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Dois são presos em protesto por morte de morador em Campinas de Pirajá


 

Polícia usou bomba de feito moral e manifestantes revidaram atirando objetos

  • Da Redação

Publicado em 17/10/2017 às 14:34:22
Atualizado em 17/04/2023 às 16:16:06
. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

Alguns objetos foram queimados durante o protesto  (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Duas pessoas foram presas durante uma manifestação na tarde desta terça-feira (17), no bairro de Campinas de Pirajá, em Salvador. Segundo informações da Polícia Militar, Davi Andrade Pereira dos Santos, 23 anos, e Érico da Silva atiraram objetos contra policiais da 9ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Pirajá), que acompanhavam o protesto, realizado no acesso à Estação Pirajá, próximo à Profilurb. Os dois acusados prestaram depoimentos e foram liberados no final do dia. Eles devem responder por dano ao patrimônio público e desacato à autoridade. 

A PM informou que a manifestação foi motivada pela morte do morador Wederson Iuri Sena de Andrade, 21 anos, no último domingo (15), por volta das 18h. Manifestantes acusam policiais de estarem envolvidos na morte do rapaz. Ele chegou a ser levado para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu.

A polícia usou uma bomba de efeito moral para conter os manifestantes e, por isso, segundo Nafé Chico Vanderlei, presidente da Associação de Moradores de Pirajá, os manifestantes revidaram atirando objetos contra os policiais.

Durante a manifestação, 50 pessoas bloquearam a Estrada de Campinas com objetos e atearam fogo, segundo informações do Centro Integrado de Comunicação (Cicom). O acesso à Estação Pirajá e ao bairro de São Caetano ficou bloqueado por cerca de uma hora. Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi até o local para conter as chamas. 

Após a prisão dos dois manifestantes, o protesto foi encerrado por volta das 14h20. As duas pessoas foram conduzidas para a 4ª Delegacia (São Caetano). Segundo a Transalvador, o trânsito continuou lento no local, e a Limpurb foi acionada para limpar a via.

Abordagem da PM Depois da manifestação, os PMs realizaram abordagens nos moradores da região  (Foto: Almiro Lopes/CORREIO)   Segundo informações do vice-presidente da Associação de Moradores de Pirajá, Edeílson Rodrigues, Wederson estava na rua quando foi abordado por policiais do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto) da 9ª CIPM, no final da tarde de domingo. Em seguida, os policiais teriam mandado ele correr e atiraram em direção ao jovem. Ele foi atingido três vezes, segundo Edeílson."A polícia entra achando que todo mundo na favela é vagabundo, mas tem muita gente de bem na favela", disse Edeílson."A comunidade toda se mobilizou porque Iuri era um menino de bem, era artilheiro do time daqui. A gente fez o protesto para chamar a atenção do poder público sobre a atuação da polícia dentro dos bairros mais pobres", completou o presidente da associação de moradores.

 Wederson Iuri Sena de Andrade foi morto no último domingo (Foto: divulgação) O comandante da 9ª CIPM, major José Barros, afirmou que nenhum morador foi até a companhia para denunciar os policiais pela ação do domingo. "Nós fomos supreendidos no início da tarde com a manifestação, que a motivação era a denúncia contra ação de policiais nossos da 9ª CIPM, que moradores da comunidade atribuíam a morte de um cidadão no Hospital do Subúrbio", disse o comandante.

Ainda de acordo com o major, no domingo os policiais foram acionados após uma denúncia de um tiroteio na área. Ao chegarem ao local, eles fizeram rondas, mas não encontraram nada, nem ninguém ferido. 

"Já tem uma outra versão de que vários elementos teriam executado a vítima e fugido. As guarnições fizeram a varredura no território, mas não localizou nenhum ferido. Posteriormente é que teve a informação de que uma pessoa baleada teria evoluído a óbito no Subúrbio", completou o major.

Em nota, a PM afirmou que "não há registro de envolvimento de policiais militares na ocorrência, contudo o comando da 9ª CIPM irá instaurar uma sindicância para apurar a denúncia e irá ouvir os familiares da vítima para saber o que efetivamente aconteceu".