Dinheiro em contas na Suíça não é nada de mais, diz Eduardo Cunha

Deputado é alvo de processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara

Publicado em 7 de novembro de 2015 às 20:05

- Atualizado há um ano

Dinheiro em contas na Suíça não é nada de mais, diz Eduardo Cunha (Foto: EBC)Mais de um mês depois de vir à tona a informação de que ocultou um patrimônio milionário na Suíça, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reconheceu em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo sua ligação com as contas suspeitas de terem sido irrigadas com recursos desviados da Petrobras.

Alvo de processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara, ele disse que todo o dinheiro tem origem lícito, fruto de negócios que teria feito antes de entrar na vida pública, entre elas a venda de carne enlatada para o exterior e investimentos em ações. “Não tenho falha nenhuma”, afirma. “Sou inocente”.

Segundo ele, sua atuação no setor privado rendeu lucro entre US$ 2 milhões e US$ 2,5 milhões em dois anos. “[Tem] gente dizendo que tenho bilhão de dólar, que sou milhardário. Se você trabalha 48 meses e consegue obter com operações de lucro este montante, não é nada  de mais. Fazendo a coisa correta, óbvio”.

Sobre o 1,3 milhão de francos suíços que, segundo o Ministério Público, é fruto de desvio da Petrobras e que caiu em uma das suas contas, Cunha diz que desconhecia sua origem, admite que ficou sabendo do depósito em 2012 e que deixou o dinheiro parado todos esses anos, aguardando alguém reclamá-lo.

Cunha tentará convencer seus pares no Conselho de Ética de que não mentiu quando negou à CPI da Petrobras, em março, ter “qualquer tipo de conta” fora do país. Seu argumento é que o dinheiro era movimentado por “trusts”, entidades jurídicas organizadas para administrar seu patrimônio no exterior. Mesmo sendo investidor e beneficiário dos “trusts”, ele diz que não é seu dono.

Enquanto isso,  a Suíça rejeitou recurso impetrado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que visava anular o ato de cooperação que autorizou envio das provas de existência das contas secretas naquele país e torná-las inválidas perante a Justiça brasileira.

Como não há possibilidade de recurso, a decisão enterra a possibilidade do congressista obter, pela via judicial suíça, paralisação do inquérito que corre no STF, em Brasília. A derrota de Cunha ocorreu no Tribunal Penal Federal, instância superior para julgamento de causas envolvendo cooperação internacional em matéria penal.  

No mês passado, o Ministério Público da Suíça confirmou a existência de quatro contas secretas no banco Julius Bär com US$ 2,4 francos suíços (R$ 9,6 milhões), controladas por Cunha e sua mulher, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz.