Dez filmes nacionais da última década para assistir de graça

Coleção integra festival que começa quinta-feira (22); programe-se

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  • Laura Fernades

Publicado em 21 de abril de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Brasil produziu quase dois mil filmes de longa-metragem na última década, além de numerosos curtas que já ultrapassaram a marca dos dez mil títulos. Desse universo, 75 filmes estão disponíveis gratuitamente a partir desta quinta-feira (22), data de início do festival Cinema Brasileiro: Anos 2010, 10 Olhares. O evento segue em cartaz até o dia 30, no site www.10olhares.com e na plataforma do Belas Artes à La Carte.

Para quem não acompanhou a produção de perto, o CORREIO selecionou dez títulos que merecem atenção. Entre eles, A Batalha do Passinho (2012), de Emílio Domingos, Praia do Futuro (2014), de Karim Aïnouz, e Café com Canela (2017), de Ary Rosa e Glenda Nicácio. Mas o próprio leitor pode fazer sua curadoria diante dos 75 filmes que serão destacados pelo festival em debates e dez diferentes mostras.

Uma delas, chamada CachoeiraDoc, apresenta uma pequena coleção de filmes documentais surgidos nos últimos dez anos, mesmo período de atuação do festival CachoeiraDoc, criado em 2011 no Recôncavo baiano. “Era importante demarcar essa presença do evento que passou a ter uma importância muito grande no cinema brasileiro”, destaca o curador do festival Cinema Brasileiro: Anos 2010, Eduardo Valente.

Contemplado pela Lei Aldir Blanc, através do governo de São Paulo, o festival tem como preocupação “tornar os processos curatoriais menos centralizados em homens brancos, heteros, do Sudeste”. Por isso a diversidade de vozes curatoriais, que inclui as cineastas Amaranta Cesar e Ana Rosa Marques, da Bahia. “Pra gente era absolutamente essencial que a voz delas fosse ouvida junto com as outras”, justifica Eduardo.

A lista completa da produção dos longas brasileiros da última década também está disponível no site, mas antes que alguém reclame que não encontrou a exibição dos mais famosos, um aviso: muitas produções têm contrato de exibição exclusiva com plataformas de streaming. O volume de filmes disponíveis, porém, ilustra bem a força da produção independente que marcou a década. Prepare a pipoca e bom filme.

Destaques

A Batalha do Passinho (2012), de Emílio Domingos Mostra como a cultura do funk se expandiu pela internet, ganhando terreno e levando o clima dos bailes para além das comunidades periféricas do Rio de Janeiro. O fenômeno do Passinho do Menor virou hit.

Esse Amor que nos Consome (2012), de Allan Ribeiro    Vencedor de melhor montagem e melhor direção de arte no Festival de Brasília (2012) e melhor filme (júri jovem) no Panorama Internacional Coisa de Cinema, conta a história de Gatto e Barbot. Companheiros de vida há mais de 40 anos, eles ensaiam com sua companhia de dança em um casarão abandonado no Centro do Rio de Janeiro.

Praia do Futuro (2014), de Karim Aïnouz (Disponível on-line por 72 horas a partir das 12h do dia 24/04) Indicado ao Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim, drama com Wagner Moura conta a história de um salva-vidas que se atirar no mar para resgatar um alemão de olhos azuis que muda por completo sua vida.

Eu, Travesti? (2014), de Leandro Santos Curta-metragem que surgiu na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, mostra uma juventude brasileira negra, queer e feminista capaz de quebrar a hegemonia dos tradicionais sujeitos históricos da cinematografia brasileira.

Martírio (2016), de Vincent Carelli Melhor Documentário do 31º Festival Internacional de Cine de Mar del Plata, narra junto com os índios Guarani-Kaiowá o processo obstinado de retomada de terras desse povo, reconhecido pela sua força de resistência pacífica às violências históricas.

Café com Canela (2017), de Ary Rosa e Glenda Nicácio Vencedor de melhor roteiro, atriz (Valdinéia Soriano) e Júri Popular na 50ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, drama narra o encontro de Margarida, mulher que vive em São Félix isolada pela dor da perda do filho, e Violeta, que mora em Cachoeira entre adversidades e traumas do passado.

Travessia (2017), de Safira Moreira Num ensaio visual íntimo e poético, filme procura registros fotográficos de famílias negras. Enquanto explora histórias pessoais, gradualmente adota uma postura crítica em relação à estigmatização e quase ausência de retratos de pessoas negras.

Brasil S/A (2018), de Marcelo Pedroso Edilson vive do corte da cana-de-açúcar. Até que um dia as máquinas chegam e ele deixa a atividade para se engajar em sua primeira missão espacial. Drama com pitadas de comédia, critica as lógicas desenvolvimentistas industriais sustentadas pelo consumismo.

Casa (2019), de Letícia Simões (Disponível on-line por apenas 72 horas a partir de 0h do dia 28/04 até 0h do dia 30/04) Melhor filme no Festival de Cinema de Vitória, documentário trata da relação entre uma mãe e sua filha e resgata a história por meio de uma narrativa de construção da memória da família.

Diz a Ela que me Viu Chorar (2019), Maíra Bühler Vencedor do 8º Prêmio Olhar de Cinema de melhor filme e eleito melhor filme pela Associação de Críticos de Cinema do Uruguai, documentário aborda o programa de redução de danos com dependentes de crack prestes a ser extinto em São Paulo.