Djavan canta o amor, a natureza e a política em Vesúvio; ouça

O 24º álbum de inéditas de um dos maiores nomes da MPB foi lançado nesta sexta (23)

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  • Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 13:20

- Atualizado há um ano

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Djavan lançou nesta sexta-feira (23) o 24º álbum de inéditas da carreira, Vesúvio. O disco chega com uma boa prévia, já que em setembro o artista divulgou nas plataformas digitais a faixa Solitude, uma das melhores do álbum e que promete, ao lado da canção-título, tornar a obra perene, por mais que conectada de forma intensa ao momento político que o Brasil e o mundo enfrentam. 

Outra música que foi divulgada há cerca de um mês é Cedo ou Tarde, em que se faz nítido o sentimento de perplexidade frente ao ódio. No entanto, Vesúvio e Solitude, as duas primeiras do álbum, são mesmo as que cativam o ouvinte de cara.

A primeira fascina pela melodia, que remete ao movimento das ondas do mar e da erupção de um vulcão. "Todo mar tem onda". A frase repetida algumas vezes nos lembra da fluidez, das constâncias e da aparição súbita de certos acontecimentos, como o amor. "O sol é de ouro, o sol cai no mar e a onda é de ouro", ele segue dizendo, numa cadência "djavânica", cuja existência é reafirmada nesse álbum de apelo pop.

Em Solitude, Djavan fala de um mundo louco, que evolui aos poucos, pela contramão."O erro invade/ Tudo que é cidade/ Cai na imensidão/ Guerra vende armas/ Mantém cargos/ Destrói sonhos/ Tudo de uma vez/ Sensatez não tem vez", dizem os versos. A música mantém o tom esperançoso. Se parece tarde falar de amizade e ver com o coração, Djavan nos mostra estendendo a mão-música que a hora de fazer é mesmo agora. Solitude é canção de aparente simplicidade que embute a complexidade harmônica que pauta a obra singular do compositor.

"Estamos vivendo um momento de grande incerteza no Brasil e no mundo. Tudo é complexo, confuso e nebuloso. Estou apreensivo com o futuro. Todas as possibilidades são complicadas", diz Djavan em texto enviado àimprensa sobre a faixa.

A capa do álbum também tem sua parcela de contribuição nessa conquista. Nela, Djavan aparece com o corpo pintado de uma tinta preta metalizada e de dourado, fazendo uma referência explícita ao magma do vulcão. Um belíssimo cartão de visitas à escuta.

O assombro frente a tempos sombrios não torna Vesúvio sombrio. Muito pelo contrário. A natureza solar, quente e luminosa de Djavan está lá, em uma série de recorrentes imagens que mostram uma natureza  avassaladora. Avassalador também é o amor, que continua a conduzir a obra do artista, que  como ser político, não se furtou de discutir os descaminhos que a humanidade tem tomado.  (Foto: Reprodução) Falando em amor, Djavan registra o seu amor pelas orquídeas na faixa Orquídea, em que cita o nome em latim de mais de 15 espécies da planta. Ele é dono de um jardim, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, com mais de 800 delas. 

Já Dores Gris é uma música de amor bem ao estilo Djavan. O tema é recorrente na discografia do músico, que já disse ser esse um desafio "extremamente instigante para quem escreve". Nela, ele entoa que a "a poesia quanto mais límpida mais ganha vida". E a vida e a poesia pulsam, mais uma vez, em Vesúvio. Dentre as muito românticas, estão ainda Madressilva, Entre Outras Mil, Um Quase Amor, Meu Romance - esta última com uma versão em espanhol escrita por Jorge Drexler e cantada por Djavan ao lado do cantor uruguaio.

Para conseguir a sonoridade que desejava, Djavan apresenta uma nova banda composta por velhos companheiros como o guitarrista Torcuato Mariano e os pianistas Paulo Calasans e Renato Fonseca, e dois músicos novos, justamente o baixista, Arthur de Palla, e o baterista, Felipe Alves, uma cozinha com um suingue ainda mais pop para a sua nova safra de canções. É este grupo que o acompanha em toda as canções do disco que deve segui-lo na turnê mundial que se inicia ano que vem.

Ouça o álbum completo: