Dois jornalistas são mortos em Rondônia e Goiás em pouco mais de 24 horas

Há indícios de que ambas mortes estão ligadas a profissão dos jornalistas

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 19:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Em pouco mai de 24 horas os jornalistas Ueliton Brizon e Jefferson Pureza foram assassinados. Os dois casos estão sendo apurados por uma equipe da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) através do Programa Tim Lopes, lançado em junho do ano passado para investigar a fundo os casos de homicídio, sequestro ou tentativa de homicídio contra comunicadores.

O primeiro crime aconteceu na manhã da última terça-feira (16), quando Ueliton foi baleado quatro vezes em Cacoal, Rondônia. Ele estava com a esposa em uma moto quando foi atingido pelos disparos feitos por outro motociclista. Ele tinha 35 anos, chegou a ser socorrido com vida, mas morreu ao dar entrada no hospital.

Ueliton era proprietário e editor do Jornal de Rondônia, e também presidente municipal do Partido Humanista da Solidariedade (PHS) e suplente de vereador na Câmara de Cacoal.

Já Jefferson levou três tiros na cabeça, na noite de quarta (17) em Edealina, Goiás. O jornalista estava deitado na garagem de sua casa quando dois suspeitos em uma moto atiraram. A sogra e a namorada, que está grávida de 4 meses, estavam dentro da casa e não foram atingidas.

Jefferson apresentava o programa “A Voz do Povo”, na rádio local Beira Rio FM. Nele, Pureza cobria irregularidades e fazia críticas políticas, especialmente em relação à gestão do atual prefeito, Winicius Arantes de Miranda, segundo a diretora e o produtor da rádio.

Pureza já havia comunicado formalmente à polícia estar sofrendo ameaças de morte com frequência. A rádio Beira Rio FM estava fechada desde novembro do ano passado, quando sua sede foi incendiada pela segunda vez. A rádio voltaria a funcionar em cerca de 15 dias.

Ambos os casos estão sendo investigados pela Polícia Civil, que ainda não tem informações sobre as autorias e motivações. 

Em nota, a Abraji condenou os dois assassinatos. "Há indícios de que ambas mortes estão ligadas ao exercício da profissão, o que faz dos crimes atentados à liberdade de imprensa", diz a nota.

A associação também cobrou dos governos de Rondônia e Goiás resposta enérgica para investigar os homicídios o mais rápido possível. "A impunidade em crimes contra comunicadores é a senha para novos ataques e representa o início de um círculo vicioso de auto-censura. Esclarecer esses crimes é posicionar-se em favor da liberdade de expressão e da democracia", completa.