Diretor de documentário sobre audiodescrição busca apoio para finalizar obra

Com o título "Audiodescrição para além do olhar", filme aborda cadeia de produção desse recurso de acessibilidade para pessoas cegas ou com baixa visão

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  • Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2020 às 18:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para quebrar barreiras é necessário promover a inclusão de todos. Nesse sentido, os produtos culturais devem ser acessíveis para Pessoas com Deficiência. Movido pela urgência para ampliar o acesso à cultura, o jornalista e consultor em audiodescrição, Ednilson Sacramento, produz o documentário “Audiodescrição para além do olhar”, que aborda este recurso de acessibilidade. A obra está nas fases finais de produção e o autor e diretor criou uma campanha para arrecadar recursos e poder finalizar o processo. 

O documentário busca explicar como funciona a cadeia de produção da audiodescrição para a cultura com base em entrevistas com especialistas, locutores, roteiristas e pessoas com deficiência.  “É como se fosse uma espécie de guia para que os atores da cultura saibam como funciona o recurso e como se dá essa cadeia produtiva”, explicou Ednilson Sacramento, que também é cego.

O objetivo é que o documentário, iniciado no final de 2018, esteja pronto na segunda quinzena de novembro. Até lá, é necessário realizar a edição do material coletado por Ednilson. A ideia inicial era buscar a captação de recursos por meio de editais, o que foi impossibilitado pela pandemia, explica Ednilson. Sendo assim, surgiu a ideia da colaboração coletiva. O orçamento necessário é de R$ 16 mil.

“Passada a fase da captação de imagens e realização das entrevistas, estou fazendo a pesquisa de imagem e antropológica. Esse foi um investimento que eu fiz do próprio bolso, mas os recursos acabaram e a parte da edição, com a montagem, trilha sonora, por exemplo, é pesada. O projeto ficou parado por cerca de 5 meses devido à pandemia, mas resolvi retomar com a ajuda de amigos e com a campanha da contribuição para o documentário”, disse o diretor e autor.

Na cultura, a audiodescrição permite que pessoas cegas ou com baixa visão compreendam um produto por completo ao fazer a descrição do aspecto imagético de uma produção. Em uma cena de um filme em que uma carro estaciona em um restaurante e o motorista salta do veículo para entrar no estabelecimento, por exemplo, uma voz iria descrever o que era mostrado por estas imagens. O recurso pode ser usado em outras áreas, como na educação.

A inclusão da acessibilidade é prevista em lei, explica o jornalista, mas a norma ainda é pouco seguida, em especial foram dos grandes centros do sul e sudeste. "Existem iniciativas muito incipientes em relação a isso. Todos os produtos de audiovisual financiados pelo governo são obrigados a trazer recursos de acessibilidade, mas nós temos esse direito negado", afirmou.

Além da necessidade de inclusão das pessoas com deficiência na cultura, a vontade de trabalhar com a cultura também motivou a realização da obra cinematográfica.

“Acho que a linguagem audiovisual concentra muita sensorialidade. Minha vontade de  trazer esse tema para um filme é permitir que as pessoas cegas possam usufruir a obra em condições de igualdade de condições para pessoas não cegas. Esta obra atende a necessidade de compartilhar o conhecimento para atender pessoas que estão há muito tempo na margem dos processos de produção cultural”, explicou sobre o ímpeto de produzir o documentário.

ColaboreConta: 115700-0Agência: 1803-1 do Banco do BrasilEm nome de José E. A. Sacramento CPF: 226.384.825-87

*Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco