Destaques do PercPan, Omara Portuondo e Lenine falam sobre percussão

Confira bate-papo exclusivo dos dois artistas com o CORREIO

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  • Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2017 às 08:02

- Atualizado há um ano

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Um econtro musical entre Brasil e Cuba será celebrado nesta sexta-feira e sábado, em Salvador, durante o Percpan – Panorama Percussivo Mundial. O evento gratuito, que acontece no Largo da Mariquita (Rio Vermelho), reúne nomes como nomes como Orkestra Rumpilezz e Lenine, Baco Exu do Blues, Dão e a Caravanablack, Ilê Aiyê e Omara Portuondo. 

Estrela do encerramento do Percpan, a cantora cubana é também uma das atrações mais esperadas do evento. Aos 87 anos, Omara Portuondo, que ficou conhecida mundialmente por ser a única voz feminina do cultuado projeto Buena Vista Social Club, apresenta músicas dos seus discos mais recentes, especialmente de Gracias, premiado com o Grammy Latino. Nos seus mais de 50 anos de carreira, lançou mais de 25 discos. Um dos mais conhecidos entre os brasileiros é o gravado em parceria com Maria Bethânia, em 2006, onde as duas interpretam pérolas dos cancioneiros cubano e brasileiro da década de 50. 

Por e-mail, o CORREIO conversou com ela e com Lenine, homenageado e mestre de cerimônias da 22ª edição do Percpan, sobre suas apresentações durante o evento e também sobre o legado da percussão nas músicas brasileiras e cubana. Confira:

LENINE   Lenine se apresenta ao lado da Orkestra Rumpilezz na primeira noite do Percpan (Foto: Divulgação) No Percpan, você volta a apresentar em Salvador o espetáculo em parceria com a Orkestra Rumpillezz. A estreia dele foi no TCA, em 2014, mas depois disso já passou por outros lugares. Como é voltar três anos depois com o show agora ao ar livre? Tocar com a Orkestra Rumpilezz é sempre uma estreia. Não faz diferença se é ao ar livre ou indoor, é sempre impactante e carregado de ancestralidade. Além disso tudo, é 0800. Adoro quando o espetáculo é gratuito.

Seu trabalho se constrói muito em conexão com outros músicos e você tem intensificado esse diálogo com orquestras. Com a Rumpilezz, a parceria já se estabeleceu algumas vezes. O que é mais legal nessa relação entre vocês? Você tem razão, adoro exercitar “a ponte”. Com a Rumpilezz existe uma grande diferença com relação a outras orquestras. Letieres tirou a percussão do fundo da orquestra, tirou da cozinha e colocou no centro do palco. Tudo soa diferente.

O Percpan celebra a música percussiva mundial. Bahia e Pernambuco, de onde você vem, talvez sejam os estados brasileiros com maior ligação com essa sonoridade. É possível dimensionar a importância dela para a música como um todo? Eu poderia puxar sardinha e concordar com você, mas não. O que conheço do Brasil, até agora, só reafirma o quanto em cada região a percussão é fundamental, cada qual com seu sotaque. Em alguns lugares mais diversidade do que outros mas o ritmo esta sempre lá.

Se possível, gostaria que você citasse dois ou três percussionistas que você mais admira (vivos ou não) e por quê. Isso é fácil, Nana Vasconcelos, Djalma Corrêa e Marcos Susano. Porque? Por tudo!

Como você classificaria os arranjos feitos pela Rumpilezz para suas músicas? Inclassificáveis (risos). A Rumpilezz é uma Tsunami.

OMARA PORTUONDO Estrela do encerramento do Percpan, Omara Portuondo é lenda viva da música cubana (Foto: Divulgação) Sua volta a Salvador acontece quase dez anos depois da turnê Omara Portuondo e Maria Bethânia. Acredito que este trabalho tenha fortalecido ainda mais seu nome entre os brasileiros, sobretudo entre os baianos. Sua impressão é a mesma?    Brasil e Cuba são países irmãos, com muitas coisas em comum: do amor à música, à cultura, às influências. Tem sido um prazer trabalhar com grandes nomes da música brasileira, como meus amigos Maria Bethânia, Chico Buarque, Carlinhos Brown. Estou muito grata por mais esse convite. Seu show é um dos mais aguardados do PercPan. A senhora traz para cá a turnê comemorativa dos deus 85 anos? Quais músicas não ficarão de fora do repertório?  Será uma surpresa, já que eu tenho de ensaiar com um grupo! Iremos escolher as melhores músicas para os dois, mas com certeza não faltarão os clássicos.  

O Buena Vista Social Club se despediu dos palcos entre 2014 e 2015 com uma série de shows em que a senhora esteve presente. Como não podemos falar do Buena Vista sem Omara, nem da senhora sem o grupo, queria que falasse sobre a Adiós Tour. Foi uma turnê para celebrar a música e os anos que estivemos juntos. Conseguimos visitar todos os continentes, então foi bastante intensa. Além do que foi uma delícia sentir a alegria de gerações inteiras, unidas, para lembrar nossas canções. 

Esse festival é uma grande celebração à música percussiva de todo o mundo e Cuba, país de onde a senhora vem, é um dos mais lembrados quando falamos nessa tradição percussiva. Isso continua muito forte ou mudou com a chegada de novos estilos musicais?  Com certeza a percussão segue sendo muito importante em nossa música e cultura. As novas gerações têm outras influências, mas a percussão ainda segue forte. Por exemplo, minha neta está se formando em percussão e isso me deixam muito orgulhosa!Muito se fala em uma certa similaridade entre a música brasileira e a cubana. Seria por conta dessa “batida” percussiva?  Penso que as similaridades são muitas. Nossas raízes têm coisas em comum, nosso modo de entender a vida, de cantar, dançar, sorrir. Como disse antes, acredito que Brasil e Cuba são países irmãos.