Dez discos de 2018 que você não pode deixar de ouvir

Para não perder a tradição, CORREIO fez uma lista para os apaixonados por música

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  • Laura Fernades

Publicado em 27 de dezembro de 2018 às 13:30

- Atualizado há um ano

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Um dos sinais de que o ano chegou ao fim é quando aparece a primeira das inúmeras listas de discos, séries, shows, tretas, memes... E para não perder a tradição, o CORREIO selecionou dez álbuns que se destacaram em 2018 e não podem ficar de fora da playlist de quem é apaixonado por música.

Teve rap que provocou polêmica, teve militância feminista dando exemplo para muitas gerações, teve encontro cheio de emoção entre pais e filhos e até avô se derretendo em um disco cheio de afeto... Baco Exu do Blues, Elza Soares, Caetano Veloso e Gilberto Gil são só alguns dos nomes que alimentaram a inspiradora cena da música brasileira. Não acompanhou os lançamentos? Então aperte o play:

Baco Exu do Blues - Bluesman Sua postura pode até soar arrogante para muita gente, mas o fato é que, com apenas 22 anos, o rapper baiano Diogo Moncorvo, o Baco Exu do Blues, "entrou para a história duas vezes em dois anos", como o próprio canta sem nenhuma modéstia. No impactante Bluesman, segundo disco de destaque em uma carreira que inclui o premiado Esù (2017), Baco canta a autoestima, denuncia o racismo, exalta o amor e, principalmente, o sexo. Criticado desde o lançamento do disco, há pouco mais de um mês, o discurso de Baco parece já vir com resposta pronta: "O que é ser 'Bluesman'? É ser o inverso do que os 'outros' pensam. Foda-se a imagem que vocês criaram. (...) Se o sucesso te irrita, sou um cara irritante".

Caetano Veloso, Moreno, Tom e Zeca - Ofertório Resultado do encontro entre pai e filhos no mesmo palco, Ofertório é um registro afetivo que conforta a alma. Para quem assiste ao show, a sensação é de entrar na sala de estar da família. Caetano, porém, diz que não é bem por aí, afinal esse momento de reunião dos quatro é mais raro do que se possa imaginar. O show, segundo o cantor, está mais para um encontro de “emoção abrangente, que revolve a alma”. “Claro que nossa familiaridade está lá. Nos conhecemos bem de outros ambientes – e isso se nota. Mas esse não é um show de intimidade prosaica. É lírico e, mais que tudo, místico”.

Carne Doce - Tônus O pudor também passa bem distante do disco da banda Carne Doce, de Goiânia. A mistura de pop, rock e elementos eletrônicos serve de base para letras que cantam o universo feminino de forma sensual e explícita em boa parte das vezes, mas também com certa melancolia. Agridoce, o trabalho do grupo é potencializado pela performance da vocalista Salma Jô que, no palco, cria um impacto visual cheio de neon, enquanto canta músicas como Amor Distrai (Durin): "Hoje eu só quero dar/E não fazer amor Amor distrai/De descobrir toda possibilidade que me satisfaz".

Duda Beat - Sinto Muito Ao cantar uma "sofrência pop" cheia de bases eletrônicas, dub e reggae, a cantora pernambucana radicada no Rio de Janeiro lançou um dos trabalhos elogiados do ano, vencendo o Prêmio Revelação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA 2018). Em seu disco de estreia, Duda canta as decepções amorosas e o amor próprio a partir de influências sonoras regionais como Chico Science e Nação Zumbi, e internacionais como Beyoncé, Rihanna e Kali Uchis. A artista, que chegou a ser chamada de "Dua Lipa brasileira" é atração do Festival Sangue novo, que acontece dia 26 de janeiro, no Porto de Salvador.

Elza Soares - Deus é Mulher Aos 88 anos de idade, a cantora carioca Elza Soares continua se reiventando depois do premiado A Mulher do Fim do Mundo (2015) e do marcante Do Cóccix até o Pescoço (2002). Porta-voz contra o racismo e a favor do feminismo, a diva da MPB canta a dor da mulher, principalmente a negra, assim como exalta a autoestima feminina no novo disco. Afinal, apesar de ter enfrentado uma série de dificuldades em sua árdua trajetória, segue encarando a vida de forma solar. Ousada, como sempre, a artista garante que "Deus é mulher" e não tem pudor em interpretar letras como a sugestiva "Eu quero dar para você/Mas cê precisa saber". 

