Diversidade étnico-racial nas organizações

Salomão Santana é coordenador da Unijorge e Leomar Borges é assessor da Secretaria da Reparação

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  • Da Redação

Publicado em 20 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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As desigualdades históricas, fruto da escravização, criminalização, baixo acesso à educação formal e poucas oportunidades são fatores que estão por trás das grandes disparidades enfrentadas pelos negros ao longo dos tempos. Dados estatísticos comprovam essas desigualdades. Em 2016, o Instituto Ethos lançou uma pesquisa realizada nas 500 maiores empresas do Brasil. No quesito racial, foi verificado que somente 6,3% e 4,7% dos cargos de diretoria e gerência são ocupados por negros, respectivamente. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre de 2018, a taxa de desemprego permaneceu maior entre pretos e pardos (somados formam os negros), chegando a 64,3% dos desempregados. O Selo da Diversidade Étnico-Racial, da Prefeitura Municipal do Salvador e realizado pela Secretaria Municipal da Reparação (Semur), reconhece publicamente as iniciativas de promoção da equidade racial nas organizações soteropolitanas. Para obter este Selo, as organizações comprometem-se a combater o racismo, promover reflexão e gerar oportunidades de inclusão, qualificação e ascensão à comunidade negra. Entretanto, essa iniciativa não pode repousar apenas no olhar corporativo. As instituições de ensino devem promover diferentes reflexões nas comunidades corporativas e  acadêmicas. A concessão do Selo para o Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge) contribuiu de forma significativa para ampliação da reflexão acerca da equidade racial, expandindo a pauta na instituição para diferentes campos, além de figurar nas propostas pedagógicas. É essencial promover experiências memoráveis para construção de conhecimento alicerçado na equidade racial, tolerância e harmonia. A Unijorge desenvolve ações contínuas visando promover as mudanças de consciência de forma progressiva. O tema é abordado em peças de comunicação e em diferentes eventos, a exemplo da palestra intitulada O Significado da África no Brasil, proferida pelo professor Olabiyi Yai, do Benin, a Feira de Empreendedorismo Social Afro- Brasileiro e a Viagem Guiada ao Benin. Todas essas ações são fruto da aula magna de 2017, oportunidade em que a ex-consulesa da França Alexandra Loras abordou as diferentes formas de desigualdades contra as mulheres, em particular, as negras. Se faz mister pensar novas formas de inclusão e reparação, pois é sabido que diferentes pensamentos, experiências e estilos de vida influenciam na inovação, criatividade e no desempenho das organizações, propiciando maior produtividade, autonomia  e qualidade de vida. Salomão Santana é coordenador do Núcleo de Responsabilidade Social da Unijorge; Leomar Borges é assessor da Secretaria da Reparação do Município de Salvador