Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.
Cesar Romero
Publicado em 12 de novembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
É muito comum artistas que já têm alguns elementos codificados apresentarem em salões oficiais e bienais algo que foge ao seu fazer e apresentarem obras delirantes sem nenhuma parentesco com arte. Não se trata de preconceito, se trata que essas expressões não são arte, no máximo uma ab-reação ou abreação, uma descarga emocional, pela qual o afeto ligado a uma recordação traumática é liberado. Pode vir espontaneamente ou provocada. A obsessão é tão grande para ser aceito num certame de arte e premiado que costuma causar danos ao aparelho psíquico.
O que se pode dizer é que arte é transfiguração, é invenção de linguagem, é mostrar ao mundo algo que ele não viu ou percebeu. Quem é artista de essência sente e sabe disso. Nunca alguém de bom senso ou com juízo de realidade íntegro negará a arte contemporânea. O que se escancara é a cópia da cópia, o clichê do clichê. A banalidade travestida de arte. A arte contemporânea requer conhecimento intelectual, poderosa intuição, inteligência visual e capacidade de fatura. O artista tem como um bom aparato a fantasia que é a atividade subjacente a todo pensamento e sensação.
Viver de arte contemporânea é quase impossível para o artista e para os marchands. A fragilidade da matéria na grande maioria das criações e suas dimensões geralmente grandiosas causam certos impedimentos.
Muitos movimentos e artistas do passado se rebelaram contra correntes de vanguarda da época, negaram seus valores e sentido, mas fazia parte das provocações que a arte suscita e são historicamente válidos. Para ficar em dois exemplos lapidares recentes, recorre-se ao Dadaísmo e a Pop Art. O movimento Dadá foi iniciado em Zurique em 1916. Veio para abolir a lógica, a postura racional, a organização, revelando uma arte de caráter espontâneo, gratuidade total e a falta de sentido. Negavam a beleza, buscavam métodos deliberadamente incompreensíveis e negavam todos os valores estéticos de então. O sentido do Dadaísmo era refletir uma realidade incômoda para a época, uma Europa caótica, em guerra, pobreza crescente, e a falta de motivação do momento.
A Pop Art surgiu no final da década de 50 no Reino Unido e nos Estados Unidos, e propunha que se admitisse a crise da arte que se instalou no século XX, buscando revelar com suas obras a massificação da cultura popular capitalista. Exemplo lapidar: Andy Warhol (foto). Eram contrários ao “hermetismo” da arte moderna. Usavam meios de produção gráfica, buscando atingir as grandes massas e mitificando a cultura americana.
Agora que a arte contemporânea está em crise, necessitamos rever funções e um novo entendimento dela.