Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz discutem racismo pelas lentes do feminismo no TCA

Pensadoras são convidadas da última edição do Fronteiras do Pensamento, nesta terça (1º)

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  • Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2019 às 06:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgalção

Uma das escritoras mais vendidas do Brasil atualmente, Djamila Ribeiro é atração da última edição da temporada 2019 do projeto Fronteiras do Pensamento, que acontece amanhã (1º), às 20h30, no Teatro Castro Alves. Ao lado dela, a historiadora Lilia Schwarcz. Juntas, as duas discutirão a dimensão estrutural das desigualdades postas na sociedade brasileira contemporânea. “O sistema escravocrata nos legou uma situação perversa que vem sendo recriada, na nossa contemporaneidade, por um perverso racismo estrutural e institucional. Não teremos uma república enquanto admitirmos o racismo”, argumenta a autora de Sobre o Autoritarismo Brasileiro - seu mais recente livro, lançado em maio pela Companhia das Letras.  Recorrendo a uma ampla reunião de dados estatísticos, Lilia Schwarcz tenta compreender na obra os elementos que dificultam a elaboração de uma agenda mais justa e igualitária no país, contestando inclusive a mitologia nacional de que o brasileiro é tolerante, aberto, pacífico e acolhedor. “Nosso presente anda assombrado pelo passado. No Brasil de hoje em dia não basta dizer que não se é racista, é preciso ser antirracista”, alerta, ao lembrar mais uma vez dos problemas decorrentes da colonização e escravidão. Feminismo Djamila também avaliará como a perspectiva histórica e estrutural das desigualdades postas na sociedade brasileira implicam numa constante deslegitimação dos saberes elaborados por mulheres, especialmente mulheres negras, dentro e fora da academia. Com o sucesso do seu trabalho medido em partes pela procura a títulos como Quem Tem Medo do Feminismo Negro? (Companhia das Letras) e O Que É Lugar de Fala (Letramento), a filósofa também viu crescer as disputas em torno de termos que a militância tem pautado. Lugar de fala, por exemplo, tem sido confudido com interdição, silenciamento. “Lugar de fala é a compreensão de que todo mundo fala de algum lugar, a partir de determinadas experiências e pontos de partida. O homem branco heterossexual ainda é visto como como algo universal”, destaca. Para Djamila, o empoderamento dos movimentos negro e feminista é resultado de um trabalho histórico, que vai ganhando mais relevância à medida que as pessoas adquirem mais consciência social. Ana Laura Sivieri, que lidera o marketing da Braskem, lembra que difundir as reflexões feitas por grandes pensadores e palestrantes nacionais e internacionais sempre foi um propósito do Fronteiras do Pensamento, que há treze anos acontece em Porto Alegre, São Paulo e em Salvador - a capital baiana foi a última a receber o projeto, e teve sua primeira edição em 2008. “A Braskem tem um compromisso com a sociedade, e entende que é preciso caminhar junto em direção aos avanços que existem. Temos projetos com fundo social, trabalhos desenvolvidos junto às comunidades, mas também queremos trazer novos olhares, fazer circular esse conhecimento, e esse é o propósito deste projeto”, resume. As edições anteriores da temporada 2019, com o jornalista e escritor cubano Leonardo Padura e com o filósofo francês Pierre Lévy, na cidade tiveram ingressos esgotados. “Esse ano lançamos o passaporte, que permitiu que as pessoas comprassem ingressos para as três edições. Tivemos um retorno bom com essa estratégia, que também permite que o público conheça outras pessoas”, explica Sivieri.  O fato de duas mulheres, brasileiras, encerrarem a temporada 2019 é elencado como outro ponto positivo. “Há uma predominância de autores internacionais, mesmo porque eles são mais difíceis de virem ao país, e essa uma missão nossa, mas também damos destaques a nomes nacionais. Ano passado, a Fernanda Torres e o Vik Muniz abriram a temporada em São Paulo. A Lilia Shwarcz também fez uma fala muito impactante sobr a história do Brasil, e a gente queria muito levar esse tema para a Bahia. Assim, como já era um desejo levar a Djamila. É uma dupla muito interessante, estou bastante ansiosa, especialmente porque será muito importante para nós, mulheres”, finaliza Sivieri. Em outubro, Lilia Schwarcz participa da abertura da Festa Literária Internacional da Cachoeira (Flica). Intitulada Cartografias do Brasil Contemporâneo,  a mesa acontece no dia 24, às 15h, e será composta pela jornalista e escritora Eliana Alves Cruz, com mediação de Zulu Araújo.