Gilberto Gil - Ok Ok Ok A leveza e o afeto marcam o disco do cantor baiano que, sempre suave, traça um retrato reflexivo sobre a vida. Tudo serve de inspiração: do convívio em família, incluindo momentos com os netos, aos movimentos políticos, sociais ou culturais. Até a constante pressão social por um posicionamento seu a respeito dos mais diversos assuntos virou letra do trabalho que é definido pelo próprio Gil como o "primeiro disco da velhice". Ok Ok Ok é cheio de vitalidade e faz um afago nos ouvidos de quem escuta músicas como Sereno e Uma Coisa Bonitinha, nas quais o cantor assume com orgulho seu papel de avô. Homenageado do Prêmio APCA 2018, Gil se apresenta no Teatro Castro Alves nos dias 8 e 9 de fevereiro de 2019.

Josyara - Mansa Fúria Como uma “calmaria raivosa”, o violão percussivo dialoga com a voz doce e expressiva da cantora de Juazeiro que encorpa a fértil cena baiana. Ao lado do percussivo instrumento de corda, as texturas eletrônicas preenchem o clima do disco produzido por Junix 11, da BaianaSystem. Inspirado em sua própria história, Mansa Fúria faz uma declaração de amor ao mar, na música Apreciação, e reforça a crítica social, seja no racismo denunciado em Engenho da Dor, seja na valorização da liberdade sexual da letra Ela é Fogo, seja na reafirmação da potência da mulher, na música Você Que Perguntou.

Pabllo Vittar - Não Para Não Sempre dançante, Pabllo Vittar chama a atenção por investir ainda mais em elementos regionais do Norte e Nordeste em seu trabalho mais recente. Nascida em São Luís do Maranhão, a drag queen de 23 anos mistura tecnobrega, pop, forró e até pagode com bases eletrônicas no álbum que tem uma faixa produzida por Rafa Dias, do Àttøøxxá, e participação de Ludmilla. Basta apertar o play para perceber que a música Vai Embora tem a marca do grupo baiano. Por conta do disco, Pabllo tornou-se a primeira brasileira a colocar todas as músicas de um disco no top 50 das mais ouvidas do Spotify.

Ronei Jorge - Entrevista Nome à frente do grupo Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, cantor e compositor baiano investe na música popular brasileira em seu primeiro álbum solo e foge do rock que sempre marcou sua carreira. O disco Entrevista bebe mais na influência de artistas como Tom Jobim (1927- 1994), Caetano Veloso e Itamar Assumpção (1949-2003) e reúne “molduras de frevo, samba e xote”. Além disso, conta com a presença mais expressiva de vozes femininas no trabalho solo que conta com Carla Suzart na voz e no baixo, além de Aline Falcão, na voz, no piano e na sanfona.

Silva - Brasileiro Queridinho nacional, principalmente depois de interpretar Marisa Monte e gravar com Anitta o hit Fica Tudo Bem, o cantor capixaba Silva, 30 anos, apresenta um disco cheio de "força, amor e sensibilidade", como o próprio define. Muito além do hit pop com a funkeira carioca, Brasileiro reúne músicas que exaltam a cultura de um país que “ouvi dizer, é lugar bem bom pra se morar”, como diz a letra de Brasil, Brasil. Caloroso e sempre sorridente, o artista passou por Salvador com seu show delicado e sensual que deu o que falar.

Indicação "bônus"

Thiago Trad - Moscote Ao escutar o primeiro disco solo do multi-instrumentista Thiago Trad (Bailinho de Quinta; Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta), o ouvinte é transportado para paisagens das mais diversas, como se escutasse a trilha sonora de um filme. Do sertão de Juazeiro ao deserto do Marrocos, passando pelas cachoeiras da Chapada Diamantina, a atmosfera experimental do álbum Moscote convida o público a embarcar em uma viagem sonora. Instrumental, o disco mistura jazz, música brasileira, contemporânea e faz outro convite: uma pausa para contemplar a magia dos sonhos.