Desavença com cliente pode ter motivado execução de advogada em Feira

Polícia Civil diz já ter indicativo de autoria, mas mantém segredo

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  • Bruno Wendel

Publicado em 28 de junho de 2018 às 13:09

- Atualizado há um ano

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A advogada criminalista Silvia da Silva Carvalho foi morta com tiros na nuca (Foto: Reprodução) A polícia investiga se a morte da advogada criminalista Silvia da Silva Carvalho, 56 anos, tem relação com desavença com um cliente. Silvia foi sequestrada e assassinada a tiros na noite desta terça-feira (27), em Feira de Santana, Centro Norte baiano.

Ela tinha acabado de sair do escritório onde trabalhava, em frente ao Complexo Policial do Sobradinho, quando foi surpreendida por quatro homens em um carro. A advogada foi assassinada com três tiros na nuca. 

De acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (28) pela Polícia Civil, através da assessoria de comunicação, o delegado Fabrício Linard, titular da Delegacia de Homicídios de Feira, já tem indicativo de autoria, que apura se o crime tem ligação com o exercício da profissão da vítima. No entanto, detalhes não poderão ser passados para não prejudicar a investigação.

Boa parte da ação dos criminosos foi testemunhada pela secretária do escritório de Silvia. Ela estava no banco do carona do Fiat Siena da advogada quando houve a abordagem dos bandidos. 

No dia do crime, ela contou ao delegado Gustavo Coutinho, responsável pelo levantamento cadavérico, que no trajeto os bandidos xingavam a advogada. “Eles chamaram ela de [xingamentos], disseram que ela recebeu um dinheiro e não deu entrada no processo”, relatou o delegado.

Ainda de acordo com a secretária, depois da execução de Silvia, os bandidos a libertaram, já que os assassinos tinham como alvo a advogada. O carro de Silvia foi abandonado no acostamento de um trecho da BR-116.

Silvia se graduou em direito na Universidade Católica do Salvador (Ucsal) e deixou dois filhos.

Protesto Na tarde desta quinta-feira (28), representantes da representantes da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Bahia (OAB-BA) foram ao prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, no bairro dos Barris, cobrar agilidade na investigação.

"Nós, como órgão de classe, viemos aqui para dizer que confiamos na apuração da polícia e esperamos que o trabalho da corporação seja profundo, rápido e realizado na melhor forma possível", disse o presidente seccional, Luiz Viana Queiroz. Representantes da OAB-BA pediram agilidade nas investigações (Foto: Divulgação/Angelino de Jesus/OAB-BA) Camila Trabuco, conselheira seccional que representa a cidade de Feira de Santana, afirmou que a situação da segurança pública da região é preocupante."Feira já vive uma realidade de violência. Recentemente tivemos em um único final de semana 18 assassinatos, então pedimos que todos os esforços sejam feitos para que este crime não fique impune. Não queremos que a nossa colega seja apenas mais uma nessa lista. Precisamos de respostas e do apoio do estado para que este caso seja solucionado", ressaltou Camila Trabuco.Também estiveram presentes na manifestação a vice-presidente seccional, Ana Patrícia Dantas Leão, o secretário-geral, Carlos Medauar, além conselheiros seccionais que representam a OAB-BA na capital e no interior do estado. O grupo foi recebido pelo delegado Flávio Góis, diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin). 

O delegado Flávio Góis lamentou a morte da advogada. "Nós temos a obrigação profissional, mas também social, de dar satisfação. Assim como foi com uma advogada, poderia ter sido com um delegado, um juiz, um promotor".

Em nota divulgada na última quarta-feira (27), a OAB-BA diz que "espera da Secretaria da Segurança Pública uma apuração profunda e imediata do crime" e que "acompanhará diligentemente as investigações e prestará também todo o apoio à família da colega assassinada".

Confira nota na íntegra:"A Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia vem a público apresentar seu mais veemente repúdio ao brutal assassinato da advogada Sílvia da Silva Carvalho, sequestrada  e morta a tiros na noite do último domingo (26), em Feira de Santana, em um crime aparentemente relacionado ao seu exercício profissional, ao tempo em que lamenta a perda irreparável da colega e se solidariza com os familiares e amigos enlutados.

Segundo informações da imprensa e da polícia, ao sair de seu escritório, que fica em frente ao Complexo de Delegacias do Sobradinho, em seu automóvel, Sílvia teria sido seguida por quatro homens em outro veículo, que abordaram e tomaram o carro da advogada, levando-a para a Estrada do Alecrim Miúdo, na Fazenda Jenipapo II, distrito de Maria Quitéria, na zona rural do município, onde a executaram com cinco tiros.

O assassinato de uma advogada no exercício da profissão é fato gravíssimo que representa um ataque não apenas a toda a advocacia, mas à própria Justiça, ao Estado democrático de Direito e a toda a sociedade baiana.

Em nome de todas as advogadas e advogados do estado, OAB da Bahia espera da Secretaria de Segurança Pública uma apuração profunda e imediata do crime para que seja feita justiça e os assassinos sejam punidos na forma da lei. A Ordem acompanhará diligentemente as investigações e prestará também todo o apoio à família da colega assassinada.

Luiz Viana Queiroz Presidente da OAB da Bahia  Marcus Carvalhal Presidente da OAB Subseção Feira de Santana"

*sob orientação da editora Tharsila Prates