Doc Sou Carnaval tem virtudes técnicas, mas muitos clichês

Documentário é dirigido por Marcio Cavalcante, de Bahêa Minha Vida

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  • Roberto Midlej

Publicado em 24 de janeiro de 2019 às 14:00

- Atualizado há um ano

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A ideia é boa: o Carnaval baiano contando a sua história em primeira pessoa, em meio a  imagens de arquivo e flagrantes das festas recentes. E, para completar, a “voz” do Carnaval é de João Miguel, competente ator baiano.

O documentário Sou Carnaval de São Salvador, dirigido por Marcio Cavalcante (Bahêa Minha Vida/2009), ainda tem outra virtude: tecnicamente, é louvável. Som bacana, trilha sonora empolgante e uma fotografia bastante competente, embora às vezes abuse um pouco dos velhos clichês da Bahia. 

E aí, talvez, comecem os maiores problemas do filme. O longa parece uma peça publicitária dessas encomendadas por órgãos de turismo que querem “vender” o Carnaval mundo afora. Nada muito diferente das vinhetas de Verão que costumamos ver na TV, aos montes.

Os depoimentos dos foliões são óbvios e tem até o famoso “baiano não nasce: estreia”. É a desgastada ideia de que a Bahia é a terra da felicidade. Mas a gente sabe que não é bem assim. Se quer ver algo que realmente mostra o lado mais real da Bahia - excludente, preconceituosa e violenta -, fique com outro documentário baiano: Sem Descanso (2018), de Bernard Attal, sobre o caso Giovane, o jovem arbitrariamente executado pela PM em 2014.