'Deu um apagão', diz jogador que deu chute na cabeça de árbitro

William Ribeiro, de 30 anos, foi suspenso por dois anos

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  • Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2021 às 20:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fábio Dutra/ São Paulo-RS/ Divulgação

O meia William Ribeiro ficará longe dos gramados por dois anos. O jogador foi condenado pela Primeira Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS) nesta segunda-feira (18), pela agressão ao árbitro Rodrigo Crivellaro durante jogo da segunda divisão do Campeonato Gaúcho.

Durante o julgamento, William, que ainda não havia falado publicamente sobre o caso, deu um depoimento. Em sua defesa, alegou que foi xingado por Crivellaro no lance que causou a agressão. Mas disse não recordar as palavras proferidas pelo juiz."Aconteceram várias situações dentro de campo que muitas vezes o pessoal de fora não sabe. Estou muito arrependido disso. Na hora me deu um apagão e reagi daquela forma. Eu não sei explicar o que me deu na hora. Simplesmente me escureceu a vista. Até já estou procurando para tratar o meu psicológico", falou.Na sequência, o procurador Alberto Franco pediu que William seja banido do futebol profissional. Ele citou que o jogador é reincidente em casos de violência no futebol, contra dirigentes e em competições de base.

"Me desculpe o atleta, mas dizer que ficou tudo escuro, não é. Foi tudo de caso pensado. Aliás, sugerimos que procure outra profissão. Entendo que ele não tem mais condição de jogar futebol profissionalmente. O que ele fez não é aceitável, tem que ser excluído do futebol profissional", disse Franco.

O meia foi denunciado no artigo 254-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) por praticar agressão física durante a partida. A decisão da punição foi aceita por unanimidade ao voto do relator Assis Rafael Machado da Silva, que pediu suspensão do atleta por 730 dias - ou dois anos.

O advogado Fábio Gonçalves fez a defesa de William e condenou o "cancelamento" ao jogador antes do julgamento. Ele ainda fez um apelo para que o atleta receba tratamento psicológico.

"Ninguém coaduna com essa conduta. Mas nós temos que terminar com a vida de um ser humano? Não é demérito nenhum mudar de profissão, mas quem vai dar emprego ao William, com pouco estudo, destruído pela mídia. É a crucificação deste jovem, de 30 anos, pai de dois filhos adolescentes e com uma mãe doente que sequer pode sair de casa", afirmou.

Cabe recurso à decisão. Participaram da sessão os auditores Carlos Augusto Peixoto Reis, Carlos Renato Martini, Carla Souto Gonçalves e o presidente da comissão, Camilo Gomes de Macedo.

Entenda o caso A agressão aconteceu no dia 4 de outubro, no jogo entre São Paulo-RS e Guarani, no Estádio Edmundo Feix, pela Série A2 do Campeonato Gaúcho. 

Aos 15 minutos do segundo tempo, Crivellaro foi atingido por William Ribeiro com um soco, além de um chute na cabeça quando já estava caído. O juiz ficou desacordado e precisou ser levado às pressas para um hospital, de onde teve alta no dia seguinte. 

Na época, William atuava pelo São Paulo-RS mas, após as agressões, teve contrato rescindido. Ele foi preso em flagrante ainda no estádio, e ganhou liberdade provisória no dia seguinte. A Polícia Civil ainda não concluiu o inquérito na esfera criminal.

O árbitro sofreu uma lesão ligamentar na vértebra C6. Ele ficará pelo menos três meses afastado do futebol e terá de usar colar cervical durante o período. Crivellaro se recupera em casa, em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, mas pode precisar passar por uma cirurgia em breve.