeito que o Vitória errou em 2018 é acima do limite de um trabalho feito de forma coerente, atenciosa e minuciosa.

Em 2019, caso o Leão seja realmente rebaixado, serão menos cartuchos disponíveis. Pouca grana e muita responsabilidade e pressão. Para não decepcionar, é preciso David guardar sua camisa rubro-negra e vestir a farda de trabalho.

11 anos da tragédia Na próxima terça, nós da editoria de Esporte do CORREIO estaremos concorrendo a, talvez, o maior prêmio de jornalismo do país atualmente, o Prêmio Petrobras, com o especial sobre os 10 anos da tragédia da Fonte Nova feito no ano passado. Um especial elaborado com muito carinho, cuidado e respeito por toda uma equipe da qual me orgulho de fazer parte.

Hoje, 25 de novembro de 2018, a tragédia completa 11 anos. Anísio, Djalma, Jadson, Joselito, Márcia, Midiã e Milena jamais serão esquecidos por nós. Os responsáveis pela tragédia também. Não foi acidente.

Ivan Dias Marques é subeditor de Esporte e escreve aos sábados.