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Carmen Vasconcelos
Publicado em 15 de outubro de 2018 às 14:00
- Atualizado há um ano
A palavra afeto vem do latim affectus, composto da partícula ad- em, para- e facere – fazer, agir, tocar, comover o espírito e, por extensão, unir.
Spinoza, filósofo holandês do séc XVIII, conceituou o afeto como o “estado da alma”, uma mudança que ocorre simultaneamente no corpo e na mente. Mário Sérgio Cortella, filósofo brasileiro da atualidade, relaciona o afeto ao verbo afetar, ou melhor, àquilo que nos move, que nos toca, que mexe com cada um, que nos sensibiliza.
Na área da educação, Jean Piaget, Henri Wallon e Lev Vygotsky concederam à afetividade, uma elevada relevância ao processo pedagógico, imprimindo o sentimento, como elemento essencial ao binômio ensino-aprendizagem.
Estou certa de que o afeto é essencial. Acredito, genuinamente, que a escolha de cada cidadão se dá a partir do que lhe afeta, buscando o melhor. Por “melhor”, podemos compreender como aquilo que é “superior ao que lhe é comparado”, ou mesmo, o que “possui o máximo de atributos para satisfazer certos critérios de apreciação” (dicionário online).
Na esfera política, o individual, o particular, deve e necessita ceder espaço ao que for melhor ao coletivo, ao bem comum da sociedade, aquilo que, de fato, afeta a maioria, sobretudo aos menos favorecidos, mesmo que, para isto, precisemos ceder expectativas próprias, as valias de ordem pessoal. O que está em jogo não é o que afeta a cada um, de forma unitária, mas o que vai afetar a população, o contexto social, melhor dizendo, aos seres humanos, em geral, da Cidade, do Estado, do País. Isto, ao meu ver, é responsabilidade social e visão de pertencimento à nação.
O voto é livre, é soberano. Voto consciente, por sua vez, é atributo da afetividade, no sentido amplo, do que lhe é empático, altruísta, pois requer o compromisso de discernir o melhor para os cidadãos de uma determinada sociedade.
Nesse sentido, importa aprofundar que a consciência relacionada ao voto requer visão de Lei. Somos parte integrante e relevante da Natureza e somos regidos por normas. Em sentido restrito, por leis materiais – pela legislação e ordenamento jurídico do país. Em sentido amplo, por sua vez, por Leis Naturais que regem o universo. Esse é um princípio que devemos ter atenção, observar a dinâmica da vida, estudar, inclusive nas escolas, e independentemente da profissão.
Cabem aos juristas e operadores das leis materiais – juízes, promotores, delegados, advogados estudar e interpretar as leis materiais. E cabe a todo ser humano estudar, se aproximar a ponto de se identificar, com as Leis Naturais que regem o Universo. Não é difícil. Só começar a refletir, por exemplo, que “toda ação provoca uma reação igual e em sentido contrário”. Eis a Lei natural de causa e efeito.
Adquirir consciência, portanto, é ter a noção exata de Lei Natural e de que nós, seres humanos, somos todos iguais na essência, de que devemos e merecemos viver de forma equilibrada, harmônica com tudo e todos, apesar das diferenças, das diversas aparências. A consciência é construída e desenvolvida de forma individual, a partir das relações que estabelecemos no dia a dia, mas sua abrangência é coletiva, social, de grandeza e reflexo Universal, pois sem consciência em grau significativo o bastante não há Lei, tampouco Ordem, nem individual, nem social.
Uma vez consciente, o cidadão se afeta com causas nobres e, neste sentido, na esfera política, reflete, analisa propostas que afetam conscientemente o bem comum; que não fazem apologia à discriminação, ao sectarismo, à desintegração, ao armamento da população. E para falar do bem, do bom e do melhor, que sejam tolerantes, que reconheçam a igualdade de direitos entre os gêneros, que proponham oportunidades de acesso à educação para todos, que defendam benefícios aos trabalhadores e aposentados; que integrem uma plataforma de governo clara e transparente.
E, ainda que eu tenha clareza que como humanos todos falham, erram, têm desacertos, tratando-se de propostas políticas, oriundas de seres humanos, que tenhamos com todos: tolerância para compreendê-los, paciência para não desesperarmos, persistência para não desistirmos do correto e inteligência para fazermos o certo, de acordo com (nossa) consciência, pois quanto maior a consciência, menor o conflito, a segregação, a discriminação e maior a integração, a igualdade, a Unidade.
Que sejamos humanos afetivos, afetuosos e afetados pelo amor, pela paz e pela verdade!
Carmem Bahia é bacharel em direito, pedagoga e doutora em educação.
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores.