Diva que anda nas ruas: “Se Watusi não existisse, teríamos de inventá-la”

Por Flávia Azevedo

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Publicado em 31 de agosto de 2018 às 05:00

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Watusi em Eu Vou Tirar Você Dese Lugar (foto: Sergio Martins) Quando o musical Eu vou tirar você deste lugar - As canções de Odair José desembarcar em Salvador, na próxima sexta, trará, junto com ele, a primeira vedete negra a pisar no palco da Moulin Rouge. Watusi: este é o nome que, de 1978 a 1982, esteve destacado, em néon, na fachada da histórica casa de shows de Paris.

Maria Alice Conceição nasceu em Niterói (RJ). Cedo, viveu o drama de perder a mãe e, três dias depois, ter um dos cinco irmãos assassinado. Em 1968, no entanto, na TV Globo, começou a construção da diva que interpreta canções em cinco idiomas e afirma ter nascido predestinada aos holofotes. Um percurso que envolveu programas de tevê, fotos para pôsteres e cinco anos viajando por inúmeros países com a companhia Ballet Braziliana até que se tornasse, em Paris, a vedete mais bem paga de toda a Europa.

“Se Watusi não existisse, teríamos de inventá-la", escreveram no jornal Diário de Barcelona, certa vez. Foi aclamada por personalidades como Silvester Stallone, Rachel Welch e Yves Montand. "Glamour, esta palavra sempre me acompanhou. Do Moulin Rouge até hoje. Mesmo não estando na mídia como antes, as pessoas param para ver Watusi", observa a diva sem falsa modéstia e com a mesma naturalidade que diz gostar de andar nas ruas de forma simples, como "uma pessoa comum". Em seguida, titubeia com um "bem, eu sou uma pessoa comum" que soa divertido na voz da autora de tantas peripécias. Um mulherão que chegou a muitos lugares e acabou despertando a paixão do ator Robert De Niro. Dizem que ele vinha ao Rio de Janeiro, anonimamente, para namorá-la. Voltou ao Brasil em 1983 ocupando, por 12 anos (de 1983 a 1995), a boate Scala, recém inaugurada por Chico Recarey, no Rio de Janeiro. Nessa que ficou conhecida como a maior casa de espetáculos da América Latina, se apresentou 1500 dias seguidos e espera entrar no Guiness por esse feito. Nunca faltou ao show Golden Rio no qual contracenava com Grande Othelo. A diva já lançou três discos e até hoje viaja cantando com o show Abraço Musical, pelo Brasil e exterior.

Convidada pelo diretor Sérgio Maggio para integrar o elenco do musical, teve dúvidas pelo fato de não ser atriz. Pouco depois, convencida por ele, se jogou de corpo e alma na composição da personagem China, uma cafetina da sociedade paulistana. "China tem uma relação divertida com o mundo das vedetes, seu humor é parecido comigo e canta temas belíssimos do Odair José. Estou completamente entregue ao trabalho”, diz uma Watusi cheia de gás, anunciando, por telefone, que daqui a pouco chega para o público baiano e que está doida pra comer acarajé. SOBRE O MUSICAL:

Depois de 100 sessões em quatro capitais (Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro) e cidades do DF, para público de mais de 22 mil espectadores, o musical Eu vou tirar você deste lugar – As canções de Odair José chega a Salvador, com três sessões (próximos dias 7, 8 e 9) a preço popular (R$ 20 e R$ 10 – meia), no Teatro Sesc Casa do Comércio (Av Tancredo Neves, 1109 – Pituba).

O espetáculo traz temas de um dos maiores ídolos da canção romântica e popular brasileira dos anos 70. A partir de um roteiro inédito e ficcional, 20 canções (de um repertório que beira 400 músicas) costuram uma narrativa não-biográfica, que teve roteiro musical supervisionado pelo próprio Odair José. Em 2017, foi eleito pelo portal especializado Musical Cast (SP), como um dos 10 melhores musicais brasileiros produzidos neste século. A dramaturgia e a direção são do baiano Sérgio Maggio.