Disco com músicas inéditas de Luiz Gonzaga foi lançado por Gereba em 2012

Luas do Gonzaga reúne valsas, sambas e choros do artista e tem participação de artistas como Gilberto Gil, Dominguinhos e Fagner

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 24 de junho de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

O cantor baiano Gereba recebeu a missão de Gonzagão de gravar uma seleção de canções inéditas (Foto:divulgação)No ano de 1985, o baiano Gereba recebeu uma missão. Uma missão irrecusável, até porque a ordem vinha do mestre. Luiz Gonzaga o chamou em sua casa, em Exu, para onde tinha retornado no final da carreira. Queria mostrar-lhe uma relíquia. Aliás, várias relíquias. Eram diversos discos prontos de músicas inéditas compostas por ele entre 1941 e 1953. Dois detalhes: não eram forrós que Luiz havia gravado, mas sambas, choros e valsas. Além disso, eram gravações instrumentais dedicadas às mulheres.“Ele olhou para a prateleira, subiu num banco e começou a puxar uma por uma: ‘Aqui é Mara. Essa é Marieta. Verônica. Wanda’. Foi dizendo só nome de mulher. Cada disco era dedicado a uma mulher, entendeu? Não pude nem ouvir na hora. Eram discos com 78 rotações e não tinha aparelho para rodar”, lembra Gereba.Luiz Gonzaga queria mesmo era mostrar que não tocava só forró, como as gravadoras exigiam. “Ele mostrou aquilo e disse que eu teria que mostrar ao Brasil que Luiz Gonzaga não era aquela coisa rotulada. Disse a ele que não tinha dinheiro. E ele falou: ‘Você vai fazer’. Topei”. Gereba guardou aquilo por anos e, aos poucos, foi pedindo para compositores botarem letras em cima das músicas.Em 2012, no centenário de Luiz Gonzaga, lançou a pérola. O disco Luas do Gonzaga tem participações de artistas como Gilberto Gil, Dominguinhos, Elba Ramalho, Jair Rodrigues, Fagner, Zeca Baleiro, Lenine, Targino Gondim, Margareth, Jussara Silveira, Dominguinhos, Adelmario Coelho, Flávio Venturini, Jorge Vercilo. “É um puta disco. Tem orquestra, gravamos em seis estados. Só com Dominguinhos tem cinco faixas”. Gereba acredita que um dia o trabalho será reconhecido. “A família não deu muita atenção, sequer me convidou para o centenário. Mas não tem problema. Essas coisas a gente vai fazendo e vai ficando à margem. Mas jamais deixaria de registrar. É histórico e um dia será reconhecido”, diz Gereba, que vende o disco no boca a boca. Ou, como ele prefere, no “mão a mão”. “Tô sempre com ele em mãos. Já vendi uns 4 mil”.