Diante de prisão de opositores, UE já estuda sanções contra Venezuela

A União Europeia rejeitou reconhecer os resultados das eleições de domingo e, nos bastidores, já começa a considerar sanções contra a Venezuela

Publicado em 1 de agosto de 2017 às 09:13

- Atualizado há um ano

A União Europeia elevou o tom de críticas contra o governo de Nicolás Maduro, ao avaliar que a prisão de opositores foi "um passo na direção errada", rejeitou reconhecer os resultados das eleições de domingo e, nos bastidores, já começa a considerar sanções contra a Venezuela.

Durante a madrugada, os líderes da oposição Leopoldo López e Antonio Ledezma foram detidos pelo governo, num gesto já condenado pelos europeus. "Há algumas semanas, comemoramos a transferência de Leopoldo López da prisão à detenção domiciliar", disse Catherine Ray, porta-voz de Relações Exteriores da Comissão Europeia. "Hoje, esse gesto foi um passo na direção errada", completou.

"Esperamos maiores informações por parte das autoridades da Venezuela sobre essa situação, que continua sem estar clara", insistiu.

Sobre as eleições que escolheu uma nova Assembleia Constituinte, a UE insiste que "não pode reconhecer o resultado como tal" e destacou que Bruxelas optou por adotar a mesma posição do Parlamento Europeu, que também se recusa a aceitar as leis criadas pela nova Assembleia. "Temos dúvidas sobre a validade do resultado", insistiu o bloco, num comunicado.

A UE já havia indicado que a nova Assembleia "não pode ser parte da solução" e que sua eleição ocorreu em meio à violência e "condições duvidosas".

Bruxelas pediu que Maduro "trabalhe de forma urgente para adotar medidas que construam a confiança para reduzir a tensão e impulsionar melhores condições para reiniciar os esforços em direção de uma solução pacífica e negociada".

SançõesEnquanto o discurso ganha um tom de alerta, nos bastidores os diplomatas da Comissão Europeia começam a trabalhar em cenários possíveis de aplicação de sanções. A sugestão foi inicialmente feita pela Espanha. Mas Bruxelas optou por esperar a eleição do fim de semana e ver a reação do governo Maduro.

Dentro da Comissão, porém, cresce a percepção de uma parte do bloco de que a resposta terá de ser mais dura que apenas discursos de condenação. Oficialmente, os porta-vozes da entidade se limitam a dizer que a chefe da diplomacia da Europa, Federica Mogherini, "está coordenando posições" com os 28 países do bloco sobre os próximos passos a serem tomados contra Maduro.

Nesta terça-feira (1º), a vice-secretária do Partido Popular, Andrea Levy, pediu que a Europa adote o mesmo caminho indicado pelos EUA e também aplique sanções contra a Venezuela. "Não é apenas que realizem eleições fraudulentas. Mas querem exterminar a oposição", alertou.